Mas antes que o arrocho monetário, que elevou os juros ao patamar mais alto desde outubro de 2017, gere efeito sobre a inflação, o Brasil ainda terá pressão de preços nos próximos meses.
Os recentes reajustes dos combustíveis, a permanência do dólar num patamar acima de R$ 5,50 e a perspectiva de um maior dinamismo da economia no fim do ano, a partir da entrada em circulação dos recursos do 13º salário e de contratações (ainda que temporárias), além da elevação dos gastos do governo, devem manter a inflação em alta.
Esta semana, o barril de petróleo do tipo brent bateu em US$ 86,35 na segunda-feira e ontem era negociado a US$ 83,53 no fim da tarde. Esse valor corresponde a um aumento de 111,74% sobre US$ 39,45 em novembro do ano passado. Com um horizonte de perda de espaço dos combustíveis fósseis nos próximos anos, por causa da transição energética, os países produtores relutam em elevar a produção para baixar os preços.
Mais reajuste nos combustíveis vai significar mais aumento no custo de geração das termelétricas que operam a óleo diesel e consequentemente maior aumento na tarifa de energia. Produtos e insumos importados ou com preços referenciados no dólar também ficam mais caros. A inflação alta vai permanecer entre nós por mais tempo.
Para os empresários da indústria, que mostram estar menos confiantes na economia, com a perda de dinamismo da atividade econômica no terceiro trimestre, o desemprego ainda alto (13,2%) e o nível alto de endividamento das famílias e empresas, a desaceleração da retomada é certa no curto prazo. Juros e inflação em alta vão derrubar o crescimento do PIB brasileiro.
Outro ponto na avaliação do mercado é que um possível impacto sobre o câmbio com investidores trazendo recursos para o Brasil em busca de maior rentabilidade deve ser diluído pela expectativa de mais gastos do governo com o furo do teto de gastos, o que manterá o real desvalorizado frente ao dólar.