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Estado de Minas HIT

Em sua segunda semana, Diário da quarentena deixa BH rumo ao interior

Helvécio Carlos, autor da coluna Hit, conta a experiência de se mudar da capital para Sete Lagoas, onde montou seu home office


postado em 24/03/2020 04:00


Nunca o gesto de dar a volta na chave para trancar a porta de casa apertou tanto o meu coração. É hora de deixar Belo Horizonte. Ficam para trás os livros e o quadro da Mônica. Autografado por Mauricio de Sousa, ele ainda não foi para a parede à espera de outro, cheio de barquinhos pequeninos de papel colorido – trabalho de paciência e delicadeza que serve de inspiração para estes dias.

Nunca fui de beber, mas, graças às indicações de amigos, vou direto ao que é bom. O melhor deles (até agora) é um tinto chileno, o Epu 2016, presente de Olavo e Tatiana Laucas, que vai esperar mais um pouco para o brinde à mesa na casa de um grande amigo que tanto me alegra, me dá uns puxões de orelha – na maioria das vezes, acertadamente – e me coloca de pé. Este encontro foi adiado, nunca cancelado.

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Voltar para Sete Lagoas e fazer companhia à minha mãe é prioridade. A mudança de home office da capital para o interior não deixa de ser animadora. A casa dela é grande, com jabuticabeira frondosa no quintal, horta, incontáveis vasos de flores e uma dezena de folhagens. Como não tenho talento para plantas e afins, será ótimo testar o aplicativo que, dizem, identifica qualquer espécie vegetal.

Em casa, eu e minha mãe. Meu pai morreu há quase 20 anos. Mas não estamos sozinhos. Uma família de schnauzers, que deixaria o escritor Nelson Rodrigues ruborizado, é companhia inseparável. O primeiro parto de Lindinha foi complicadíssimo. Precisou ser induzido e a bichinha sofreu. Veio Moreno, que, graças à nossa completa inexperiência com cães, teve relação incestuosa com a mãe. Uma não. Duas. O castramento foi inevitável. Das ninhadas, só ficamos com Moreninha. O tempo passou e à cachorrada se uniram dois gatos. Na época, pensei: esse negócio não vai dar certo. Mas a convivência transformou a turma, vejam só, em melhores amigos.

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A casa de minha mãe é quase o meu almoxarifado – que ela não me escute ou pelo menos não me leia hoje (rsrs). Lá estão os bonés da coleção formada com lembranças dos amigos em suas viagens maravilhosas. Vou ter tempo para atualizar os números. Na última contagem, dois anos atrás, eram mais de 300.

O número de CDs também será atualizado. Empilhados de alto a baixo em um armário, ultrapassam facilmente 400 discos. Tem de tudo. O primeiro álbum da naSala, com músicas que marcaram os bons tempos da boate do Ponteio. A coleção de Ivete Sangalo em carreira solo ganhou lugar especial, com alguns CDs carinhosamente autografados. Rita Lee, Caetano, Elza Soares, dezenas de trilhas de novelas estão no acervo. Tem também Jota, Skank, Pato Fu e U2 completíssimo. Groove Armada, 
um dos preferidos.

Kadu Vianna, com cara de menino na capa do seu primeiro disco, eu acho. Foo Fighters, óbvio. New Radicals, quem se lembra disso.? “One day I'll go dancing on the moon” era o verso de uma das canções mais famosas da banda americana.

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Canções assim, aliás, podem fazer parte da trilha sonora para quando eu for organizar as fotos em papel, que também são muitas. Festas, minhas e dos outros, viagens e, claro, tietagem a atores que sempre admirei e, sorte da profissão, tive a chance de entrevistar. Uma das mais legais foi tirada no Teatro Alterosa, no final dos anos 1990, com Aracy Balabanian no cenário montadinho de Clarice – Coração selvagem.

Há várias que, por muito tempo, me perguntei a razão de tê-las guardado. Qual o motivo daquele registro? É o caso do retrato ao lado de Mister M. Quem já passou dos 50 deve se lembrar do mágico que deixava o público do Fantástico impressionado com seus números de ilusionismo. A foto é uma bobagem, OK, reconheço. Mas agora percebo que ela – e tantas outras guardadas por aqui – foi feita para a gente rir de si mesmo, num dia como este.

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