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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

De Constantinopla a Istambul, a história é com os turcos

"O favoritismo do Manchester City - há quem diga que ele tem 80% de chances de se sagrar campeão - é nítido, mas jamais subestimem uma equipe italiana"


08/06/2023 04:00
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Guardiola, técnico do Manchester City
Técnico do City, Guardiola levantou a taça da Liga dos Campeões em 2009 e 2011, com o Barcelona, e foi vice pelo atual clube, em 2021 (foto: Paul ELLIS / AFP)


ISTAMBUL- Nesses três dias que estou aqui, já percorri várias ruas, andei de metrô e fiz ao vivo de alguns pontos turísticos e do Estádio Olímpico, palco da final de sábado entre Inter de Milão e Manchester City, pela Champions League. Um time italiano não chegava há 12 anos e foi justamente a Inter, do técnico português José Mourinho e dos brasileiros Júlio César, Maicon e Lúcio, quem se sagrou campeã diante do Bayern de Munique, no Santiago Bernabéu, em Madri. Os italianos, que não se classificaram para as duas últimas Copas do Mundo, querem mostrar que não estão mortos e garantir a quarta “Orelhuda”. Já o City, dos magnatas árabes, que tem dinheiro até para comprar todos os times do mundo, tenta ganhar pela primeira vez. Chegou à final há dois anos, mas caiu diante do Chelsea. Guardiola está obcecado para provar que consegue ganhar o torneio, mesmo sem ter Messi na equipe. Ele foi campeão em 2009 e 2011 com o Barcelona, que tinha Messi, Iniesta e Xavi.
 
Istambul continua linda, com sua história cultivada e cultuada por todos. Porém, a situação econômica do país é das mais terríveis. Por aqui a gente vê muitos pedintes, muitos refugiados e sem teto. O povo ganha muito mal e não há emprego. O presidente foi reeleito recentemente e está há nove anos no poder. Erdogan é chamado de “o presidente do povo”. Istambul tem metrô, ruas apertadas e um trânsito infernal. Para cruzar a ponte sobre o Estreito de Bósforo, que divide a parte asiática da europeia do país, é preciso muita paciência. Você pode levar até duas horas para fazer um trajeto bem pequeno. Sabendo disso, pois já estive aqui quatro outras vezes, me hospedei na parte europeia, onde fica o Estádio Olímpico, palco da grande decisão. Istambul era a antiga Constantinopla, tomada pelo Sultão Mehmed II em 29 de maio de 1453. Ele comandava o império otomano e conquistou os territórios bizantinos. A queda de Constantinopla é considerada a passagem da idade média para a idade moderna pelos historiadores do Século 19. Istambul tem seu fascínio, um povo muito carrancudo e sem paciência. Lembro-me de um jogo entre Brasil e Turquia, em Paris, quando os organizadores pediram aos torcedores brasileiros para permanecerem no estádio por uma hora, até que a torcida turca fosse embora.
 
Convivi aqui, em 2007, com Zico, Alex, Edu Dracena, Deivid, entre outros brasileiros. Alex me convidou para um jogo do Fenerbahçe e fiquei no camarote com sua esposa Daiane. Ao final da partida em que seu time venceu, entrei no carro do jogador e, na saída do estádio, os turcos, ao reconhecerem Alex, quase viraram o veículo, de tanta paixão que eles tinham pelo atleta. Paixão essa que se transformou em estátua dele na porta do clube turco. Alex é um “deus” por aqui, conhecido como Alex Souza. Também fui ao Grand Bazar com Edu Dracena. Ele teve que ir de boné, óculos escuros e um casaco que tampava seu pescoço, para não ser reconhecido. O Grand Bazar tem 600 anos de história e mais de 4 mil lojas, que vendem de tudo o que você imaginar. É um passeio obrigatório para quem vem a Istambul. A noite turca também é agitada. Existe uma boate chamada Reyna, às margens do Bósforo, que vive lotada. No Natal de 2017, um atirador entrou na boate vestido de Papai Noel, matou 39 pessoas, 16 delas estrangeiras. Atentados terroristas têm sido comuns na Europa, infelizmente.
 
Esta é uma semana especial para os turcos. Sediar a final da Champions League é um marco histórico para eles, pois representa que os olhos do mundo e do Planeta Bola estão voltados para Istambul. O policiamento é expressivo. Ao pegar o metrô, vi um grupo de policiais e os abordei sobre qual estação descer, quando fui á Mesquita Azul. Dos oito policiais, somente um falava inglês. A população jovem aqui também não fala a língua universal. As placas de trânsito são escritas no idioma turco, o que dificulta o aluguel de um carro por essas bandas. A melhor opção é metrô, táxi ou Uber. Ontem fui ao Estádio Olímpico e busquei a minha credencial. Tudo está pronto. Vários ex-jogadores já começam a chegar e teremos o jogo entre as legendas, que desfilaram por campos europeus, em várias Champions League. Júlio César, Roberto Carlos são figuras carimbadas. Antes de ser ídolo do Real Madrid, Roberto Carlos teve passagem vencedora pela equipe italiana. O favoritismo do Manchester City – há quem diga que ele tem 80% de chances de se sagrar campeão – é nítido, mas jamais subestimem uma equipe italiana. Com futebol pragmático e de muita marcação, eu apontaria 60% para os ingleses e 40% para os italianos. Sábado, esse enigma será decifrado e conheceremos o novo dono da Europa, que no fim do ano enfrentará o campeão da Libertadores, em Ryad, Arábia Saudita, pelo Mundial de Clubes. Façam suas apostas.
 

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