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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Onde ficam nossas lembranças?

Quanto mais antiga a foto,mais nos surpreendemos


postado em 11/08/2019 04:00 / atualizado em 10/08/2019 22:47

(foto: pixabay/divulgação)
(foto: pixabay/divulgação)

 
 
A fotografia não esteve muito presente em minha vida durante muito tempo. O filme era caro, a revelação também. Fotografávamos poucos momentos, os mais importantes ou significativos. A foto mais antiga que tenho entre meus guardados é no colo de meus avós paternos quando eu tinha quase dois anos de idade. Minha cara de bebê, nem consigo imaginar como era.
 
Quando criança apareço sempre de óculos que me valeu muita raiva. Segundo minha mãe, eu não perdia a oportunidade de me sentar sobre eles na vã tentativa de quebrá-los. Não era capaz de compreender que eles, juntamente com os tratamentos a que foi submetida na época e dos quais não me lembro, seriam os responsáveis pela cura de meu estrabismo.
 
Não tenho sequer uma foto de meu casamento no civil e da recepção que demos após a pequena cerimônia religiosa da qual participaram apenas nossos parentes mais próximos. Um amigo, na época tentando ser fotografo, havia prometido fazer as fotos para nós. Ele foi à festa, mas a câmara fotográfica não sei onde deixou. Acho que nem ele sabia. Do religioso, temos duas fotos p&b que algum parente tirou e nos cedeu. Mas convivemos bem com isso, tanto que já virou até piada entre nós.
 
Fotografamos nossos filhos bem mais do que fomos fotografados pelos nossos pais. Época de fotos mais em conta, mas ainda assim passamos longe das famílias que não perdem a oportunidade de fotografar e filmar absolutamente tudo o que fazem seus rebentos. Imagine organizar tudo isso? Confesso que me dá preguiça. As minhas fotos, ou melhor as que revelamos (o que não temos feito há um bom tempo), ficam num armário. Muito de vez em quando remexo-as a procura de algo especifico e me delicio no meio de minhas memórias. Como é bom termos registros materiais de quem fomos no passado!
 
Semana passada, meu pai encasquetou que as fotos dele estavam muito mal organizadas. Eu diria que estavam se perdendo pela ação do tempo e que já era hora de digitalizá-las antes que se apaguem de uma vez por todas. Claro que depois da primeira mexida, convocou os filhos para ver as relíquias. Na verdade, foi um festival de risadas, porque é isso que se faz quando alguém se coloca diante do que foi capaz no passado. Quanto mais antiga a foto, mais nos surpreendemos. Confesso que eu tinha a esperança de que ele achasse alguma foto minha de bebê. Vou ter que continuar esperando.
 
A primeira coisa da qual nos lembramos foi de nossas brincadeiras de infância, jogos ingênuos e que não exigiam nada além de nós mesmos e muita criatividade seja para bolar as regras ou para nos imaginarmos em lugares fruto de nossa rica fantasia. Há quem diga que antes era melhor que hoje, tempos de criança com a cara agarrada no celular e tabletes. Não sei, pois não estou na pele delas nem dos pais que precisam a todo custo preencher-lhes o tempo ocioso. Fato é que ter do que se lembrar, memorias que incluem gente ao nosso lado como os amigos de infância, continua sendo muito mais importante que fotografias e telas. É com isso que deveríamos nos preocupar.  

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