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Em seu sétimo ano no carnaval de BH, Aline Calixto promete novidades

A sambista, que escolheu músicas de novelas como tema do desfile, diverte os seguidores nas redes sociais com paródias de capas de LPs


postado em 19/01/2020 04:00 / atualizado em 17/01/2020 13:57

(foto: Andreza Sena/divulgação )
(foto: Andreza Sena/divulgação )
Aline Calixto avisa: “Este ano, meu bloco vai mexer – e muito – com a memória afetiva dos foliões.” Para marcar o seu sétimo ano no carnaval de Belo Horizonte, a cantora recorreu a temas de novelas, que ganharam arranjos especiais para animar o desfile marcado para 22 de fevereiro, que descerá a Avenida Getúlio Vargas, a partir da Sorveteria São Domingos, rumo à Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi.

O desfile temático já faz parte do DNA do Bloco da Calixto. “Todos os anos, temos um mote diferente e sobre ele desenvolvo repertório e figurinos específicos”, conta Aline, listando os enredos “África de todos os deuses” (2014), “Samba de todas as tribos” (2015), “Vamos para a praia” (2016),  “Solte suas feras” (2017), “É o amor no carnaval” (2018), e
 “Bloco da Calixto nas estrelas” (2019).

A cantora revela que o repertório deste ano foi o mais difícil. “São tantas músicas, infelizmente não dá pra contemplar todas. Mas tenho certeza de que a seleção vai agradar a gente de todas as idades.”

Apesar do entusiasmo e da alegria em colocar o bloco na rua, Aline afirma que seu projeto dá um trabalho absurdo, mobilizando 150 pessoas. “Não sei se as pessoas fazem ideia disso, mas são muitos profissionais envolvidos para que a coisa funcione do jeito que deve ser. O custo é bem salgado. Sem incentivo privado não é possível viabilizar um desfile de grande porte”, revela. O bloco tem o apoio de um patrocinador.

Há vários dias, o clima de novela tomou conta da rede social da artista. No Instagram, Aline posta imagens que remetem a capas de discos com trilhas sonoras dos folhetins. A produção no estúdio foi acompanhada pelo filho dela, Maël, que na época tinha apenas três meses.
Beth Carvalho na gravação do DVD de Aline Calixto(foto: Fotos: Andreza Sena/divulgação)
Beth Carvalho na gravação do DVD de Aline Calixto (foto: Fotos: Andreza Sena/divulgação)

Como foi o processo de produção das imagens no Instagram que reproduzem as clássicas capas de LPs com trilhas de novelas de sucesso?
Quando cheguei com essa ideia para a minha produtora, a Renata Almeida, ela aprovou de cara, mas salientou que daria um pouco de trabalho, embora isso não fosse problema pra nós. Ayala Melgaço, a profissional que cuida das minhas redes sociais e cria as peças de divulgação, foi ao delírio com a ideia. Afinal de contas, o material abriria mil possibilidades. A partir desse momento, separamos algumas capas icônicas e votamos naquelas que não poderiam ficar de fora de jeito nenhum. Foi dificílimo. Escolhidas as capas, nos mobilizamos para arranjar figurinos, acessórios e perucas. Tivemos a mãozinha do meu stylist e amigo Rodrigo Cezário. Depois, um dia inteiro de fotografias. Foi um divertimento só! Mas nada disso seria possível se eu não estivesse cercada de profissionais superdedicadas e da rede de apoio para me ajudar na maternagem. Meu filho esteve comigo o tempo inteiro, além de minha mãe. Enquanto me maquiavam, eu o amamentava. Ou ficava com ele no colo, bem grudadinho. Dessa forma, produzimos 11 capas. Uma canção, em especial, não poderia ficar de fora: a da novela Fina estampa (2012), pois minha música Flor morena era o tema da personagem Dagmar (Cris Vianna).

