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Por toda a vida

O pastor conhece o cheiro de cada ovelha, os pais são pastores. Toda família tem um cheiro, e às vezes os filhos perdem o cheiro da família'


postado em 02/02/2020 04:00 / atualizado em 29/01/2020 20:31

Padre alexandre fernandes




É na família que Deus permite a realização de grandes obras, onde é formado o caráter e o comportamento. Família é um dos recursos dos dons de Deus. Uma criança perguntou ao papa Francisco o que Deus fazia antes da criação. O Papa respondeu: “Amava, amava, amava”. Eu digo às mães: “Se um filho perguntar o que você fazia antes de ele nascer, responda: ‘Amava, amava, amava’”. Para que ele saiba que primeiro é fruto do amor de Deus, e, depois, que foi amado e desejado, é um filho querido. Há alguns princípios importantes que devem orientar as famílias. Vejamos.

Vínculo – O vínculo é sagrado. Para que o filho cresça com o sentimento de pertença, com a certeza de que faz parte de uma família. Vínculo com os pais, os irmãos. Os filhos percebem se os pais estão próximos ou não de seus próprios pais, dos parentes. Pode acontecer uma briga ou outra, entre um e outro, mas não se pode aceitar a divisão na família. Se o vínculo familiar for rompido, precisa ser restabelecido. Pelo vínculo os pais instruem o filho a dar valor à família.

Hierarquia – Existe uma hierarquia até para amar. Segundo São Tomás de Aquino, são três os níveis do amor. Primeiro, o amor a Deus, o maior dos mandamentos. Segundo, o amor a si mesmo (um amor ordenado por Deus, diferente do amor egoísta e autossuficiente). Quem não se ama não é capaz de amar o outro, pode acabar vivendo um amor carência, dependente, um amor cheio de necessidades.

Terceiro é o amor pelo outro. Aí devemos amar os filhos da maneira certa, o filho deve saber que pai e mãe têm uma missão que é conduzir os filhos, não controlá-los. Faz parte desse amor treinar os filhos para atos de civilidade, como respeito aos mais velhos. Os pais não podem permitir que o mal perpetue na vida dos filhos, pois o bem é o que importa. A vida em família tem mão dupla – uns para os outros.

Na convivência familiar, três palavras são fundamentais. A primeira é “posso?”. Posso fazer parte da sua vida, da sua história, fazer isso, fazer aquilo? A segunda é “obrigado”. Como é importante ensinar ao filho, desde pequeno, o sentimento da gratidão. Obrigado porque estamos aqui. Obrigado porque você é meu pai, obrigado por ser minha filha.

A terceira palavra é “perdão”. Ensinar a pedir perdão – tanto pais quanto fi- lhos. Quando um pai reconhece que errou, passa valores para os filhos. E o filho vai se acostumar a pedir perdão aos colegas a quem ele magoou. Já vi famílias que se tornaram inimigas por causa de brigas entre crianças de 3 anos.  Porque ninguém foi capaz de pedir perdão, ninguém soube perdoar.

Também precisamos tratar do equilíbrio de dar e receber. Os pais acham que não podem frustrar os filhos, mas a vida vai frustrar. Então, precisam aprender a impor limites. Se o filho aprender a só receber ele não vai saber dar. Uma criança numa loja de brinquedos quer todos os brinquedos. Os pais precisam saber o momento certo de realizar os desejos dos filhos. Porque os filhos são pessoas com desejos, como todos nós. Precisam prestar atenção nos desejos que estão povoando a alma dos filhos. Os desejos têm sonhos.

Não se deve terceirizar a missão de pais. O que os filhos querem, com quem andam, que mundos têm navegado? Quando os filhos começam a sair à noite, uma boa prática é acostumá-los a ir ter com eles para dar boa-noite ao chegar em casa, para ver que cheiros trazem da rua. O pastor conhece o cheiro de cada ovelha, os pais são pastores. Toda família tem um cheiro, e às vezes os filhos perdem o cheiro da família.

Vida de pai e de mãe exige sacrifício, mas o sacrifício é um “santo ofício”. O sacrifício de Jesus nos trouxe a alegria da vida eterna. O sacrifício dos pais traz a alegria do filho à vida. Pais fazem carinho, ganham abraço e não podem se esquecer de que o adolescente também gosta de um beijo de boa-noite. Quando se molda o caráter, vai-se criando nos filhos os hábitos. E a virtude somente é estabelecida pela prática dos hábitos, não existe virtude sem o treinamento dos hábitos.

A missão continua ao longo da vida, é para sempre. Como diz Santo Agostinho, “criai os filhos para o céu”. Fazer tudo para que os filhos sejam pessoas plenas. Deus dá a missão, Deus capacita. 

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