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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Alckmin e Marina completam a equipe de Lula na Esplanada dos Ministérios

Duas prioridades: a reindustrialização do país, que perdeu complexidade no comércio exterior, e o combate ao desmatamento


05/01/2023 04:00 - atualizado 05/01/2023 09:28

Geraldo Alckmin e Marina Silva foram os últimos ministros a tomar posse em Brasília
Geraldo Alckmin e Marina Silva foram os últimos ministros a tomar posse em Brasília (foto: Evaristo Sá/AFP)

O vice-presidente Geraldo Alckmin, no Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e a deputada Marina Silva, no Meio Ambiente, protagonizaram ontem as cerimônias de posse mais concorridas da Esplanada, com discursos que apontam para duas prioridades, entre outras: a reindustrialização do país, que perdeu complexidade industrial, e o combate ao desmatamento, um verdadeiro ovo de Colombo do ponto de vista ambiental. Os dois setores estão entre os mais prejudicados pela política econômica do governo Bolsonaro.

Ao lado do presidente Lula (PT), Alckmin fez um longo discurso sobre a situação da estrutura produtiva do país e destacou que “a reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sob o único prisma que a legitima: o da justiça social”. Para Alckmin, a recriação do ministério foi necessária para “reconstruir o país e retomar o caminho do desenvolvimento”. A novidade na proposta de Alckmin, porém, é compatibilizar a retomada industrial com a economia verde, para que o Brasil possa ser um “grande protagonista do processo de descarbonização da economia global” e possa integrar às cadeias globais de valor com investimentos em inovação e novas tecnologias nas áreas onde pode ter competitividade.

Embora o discurso não agrade setores liberais, que veem a política industrial uma forma indevida de intervenção do Estado na economia, Alckmin tem razão quando afirma que o Brasil não pode prescindir da sua indústria se tiver ambições de alavancar o crescimento econômico e se desenvolver socialmente. “Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial, ou não recuperará o caminho de crescimento sustentável, gerador de empregos”, disse. O papel de Alckmin será decisivo também do ponto de vista político, porque o vice-presidente da República sempre teve boas relações com o empresariado, principalmente paulista. De certa forma, seu discurso buscou um ponto de equilíbrio entre a política econômica do governo e o mercado.

Há muita especulação no mercado financeiro em relação à política econômica do governo Lula e ao desalinhamento entre os ministros, que gera mais confusão, como as declarações desastradas do ministro da Previdência, Carlos Lupi, sobre a reforma da Previdência. Ex-governador de São Paulo e vice-presidente da República, Alckmin será uma peça-chave na articulação da equipe econômica do governo Lula, que inclui Simone Tebet (MDB) no Planejamento e o senador Carlos Favaro (PR) na Agricultura, ao atuar como algodão entre os cristais, para que a política a ser adotada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha complementariedade nas demais pastas.

Desmatamento


Outra estrela a tomar posse foi Marina Silva, que assumiu o Ministério do Meio Ambiente com o propósito de alcançar o desmatamento zero. O impacto que isso pode ter no plano internacional é formidável, porque reduz fortemente a taxa de aquecimento global. É um verdadeiro ovo de Colombo. Há razões para otimismo. Com exceção dos últimos quatro anos, nenhum outro país reduziu tanto suas emissões de carbono como o Brasil. Nosso diferencial é a soberania sobre 60% da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Cerca de 44% de nossas emissões de gases de efeito estufa decorrem da mudança de uso da terra, ou seja, o desmatamento, principalmente na região amazônica.

É muito mais fácil e barato – portanto, mais eficiente – combater o desmatamento do que alterar a toque de caixa os sistemas de energia, de transporte, de padrão construtivo, de produção de alimentos, embora isso deva ocorrer. O Brasil tem expertise para isso: entre 2004/2012, reduziu o desmatamento na Amazônia em 84% e, consequentemente, suas emissões em 67%. A mudança de rumo no Ministério, se houver cooperação e coordenação interdisciplinar com outras pastas, como anunciou Marina, pode perfeitamente tornar irrisório o desmatamento e encontrar outras formas de atender às necessidades de 38 milhões de brasileiros na Amazônia, cerca de 12% da população, em condições em geral precárias, que desejam e merecem uma vida mais próspera.

Não adianta isolar e tratar a floresta como um parque intocado. É inviável politicamente e ineficaz. A chave é combinar controle ambiental, com repressão às ilegalidades, e iniciativas que tornem a floresta em pé mais valiosa para a população local do que sua derrubada, como propôs Marina. Com o governo Lula, tendo Marina à frente da pasta, abre-se a possibilidade de uma nova economia da floresta, gerando produtos e tecnologia. O potencial de descobertas farmacológicas e químicas a partir da biodiversidade também é enorme e pode substituir a pecuária de baixa produtividade e o garimpo ilegal.

Marina anunciou a criação da Secretaria Extraordinária de Combate ao Desmatamento, que será extinta quando cumprir sua missão de acabar com desmatamento. Segundo a ministra, o último governo foi marcado por um verdadeiro esvaziamento das funções do ministério, que foram repassadas para outros órgãos. “Boiadas passaram num lugar onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental. O estrago não foi maior porque a sociedade, servidores públicos e alguns parlamentares se colocaram à frente desse processo de desmonte”, destacou.
 

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