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Estado de Minas COLUNA

Economia se recupera e alimenta a 'inflação nossa de cada dia''

Valorização de preços de alimentos básicos e minerais cotados no exterior, dos quais o Brasil é grande fornecedor, impulsiona alta do custo de vida no país


06/07/2021 04:00 - atualizado 06/07/2021 07:29

Aumento dos preços das commodities influencia produtos em cadeia na indústria e no comércio, chegando ao bolso da população(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 12/3/21)
Aumento dos preços das commodities influencia produtos em cadeia na indústria e no comércio, chegando ao bolso da população (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 12/3/21)

Depois de amanhã, o Brasil ficará sabendo como se comportou a inflação em junho. O IBGE vai divulgar nesta quinta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Não se esperam boas notícias.  Pelo contrário, a melhor das expectativas é a de que tenha ocorrido uma elevação média dos preços entre 0,65% e 0,75%. Isso representaria queda em relação ao aumento de 0,83% registrado em maio.
 
Mas a permanência de alguns dos fatores que mais têm impulsionado a atual onda de alta de preços no Brasil não autoriza otimismo. Trata-se do impacto da valorização das commodities brasileiras exportáveis – grãos, carnes, minério de ferro e semiacabados de ferro e aço. Além disso, temos o efeito das oscilações do câmbio – hoje menos pressionado, mais ainda em patamar elevado – sobre produtos importados.
 
A retomada das economias de maior peso no mundo tem gerado o aquecimento desses mercados. Um exemplo é a cotação do minério de ferro no mercado livre que, ontem, abriu a semana a US$ 221 a tonelada. Representa aumento de 1,8% em relação aos preços pagos na semana passada e indica que as importações (principalmente das aciarias chinesas) continuam indo além dos volumes já contratados.
 
Bem mais do que pode pensar o consumidor brasileiro, isso tem a ver com a inflação nossa de cada dia. Afinal, o minério está na base de toda a cadeia produtiva de aços planos e longos. Os primeiros vão para os automóveis e eletrodomésticos; os outros para os vergalhões usados na construção civil e para toda sorte de arames, pregos e parafusos, só para citar os mais comuns.
 
À nossa volta, em casa, na rua, na escola, no restaurante, em qualquer lugar, é quase impossível não percebermos a presença do minério de ferro transformado em aço ou ferro. E ainda tem gente que não compreende a importância da mineração para a vida moderna e menos ainda percebe seu peso no custo da fabricação de uma infinidade de produtos que fazem parte do nosso dia-a-dia.
 
O minério é só uma das commodities exportáveis do Brasil e sequer é a mais importante. Mas é ele e os produtos da agropecuária que têm garantido mais da metade de nossa pauta de exportações. Isso tem a vantagem, mas também o preço de colocar nossa economia no mercado internacional, com tudo que isso significa de ganhos e perdas, de bonanças e retrações.
 
Não é, portanto, sem motivo que os agentes do mercado financeiro – obrigados a estimar o quanto devem cobrar por um empréstimo de 12, 24 ou mais meses – vislumbram índices de inflação para este e o próximo ano muito além das metas definidas com três anos de antecipação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Juros baixos

Com base na curva declinante dos últimos três anos e tendo em vista calibrar a política monetária em busca de nivelar a inflação brasileira à dos países mais desenvolvidos, o CMN definiu a meta para 2021 em 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2022, o centro da meta é 3,50%, o mesmo centro mantido para 2023. E, confirmando o otimismo, baixou essa taxa para 3% em 2024.
 
Não é ruim ter metas ambiciosas. É positivo sinalizar aos agentes econômicos o compromisso de manter a inflação sob controle severo. Por trás, ou em paralelo a essa intenção, esses mesmos agentes teriam de perceber um outro compromisso tão ou mais importante: o de manter as contas públicas em equilíbrio.
 
Mas, partindo de um quadro de endividamento elevado e passando por uma dramática pandemia, o risco que se corre em manter tais metas é o de arranhar a confiança de que elas serão alcançadas. Afinal, ainda estamos longe de cumprir uma agenda de reformas que tornem o Estado menos caro e tampouco contamos com forças políticas realmente empenhadas nesta tarefa.
 

Juros altos

A soma de um custo Brasil menor com uma produtividade maior da economia é que vai nos garantir competitividade além das commodities e desenvolvimento social sustentável. Nada disso virá sem as reformas estruturais, incluindo a reestruturação da política e da educação.
 
Não há, por enquanto, como esperar outra coisa além de mais inflação e a aplicação do ainda único instrumento de que dispomos para combatê-la: a política monetária menos frouxa. A essa altura, parece perda de tempo discutir se o Banco Central errou ao baixar os juros básicos ao patamar mais baixo da história recente. Era preciso e conveniente dar estímulo aos negócios, afinal, a inflação estava baixa e o emprego mais baixo ainda.

Mas, aos primeiros sinais de que a inflação viria na fase final da
pandemia, a autoridade monetária já poderia ter revisto a taxa Selic. Agora, está sendo levado a acelerar o processo. Este mês não há previsão de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mas o que se espera para o dia 4 de agosto é mais um ajuste da taxa básica em pelo menos 1 ponto percentual. Se o aperto monetário é o que resta fazer, não parece prudente deixar de aplicá-lo.

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