(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Suspeição de Moro desgasta ainda mais a imagem do STF na opinião pública

Segunda Turma da corte decidiu que o ex-juiz foi parcial e anulou condenação do ex-presidente Lula


24/03/2021 04:00 - atualizado 24/03/2021 07:27

Ministra Cármen Lúcia mudou voto e definiu decisão pela anulação da sentença de Lula(foto: EVARISTO SÁ/AFP - 6/8/20)
Ministra Cármen Lúcia mudou voto e definiu decisão pela anulação da sentença de Lula (foto: EVARISTO SÁ/AFP - 6/8/20)


O ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi considerado parcial no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do triplex de Guarujá.

Foi uma reviravolta no julgamento, que estava três a dois a favor do ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava-Jato. A ministra Cármem Lúcia, que já havia votado contra a suspeição no começo do julgamento, mudou seu voto ao final de sessão, acolhendo argumentos do presidente da Turma, ministro Gilmar Mendes, e do ministro Ricardo Lewandowski. Segundo ela, atuação de Moro não foi imparcial, favoreceu a acusação e, portanto, houve um julgamento irregular.

Cármen Lúcia fez questão de ressaltar que a decisão se aplica apenas ao caso do triplex de Guarujá: “Não acho que o procedimento se estenda a quem quer que seja, que a imparcialidade se estenda a quem quer que seja ou atinja outros procedimentos. Porque aqui estou tomando em consideração algo que foi comprovado pelo impetrante relativo a este paciente, nesta condição”.

Embora se diga que a ministra foi pressionada por Mendes durante o julgamento, a ministra já havia sinalizado que poderia rever seu voto, na sessão anterior da Turma.

O voto de Cármen Lúcia não se aplica automaticamente aos demais processos do ex-presidente Lula, mas, com certeza, será utilizado pela defesa do petista e também de outros réus da Lava-Jato condenados por Moro, para anular outros processos.

Tudo dependerá de novo julgamento no plenário do Supremo, que também precisa analisar a liminar do ministro Edson Fachin (o relator derrotado no caso de Moro) que anulou as condenações do ex-presidente Lula e mandou a Justiça Federal de Brasília refazer todo o processo.

A decisão monocrática de Fachin é vista como uma maneira de restabelecer a elegibilidade de Lula e, ao mesmo tempo, salvar a Lava-Jato.

Candidaturas

Portanto, Lula foi beneficiado duas vezes: pela decisão monocrática de Fachin, que considerou Moro incompetente para julgar o petista; e, agora, pela Segunda Turma, que contamina as provas do processo ao considerar Moro imparcial no julgamento.

Se essas decisões forem mantidas pelo Supremo, Lula estará livre para concorrer à Presidência em 2022 e a Lava-Jato correrá o risco de ter dezenas de condenações anuladas. A surpresa no julgamento foi o voto do novo ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, cujo voto foi a favor de Moro.

A repercussão da decisão foi imediata. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), inimigo declarado da Operação Lava-Jato, logo comemorou a suspeição de Moro. O ambiente político no Congresso é muito adverso para o ex-juiz federal e a equipe de força-tarefa da Lava-Jato que realizou as investigações.

No Palácio do Planalto, Lula é considerado o principal adversário de Bolsonaro, mas a candidatura de Moro é indesejada. Caso o ministro seja candidato, disputará votos no campo antipetista, o mesmo que Bolsonaro leva em conta para viabilizar a reeleição.

A propósito, a suspeição de Moro desgasta muito mais o Supremo na opinião pública do que a eventual candidatura do ex-juiz, que corre risco de passar de justiceiro a injustiçado.

Não é nada mal, se realmente resolver se candidatar a presidente da República. Apesar de isolado politicamente, Moro continua sendo um ícone da luta contra a corrupção e um nome fortíssimo à Presidência. Dificilmente, será declarado inelegível pelo Supremo.

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva é quem mais ganha com a decisão, porque reforça sua narrativa de que foi condenado sem provas, por um juiz sem isenção, com o objetivo político de afastá-lo do pleito de 2018.

Mesmo assim, para grande parcela da opinião pública, o petista continua sendo o grande responsável pelo escândalo da Petrobras. Bolsonaro supostamente ganharia com o desgaste de Moro e a polarização com Lula, mas essa tese precisa ser combinada com o eleitor.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)