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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

As dívidas dos clubes brasileiros são impagáveis

Dívida é dívida. Não importa se você tem patrimônio para cobri-la. Vai vender os ativos para pagar as dívidas? Claro que não


03/05/2022 13:15 - atualizado 03/05/2022 21:48

Sede do Atlético, em Lourdes
Atlético tem dívida na ordem de R$ 1,4 bilhão (foto: Bruno Cantini / Atlético)


O Cruzeiro tem uma dívida perto de R$ 1 bilhão. O Atlético Mineiro deve cerca de R$ 1,4 bilhão, mas diz ter patrimônio, contando com o estádio, que segundo consta, custará R$ 1 bilhão até a sua conclusão. O orçamento inicial era de R$ 500 milhões. O shopping Daimond Mall, o CT, que se orgulha de dizer que é o “melhor do país”, assim como todos os clubes que têm CTs dizem o mesmo. Cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Com o estádio, é sabido que o alvinegro vai vender carnês, com os jogos do Brasileiro, Mineiro e Libertadores (fase de grupos), projetando que estará sempre na competição. Uma receita e tanto, como fazem os clubes europeus.

Porém, dívida é dívida. Não importa se você tem patrimônio para cobri-la. Vai vender os ativos para pagar as dívidas? Claro que não. Não vi o Flamengo vender a Gávea para quitar suas dívidas. Vim sim um trabalho maravilhoso do ex-presidente, Bandeira de Melo, que saneou o rubro-negro em 6 anos. E agora tem gente pedindo sua expulsão do clube. É o “poste mijando no cachorro”. Há décadas ouço falar que vão vender a Gávea para a construção de um shopping e um estádio para o Flamengo. Os conselheiros dizem não até hoje. Não querem vender o patrimônio, num dos pontos mais nobres do Rio de Janeiro, entre Leblon e Gávea. O Flamengo hoje é superavitário com faturamento de R$ 1 bilhão anual. Isso é gestão eficiente.

No Cruzeiro todos sabemos o que aconteceu. Terra arrasada, segundo a Justiça, corrupção, formação de quadrilha e desvio de dinheiro. A torcida cobra punição aos culpados e a devolução do produto supostamente roubado. Caberá à Justiça resolver a questão. Porém, Ronaldo Fenômeno comprou o clube e administra com mão de ferro. Orçamento de R$ 35 milhões, sem gastar um centavo a mais. E a diretoria anterior projetava R$ 95 milhões, sem ter de onde tirar. Viram como os dirigentes são irresponsáveis? Ronaldo é dono da empresa e trabalha de forma correta, organizada, sem conchavo com A ou B. Seu diretor de futebol presta conta a empresa e trabalha para o bem do clube, não de agentes.

Patrimônio o Cruzeiro também tem. Duas Tocas da Raposa maravilhosas e históricas, sede no Barro Preto, Sede Campestre, Prédio da Timbiras, sede social, que está alugada. Não adiantará o Cruzeiro vender esses patrimônios para quitar parte da dívida, pois tampará um “buraco do dente” e deixará a boca escancarada. Tem que trabalhar para subir, ir pagando dívidas na Justiça, de forma parcelada, ajustando a casa. Voltando à elite, as receitas vão aumentar substancialmente. Só de cota de TV passará a receber R$ 100 milhões. E tem um detalhe: se a Liga for mesmo criada, os clubes poderão embolsar R$ 5 bilhões e ratear entre eles. Há um grupo formado por Corinthians, Bragantino, Santos, São Paulo, Palmeiras e Flamengo conduzindo isso. Quem não quiser se alinhar, vai dançar. A Liga é uma realidade que vai chegar em breve. Um caminho sem volta, como foi o campeonato de pontos corridos, contra tudo e contra todos, principalmente contra a TV, detentora dos direitos de transmissão.

Os clubes também não terão como fugir. Vão todos se transformar em empresas. Uns acham que valem mais e superfaturam, como se fossem os donos do mundo. Outros, mais humildes, sabem o valor que têm. O investidor leva em conta o número de torcedores, a capacidade de geração de recursos e a sala de troféus. O Vasco, por exemplo, está na Série B, mas tem um grande valor, pois tem uma das maiores torcidas do futebol nacional, uma sala de troféus recheada. Tanto é que a negociação com o 777 Partners avança de forma lenta. O presidente, Jorge Salgado, e o conselho trabalham para conseguirem o melhor, financeiramente.

A modernidade chega ao futebol brasileiro, com empresas, CEOs remunerados e cobranças de forma austera. Não há mais espaço para dirigentes que mal sabem falar cinco palavras, amadores, antiéticos e soberbos. Gente despreparada, que se acha dona dos clubes. Os verdadeiros donos são os torcedores, os do bem é claro. Aos poucos, o mercado vai expurgando os vaidosos, os que se acham acima do bem e do mal.

Os clubes brasileiros estão todos quebrados e de pires na mão. Não existe mágica. Existe trabalho. Quem quiser aprender a sanear um clube, contrate o Bandeira de Melo. Ex-executivo do BNDES, conhece o caminho para isso. Vender patrimônio é a via mais fácil, porém, nunca o suficiente para quitar os R$ 10 bilhões devidos pelos principais clubes do futebol brasileiro. A realidade nua e crua é que estão todos quebrados e falidos, em busca de um Norte.

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