Tombense e Atlético decidem hoje o título mineiro da temporada. O Galo joga pelo empate, por ter vencido o primeiro jogo por 2 a 1, de virada. O Tombense pela vitória mínima. O Galo é um time em formação, e, embora os torcedores estejam eufóricos com o bom começo no Brasileirão, o próprio técnico, Jorge Sampaoli, já disse que precisa de cinco jogadores se quiser pensar em algo maior na competição. Ele não é bobo, e mesmo sendo instável – pois nunca tem um time titular e gosta de inventar –, conhece as limitações e carências de sua equipe. Vejo os técnicos europeus e percebo que todos têm um time base. Mesmo que mudem, durante os jogos, o torcedor sabe qual a formação predileta.
Não sou contra mudar peças. Na verdade, acho que todo técnico tem que ter seus 11 titulares e ir mexendo de acordo com a necessidade da competição. Como o Galo disputa apenas o Brasileiro – hoje é o último jogo pelo Mineiro –, não há motivos para poupar quem quer que seja. A não ser que haja contusão. Estou acostumado a acompanhar os grandes treinadores do mundo. Cobrindo a Seleção Brasileira há quase quatro décadas, desde Telê Santana para cá, convivi e aprendi com os melhores. Lá fora, em 11 finais de Champions, também aprendi muito. E no período em que Luxemburgo treinou o Real Madri, tive a chance de ficar por lá uns três meses, acompanhando de perto o trabalho dele junto aos galácticos. A gente vai aprendendo um pouco aqui, outro ali. Difícil mesmo é quem não tem história para contar, pois vive numa bolha. Deixa pra lá.
Voltando à decisão de hoje, o Galo tem mais time, mais grupo, mais estrutura. Porém, o Tombense é uma equipe muito bem dirigida por Eugênio, zagueiro, cuja carreira acompanhei no Cruzeiro –, na época eu trabalhava na TV Globo. Os jogadores sabem muito bem o que fazer, não rifam a bola, mas sentem, principalmente, no segundo tempo. Eles não podem jogar abertos diante do Atlético, pois correm o risco de serem goleados. Dessa forma, montam um esquema defensivo, de contra-ataques. Não há outra maneira. No jogo de quarta-feira, o Atlético propôs o jogo ofensivo e o gol o tempo todo, e acabou premiado por isso.
Acho que tudo está em aberto, mas o favoritismo é do Galo. Não há outra coisa a ser colocada. Ganhar ou não, é outra história, mas o Atlético entra com a mão na taça. O Tombense é o campeão do interior, e se a competição fosse por pontos corridos, teria sido o campeão geral. Porém, é mata-mata e, sendo em BH, a vantagem adquirida foi perdida no primeiro jogo. Como o jogo decisivo será também em BH, o Tombense terá que jogar o que não jogou até aqui, se quiser conquistar o troféu. Que tenhamos um grande jogo, como foi o de quarta-feira, e que seja campeão aquele que se propuser buscar o gol.