Para se ter ideia, os reservatórios dessa região estavam com 18,05% da capacidade de armazenamento em 20 de setembro e praticamente um mês depois – já considerando as chuvas dos primeiros dias de outubro – estavam em 17,6% na terça-feira. Ou seja, as chuvas nem sequer evitaram uma redução no volume, quanto mais serem suficientes para representar despreocupação.
Agora, nas principais usinas do Sistema que responde por 70% da capacidade de geração de energia elétrica do país, Ilha Solteira e Três Irmãos estavam com zero – só com o volume morto – em 20 de setembro e continuam do mesmo jeito. Em Furnas houve uma pequena melhora, com a capacidade passando de 15,11% há 20 dias para 15,96% agora. Mas em Emborcação e Nova Ponte houve queda, de 10,63% para 10,09%, e de 11,06% para 10,61%, respectivamente.
Como a tendência meteorológica indica até agora, teremos uma primavera com nível bom de chuvas, mas o verão deve ter precipitações abaixo da média nas áreas dos principais reservatórios de hidrelétricas. Não será um verão tão seco como o passado, mas o fenômeno La Niña deve inibir chuvas abundantes entre 21 de dezembro e 20 de março de 2022.
Nesse contexto, será necessário manter térmicas funcionando e continuar com a exportação de energia de outros sistemas para o Sudeste/Centro-Oeste.
Para evitar esse quadro, altamente inflacionário, considerando-se que o dólar continuará em rota ascendente em ano eleitoral e os preços dos combustíveis não devem ter alívio com o petróleo pressionado pela retomada da economia global, a melhor opção é manter a tarifa cara para desestimular o consumo até o início do período seco.
Outra opção seria jogar recursos do Tesouro Nacional para cobrir esse rombo. Mas as prioridades são o Auxílio Brasil e o subsídio para o gás de cozinha. Qualquer precipitação agora, que não seja a que vem das nuvens, pode levar à necessidade de se criar subsídio adicional para a energia elétrica em 2022.