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Versão de Gil, para sucesso de Bob Marley, inspira Renegado

Para ele, a música é atual e presente na vida da população preta. Renegado é o convidado da seção ''Qual é a música?'', da Coluna Hit


26/09/2021 04:00 - atualizado 24/09/2021 20:11

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Renegado
Cantor

A cada 23 minutos uma mãe preta chora no Brasil. Mas isso não novidade, pois em 1979 Gilberto Gil já narrava qual era a barra de viver da população preta desse país na canção “Não Chores Mais” versão feita pelo artista para o mais aclamado reggae da história, “No Woman, No Cry”, gravada em 1974 por Bob Marley & The Wailers.

Já faz 42 anos a gravação de “Não Chores Mais”, mas os versos do baiano Gil seguem bem atuais e presentes na vida da população preta. Ainda é comum ver nossos amigos, irmãs e irmãos sumindo assim, pra nunca mais.

De lá pra cá, o país passou por muitas mudanças e assistimos ao fim da ditadura, ao nascimento, à morte e ao renascimento da democracia, mas ninguém foi capaz de secar este choro. Não existiu governo ou desgoverno, partido, polícia, milícia ou poder paralelo capaz de secar efetivamente as lágrimas das mães pretas.

Como se já não bastasse a dor de perder os filhos e companheiros de forma bruta e violenta, a cada 6 horas e 23 minutos uma mulher é morta dentro de sua própria residência, reflexos do racismo e machismo estrutural que continuam enraizados em nossa sociedade, que trata a morte de pessoas pretas e indígenas como naturalidade e ainda atribuindo a essa parcela da população a responsabilidade pela condução precária de vidas e destinos.

Pois grande parte da sociedade não acredita ter uma dívida histórica com os afrodescendentes e povos originários dessa pátria mãe, que nunca nos tratou de forma gentil.

O discurso de uma constituição democrática por aqui só funciona no papel, pois nossas oportunidades são preteridas de forma descarada. Podemos tirar essa conclusão quando “ob-observamos” a falsa sensação de pertencimento que dão aos corpos pretos, pois eles ocupam uma ínfima parte dos assentos nas instituições públicas de graduação e nos cargos de destaque do universo corporativo.

Ainda continuamos junto à “fogueirinha de papel” tentando nos aquecer nesse inverno interminável, mas deixo um alerta emergencial, pois, se não houver luz para evidenciar nossas pautas e calor suficiente para secar as lágrimas de nossas mães, não sairemos do colapso.

Você deve estar se perguntando: “O que eu tenho a ver com isso?”. Quando terminar de ler esse texto ainda teremos 20 minutos para salvar uma vida, você tem a escolha de simplesmente assistir a um crime ou de no próximo minuto deixar de ser conivente.

Não se esqueça, quem lava as mãos também ajuda a crucificar.

As mães pretas e indígenas já choraram um oceano de dor. Já imaginou quando esse mar de dor se transformar em um tsunami de revolta?

Vamos secar o choro enquanto ainda dá tempo, porque o mar já está vermelho com o nosso sangue.

“Não! Não chores mais.”

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