No início dos anos 2000 tivemos uma onda liderada pelo estilo sertanejo na música brasileira. Eles vieram com novos arranjos (mais modernos), com temas voltados para o cotidiano, mais urbanos e foram inicialmente apelidados de sertanejos universitários.
Esse forte movimento foi amplificado pela estrutura das milhares de festas temáticas que temos no interior do país, sendo geralmente voltadas para o agronegócio e suas commodities. Durante muitos anos, a agenda do “Skank” foi dominada por estas feiras, eventos sempre muito estruturados, mesmo em cidades pequenas.
Esse forte movimento foi amplificado pela estrutura das milhares de festas temáticas que temos no interior do país, sendo geralmente voltadas para o agronegócio e suas commodities. Durante muitos anos, a agenda do “Skank” foi dominada por estas feiras, eventos sempre muito estruturados, mesmo em cidades pequenas.
No início dos anos 2000, isso perdeu o sentido no Brasil, principalmente por conta do crescimento econômico. Questionar a sociedade, quando ela está beirando o pleno emprego, não fazia sentido para ninguém. Como vivemos de ciclos, isso voltou a ter espaço – sendo um dos grandes representantes na cena nacional, o Djonga, nascido em BH, e que merece todo o nosso respeito pelo seu belo trabalho e suas letras.
Estou lendo um ótimo livro chamado “História Social do jazz”, de Eric Hobsbawn; sim, o mesmo que escreveu “A era dos extremos” e vários outros. Esse livro é de 1959, mas recebeu uma nova versão com prefácio do Luis Fernando Verissimo. O livro descreve os movimentos do jazz e seus ciclos de importância dentro da cultura americana.
A obra explica claramente o quanto somos vulneráveis às mudanças culturais. O Jazz foi praticamente atropelado pela chegada do rock na década de 50. Um estilo de fácil aceitação e mais direto. Para se ter uma ideia, no inicio dos anos 1970 o jazz representava 1,3% dos discos vendidos, contra 75% do rock. No entanto, a exaustão do Rock criou uma nova geração de músicos de jazz, como o recém-falecido Chick Corea, que se desenvolveu utilizando referências do rock em suas improvisações.
O movimento desses ciclos merecem toda a nossa atenção. Eles determinam as nossas oportunidades e crises. A pandemia, para alguns, foi a morte econômica; porém, para outros, acabou se apresentando como uma grande solução. Para o entretenimento, que trabalha com aglomeração de pessoas, foi terrível; principalmente porque tivemos a criminalização da diversão. Entretanto, para outros segmentos, como o comércio eletrônico, supermercados, farmácias e games, o resultado foi fantástico.
Adoro livros e aqui vai mais um para os eternos preocupados com os movimentos do mundo: “Só os paranoicos sobrevivem”, do Andrew Grove da Intel. Esse não é tão novo, mas muito sintonizado com o que estamos vivendo.
Nunca aprendi a surfar. Tenho medo do mar e aprendi a nadar em piscina de cloro. O surfista tem uma característica que me seduz: como escolher a melhor onda. Não adianta querer pegar todas, mas ficar achando que a próxima é sempre a melhor não faz sentido. Vivemos de ciclos e nada é eterno. As vezes temos que esperar a próxima onda. Não sei como os surfistas fazem, mas é uma arte que gostaria de aprender.