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Estado de Minas COLUNA HIT

Luciana Lamas revela por que o uísque mineiro ganha prêmios internacionais

Na seção Entrevista de Segunda', empresária explica o processo de produção da Destilaria Lamas, instalada em Matozinhos, na Grande BH


08/11/2021 04:00

Luciana Lamas, sócia da Destilaria Lamas, sorri para a câmera tendo ao fundo barris de madeira com o uísque produzido por sua empresa
(foto: Gabriel Maciel/divulgação )

Teoricamente, não há nenhuma ligação histórica entre Matozinhos, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com pouco mais de 37 mil habitantes e fundada há quase 200 anos, e a Escócia. Mas, na prática, a história é outra. Matozinhos tem uma destilaria de uísque, e seu legítimo escocês é reconhecido internacionalmente.

Ano passado, o Nimbus Single Malt, carro-chefe da Lamas Destilaria, foi premiado com medalha de bronze na London Spirits Competition e levou a prata no Bartender Spirits Awards. Na New York International, faturou o bronze na Spirits Competition 2021. Marcou 93 pontos na avaliação da Jim Murray's Whisky.

A destilaria mineira tem capacidade de produzir 30 mil litros por ano. “Nossa linha de uísques é composta por quatro rótulos, sendo um blended (Canem) e três single malt (Plenus, Verus e Nimbus). Além deles, lançamos seis edições especiais limitadas e exclusivas em parceria com grandes nomes do uísque no Brasil: Magnus e Caburé (com o youtuber Tierri), a série Caledonia (já com três exemplares, parceria com o especialista Maurício Porto) e o Smoked (com o especialista em tabaco e bebidas Cesar Adames)”, conta a empresária Luciana Lamas.

Mas, por que produzir uísque em Minas Gerais? “Estamos em um estado que tem como marcas a qualidade e a tradição. Minas se destaca na produção de bebidas e comidas, na cultura e no artesanato. Essa raiz da qualidade do valor da produção artesanal, da busca pela perfeição, é algo que vimos desde cedo em nossa família e entorno. E é com esse cuidado que produzimos tudo aqui. Das montanhas de Minas já saíram muitas joias e queremos produzir aqui ainda mais raridades.”

A destilaria foi inaugurada pouco antes da pandemia. Como vocês enfrentaram 2020? Como se preparam para encarar o momento de quase controle da crise de saúde?
O ano de 2020 foi extremamente desafiador. Nós, assim como várias outras marcas, enfrentamos diversos obstáculos pautados pela incerteza e reviravoltas com relação à pandemia. Contudo, apesar das diversas restrições, acreditamos que saímos disso com um saldo positivo. O sentimento que temos é de superação. A expectativa de um futuro mais próspero e promissor é enorme.

Qual é o principal desafio da destilaria para conquistar o público tanto no Brasil quanto no exterior?
Vencer o famigerado complexo de vira-lata. De modo geral, existe resistência em consumir produtos locais. No universo do uísque especificamente, vemos que muitas pessoas ainda insistem em consumir a marca atentando mais para o preço da garrafa do que para a qualidade da bebida. Os uísques japoneses, australianos e canadenses, apenas para citar alguns exemplos, hoje são reconhecidos mundialmente por sua qualidade, mas nem sempre foi assim.

Comparando com produtores da Escócia, o que vocês têm de vantagem na produção de uísque?
Na concepção dos sócios, fazer o mesmo que a Escócia já faz tão bem há mais de 500 anos deixaria a Lamas no lugar-comum. O caminho que mais nos atrai é a inovação, a raridade. A maior parte da complexidade do uísque vem dos barris, então a maior liberdade em explorar diferentes madeiras no Brasil é um ponto positivo que gostamos de explorar. Além disso, o nosso clima tropical, mais quente e úmido, altera a dinâmica das reações de maturação, potencializando a cinética de envelhecimento da bebida.

Como vocês enfrentaram os conservadores que concordam com a legislação escocesa no quesito “maturação apenas em barris de carvalho”?
Nós gostamos de desafios e de ousar, fazer diferente, está no nosso DNA. O core range da Lamas é composto por uísques que vão somente no carvalho. Então, para os mais conservadores, temos diversas opções, incluindo até mesmo edições limitadas especiais, como a série Caledônia (já com três exemplares) e o Smoked. Prezamos pela qualidade e exclusividade da nossa produção. Acreditamos que a conquista de prêmios internacionais a uísques diferenciados, como foi o caso do Caburé, finalizado em bálsamo, seja um passo importantíssimo para romper esse tipo de tabu. O Caburé foi um single malt whisky triple wood que passou por carvalho americano, carvalho europeu e bálsamo. Conquistou medalha de ouro no The World Whisky Masters 2021, em Londres. Vale lembrar que as 500 garrafas produzidas se esgotaram em cerca de 22 horas de pré-venda.

O que é certo e errado na hora de tomar uísque?
Cada um consome o seu uísque da forma que mais lhe agradar: puro, com gelo, com água ou em coquetéis. O que existe são algumas recomendações na hora de degustar o uísque, uma análise sensorial mais aprofundada da bebida. São coisas distintas: você pode tomar o seu uísque sem, necessariamente, fazer degustação propriamente dita do mesmo, na qual até a escolha do copo ou taça adequada influencia a experiência. O importante, mesmo, é apreciar cada momento.

Vinicius de Moraes tinha mesmo razão ao definir o uísque como “cachorro engarrafado”, o melhor amigo do homem?
A nosso ver, ele estava coberto de razão (risos). Brincadeiras à parte, um dos nossos uísques de linha foi nomeado tendo como inspiração o soneto de Vinicius de Moraes “Ave canem”. Assim surgiu o nosso blended Canem. Voltando à pergunta, seja o melhor amigo que for, o importante é sempre nos lembrarmos de beber com moderação, pois a virtude está no equilíbrio.










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