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Estado de Minas Coluna do Jaeci

Geração "nutella" se recusa a respeitar as lendas do nosso futebol

O talento dos jogadores do passado muitas vezes não é reconhecido pelas novas gerações, que focam em outros valores


postado em 29/06/2020 04:00 / atualizado em 29/06/2020 18:16

Em 1969, como jogador do Botafogo, Gérson erguia a taça pela conquista do Campeonato Carioca(foto: Arquivo/O Cruzeiro)
Em 1969, como jogador do Botafogo, Gérson erguia a taça pela conquista do Campeonato Carioca (foto: Arquivo/O Cruzeiro)


Fiz uma live com o nosso Gérson, o “Canhota de Ouro”, tricampeão da Copa de 1970, no México. Falamos sobre tudo o que envolve o futebol, e percebi que eu e ele pensamos da mesma forma. Fico vendo o Instagram de alguns jogadores médios de hoje. Alguns têm mais de 1 milhão de seguidores. O de Gérson, @canhotinha70, tem apenas 58 mil. Sei que Instagram não é referência, pois muita gente compra robozinhos para aumentar o número de seguidores, mas isso só me prova que essa geração “nutella” de bola não entende nada. Gérson foi um dos maiores meio-campistas de todos os tempos, mas a geração de hoje insiste em ignorá-lo e a turma da sua época, todos, gênios da bola.

Eu não vi Puskas, nem tampouco Di Stefano ou mesmo o nosso Evaristo de Macedo. Porém, quem os viu jogar me conta que eram gênios, craques, fora da curva. Não preciso ter visto alguém jogar para dizer se era ou não craque. Respeito a opinião de quem os viu. A geração “nutella”, não. Ela insiste em querer se desfazer dos que fizeram a nossa história. Alguns dizem que os craques de 1970 não jogariam hoje. Gérson disse o seguinte: “Não jogaríamos mesmo, de vergonha. Vergonha de um futebol pobre, medíocre, com um bando de pernas de pau. Jogadores medíocres e medianos, que ganham fortunas e não jogam absolutamente nada”. Assino embaixo. Qualquer baba hoje ganha R$ 400 mil mensais. Culpa deles? Culpa de alguns dirigentes, irresponsáveis, calhordas e, em outros casos, corruptos.

O Brasil ainda tem lendas vivas da música como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. Ideologia política à parte, são gênios da nossa música. Eles também sofrem com o preconceito de quem gosta de Anita, Ludmila e Pablo Vitar. Viram como pioramos também na música? Esse tal de Pablo Vitar é uma das aberrações da música popular brasileira. Não tem voz, não sabe compor e faz o maior sucesso com a geração “nutella”. A mesma geração que idolatra os medíocres que desfilam pelos gramados brasileiros. Já tivemos grandes estadistas na política, como Juscelino Kubitscheck, Tancredo Neves e Ulisses Guimarães. Hoje temos.... Melhor deixar pra lá, pois não temos um estadista sequer. Por isso, gosto dos grandes gestores e não de políticos. Na verdade, o Brasil se transformou numa terra de ninguém, onde o funk se opõe às grandes canções, onde rebolar dá mais ibope do que as letras inteligentes. Uma geração perdida, cujos valores morais estão abaixo de qualquer crítica. Dizem que são os novos tempos. E que tempos, difíceis, contraditórios, péssimos exemplos.

O futebol vai nos decepcionando a cada dia. Não temos grandes times. Ainda temos grandes clubes, como instituições. Não temos um grande dirigente para aplaudir, como tivemos Felício Brandi, Elias Kalil, Francisco Horta e Márcio Braga. Não temos mais os grandes jornalistas, como Armando Nogueira, Nélson Rodrigues, Oldemário Touguinhó e Sandro Moreira. O Brasil precisa realmente ser reinventado, sob todos os aspectos. Um país em que todo dia dizemos que tem tudo para dar certo, mas que nunca dá certo! Já passamos dos 50 mil mortos pela COVID-19 e tem gente querendo empurrar o futebol goela abaixo da população, mesmo sem torcida nos campos.

A cada gol comemorado, uma morte é anunciada nos leitos dos hospitais, isso quando o paciente consegue o leito. Uma vida, para nós que somos cristãos, não tem preço, vale muito. Para essa gente que aí está, não vale nada. Isso enquanto a morte não chega na casa delas. Teve gente que debochou da COVID-19 e hoje está enterrada, sem que tivesse direito a velório. Se tivéssemos gente de carne e osso, que entende o que é compaixão, não teríamos mais futebol nessa temporada, em homenagem às dezenas de milhares de mortos. Precisamos reconstruir o país, consertar a economia, mas em primeiríssimo lugar, precisamos salvar vidas. Dirigentes de futebol, em sua maioria, não têm berço, caráter, alma. Pobres são eles. Vaidosos, “aparícios”, se acham os donos da cocada preta, quando na verdade são lambe-botas. É essa gente e esse futebol que vocês querem de volta?

Fico com Gérson, Reinaldo, Zico, Cerezo e Pelé, o maior de todos. Sou saudosista sim, com muito orgulho. Vi o melhor futebol do mundo, e quando não vi, casos das décadas anteriores a 1960, respeito a opinião de quem viu. Hoje, nos limitamos a Messi e Cristiano Ronaldo, craques, de verdade, que ainda honram a palavra futebol. Os demais, com algumas exceções, são coadjuvantes de uma geração perdida, sem perspectiva, sem objetivos, cujos ídolos são medíocres, perto do que já tivemos. Obrigado Gérson e cia por tudo o que vocês fizeram pelo futebol mundial. Vocês, sim, são eternos ídolos e gênios da bola. Quanto a essa geração “nutella”, sinto pena e dó. Não viram o melhor do nosso futebol e preferem fechar os olhos para quem viu e lhes conta, do que aprender um pouco sobre a história do esporte bretão. Pobre geração! Pobre Brasil, o país que tem tudo para ser, mas que nunca é!
 

Luto e recesso


Eu e minha família estamos em luto pela morte do nosso patriarca, Carlos Antônio de Castro, nosso vovô bisa, como o chamávamos, carinhosamente. Ele se foi, na sexta-feira, vítima de complicações pela idade –tinha 99 anos, faria 100 anos em outubro. Sonhamos em comemorar a data, mas Deus o chamou mais cedo. Meus filhos perdem seu bisavô e eu perco uma referência de vida, de homem, de caráter, de lisura. Descanse em paz vovô Carlito, como eu o chamava. Sua linda história de vida está eternizada e seus netos e bisnetos darão prosseguimento a ela. Por causa disso, tirarei uma semana de recesso para cuidar da vovó bisa, que ficou, aos 97 anos de idade. Eles completaram, recentemente, 80 anos de casados. Deus sempre no comando.   

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