
O Atlético venceu o Cruzeiro por 2 a 1, ontem, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro, e voltou ao G-4, tirando o rival. Foram dois golaços, que deverão ser repetidos, exaustivamente, durante a semana. Igor Rabello, de calcanhar, e Otero, o melhor em campo, com um torpedo. Thiago descontou para o Cruzeiro. Ao contrário do que eu esperava, foi um bom jogo e as duas equipes se superaram. O técnico Jorge Sampaoli, contratado há 10 dias, estava no Mineirão, nas cabines, assistindo ao jogo. Talvez por isso os jogadores alvinegros se empenharam tanto. Nem parecia aquele time que foi eliminado da Copa do Brasil pelo Afogados.
O primeiro tempo foi de um time só: do Atlético. Mais consciente, mais forte e mais coerente, com um meio-campo bem montado, o alvinegro foi o dono das ações. Não me interesso por posse de bola, pois o Barcelona, normalmente, tem 80% de posse e perde muitos jogos também. O que me impressionou no Galo foi a disposição de Otero, que fez a sua melhor partida e um primeiro tempo espetacular, e a firmeza de jogadores que não estavam dando conta do recado.
Para não dizer que o Cruzeiro não foi notado, houve um cruzamento da esquerda em que Marcelo Moreno subiu mais que a zaga e obrigou Victor a fazer grande defesa. Porém, o Atlético havia chegado com o venezuelano Savarino, em belo chute cruzado, que Fábio espalmou. Se saísse um gol, teria que ser do Galo, pela melhor qualidade e disposição. E ele saiu numa pintura. Otero bateu o escanteio, rasteiro, Igor Rabello, de calcanhar, surpreendeu a defesa azul e marcou 1 a 0. Que golaço! E olha que Sampaoli, em conversa com o presidente, quando contratado, disse que só gostou de Gabriel entre os zagueiros. Será que mantém a opinião?
Olha, vou dizer um negócio para os torcedores do Cruzeiro: este time é muito fraco. Um meio-campo horroroso, que não chega perto do atacante nunca. Marcelo Moreno joga isolado. Entendo que o Cruzeiro foi assaltado e vilipendiado, mas é preciso pensar pra frente e buscar soluções. Este time aí não sobe para a elite, que é o principal objetivo.
Não se pode culpar nenhum jogador. Os jovens buscam seu espaço. Os veteranos lutam como pode. É terra arrasada mesmo! Onde está a punição aos culpados? Os times foram para o vestiário com a festa da torcida alvinegra, mandante no clássico. As gozações alusivas à Série B e à queda do Cruzeiro foram saudáveis e justas. O mesmo aconteceu quando o Galo caiu em 2005. Faz parte do futebol, e se for feito de forma pacífica não vejo o menor problema. A hora de gozar é dos atleticanos!
O Galo voltou no mesmo ritmo, e o Cruzeiro tentando se organizar. Savarino, que conquistou a torcida pela disposição e rapidez, saiu, para dar vez a Cazares. O Cruzeiro adiantou um pouco o seu meio-campo. Num cruzamento de Edílson, Thiago, bem colocado, cabeceou para o chão e venceu Victor: 1 a 1. Achei que o goleiro alvinegro falhou. A bola era defensável.
Imediatamente, o técnico interino do Galo pôs Tardelli em campo. Percebi que o Atlético cansou um pouco, pela intensidade do primeiro tempo. O Cruzeiro melhorara de forma sensível na etapa final, porém, a surpresa do clássico estava reservada para o penúltimo lance. Marquinhos, que acabara de entrar, recebeu na esquerda, dominou e esperou a chegada de Otero. Ele recebeu e soltou um canudo, no ângulo de Fábio, que nada poderia fazer. Galo 2 a 1 e a vitória garantida. Que golaço!
O problema é que os clubes brasileiros não sabem punir atitudes irresponsáveis. O gol é o momento maior do futebol, e foi justamente no gol que Otero tirou a camisa, para receber o segundo cartão amarelo e, por consequência, o vermelho. Gente, é no gol que os anunciantes aparecem mais, porém, os jogadores não são cobrados por isso. A maioria tira a camisa. Não me interessa se é emoção. O jogador tem que aprender a valorizar este momento. Na Europa, você não vê isso, pois lá os clubes punem. No Brasil é esta bagunça. Os mais de 53 mil torcedores, que foram ao Mineirão, viram um bom clássico, ao contrário do que eu esperava.