Como se deu a seleção do repertório do bloco? 
O deste ano, particularmente, foi o mais difícil. Imagine quantas novelas já foram exibidas, quantas músicas ficaram marcadas na história! É complicadíssimo, nesse contexto, escolher um determinado número de canções. Foram pré-selecionadas umas 50, ao final elegemos 15. Lembrando que além das músicas-tema do ano, executamos um pouco do repertório de cada tema dos desfiles anteriores. Em 2020, a direção musical e os arranjos ficaram a cargo do Rodrigo Torino, uma pessoa muito querida e supertalentosa, que adora o universo carnavalesco. Neste exato momento, ele está em turnê pela Europa com Alceu Valença, mas deixou tudo prontinho. Quando voltar, já chega fazendo nosso Esquenta de carnaval, em 1º de fevereiro, no Catavento Cultural. Nos anos anteriores, quem assinou a produção musical e os arranjos foi o Thiago Delegado, meu parceiro de longa data. O bom de trabalhar por aqui é que a gente vive cercada de profissionais talentosíssimos.

No ano passado, você desfilou grávida. A maternidade influenciou os preparativos para o carnaval de 2020?
A vida muda completamente. É preciso você se reestruturar e rearranjar as coisas. Com planejamento e uma boa rede de apoio, tudo se ajeita no final. O terceiro trimestre da gestação foi o período em que defini o repertório e comecei a estudá-lo. Após o nascimento do Maël (em 11 de setembro), nos dois primeiros meses fiquei totalmente dedicada à maternidade. Aos pouquinhos, fui retomando a rotina de trabalho. Eu e meu marido, o enólogo Benjamin Lelaidier, conseguimos dividir bem os afazeres. Na nossa casa não tem essa história de “o pai ajuda muito”. Entendemos que a criação do filho cabe aos dois e nos dedicamos a oferecer o melhor dentro de nossas possibilidades para o Maël. No período carnavalesco, a rede de apoio funciona a todo vapor: vovó Sônia, vovô João, dindinha Gabi, Mateus, as produtoras Renata e Joyce. Enfim, sem essas pessoas o negócio complicaria bastante, confesso (risos). Às vezes, olho para o meu bebê e vejo na cabecinha dele pontinhos luminosos de glitter, enquanto canto as canções do bloco. E ele adora!

Quais são as boas lembranças que você tem desses sete anos na avenida?
Tanta coisa já aconteceu em cima do trio... Pedido de casamento, todos abaixadinhos pra escapar da copa de uma árvore. No ano passado, foi uma emoção única anunciar a minha gravidez lá de cima, logo no início do desfile. Estava com 10 semanas de gestação, mais ou menos dois meses e meio. Quase ninguém sabia, mas era preciso revelar, inclusive para a minha segurança e do bebê. As pessoas precisavam saber por que não iria de um lado para o outro do trio saltitando, como sempre fiz. Era necessário desacelerar o ritmo. Nada de pular muito, mais pausas para alimentar e hidratar. Enfim, segui à risca o protocolo médico. Deu tudo certo, e o público foi ao delírio com a surpresa! Chamei meu marido em cima do trio, ele estava fantasiado de He-Man. Disse que a Estrela Calixtus, minha personagem, havia se unido ao guerreiro de Etérnia e juntos geraram o novo ser intergaláctico que estava no meu ventre naquele momento. Foi maravilhoso!

Depois do carnaval, você vai se dedicar ao show de lançamento do DVD ao vivo gravado na Rua Sapucaí, em BH, em 2018. Que balanço você faz de seus 10 anos de carreira?
Assim que terminar o carnaval, engataremos os preparativos para o lançamento do meu primeiro DVD. É a compilação de 10 anos de trabalho, que envolveram quatro discos (Aline Calixto, Flor morena, Meu ziriguidum e Serpente) e uma bela jornada que me proporcionou vivências fantásticas e muito aprendizado. Nessa estrada pude conhecer e trabalhar com artistas que sempre admirei, como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e minha madrinha Beth Carvalho, entre tantos outros. Levei a minha música para vários cantos do mundo – América do Sul, Europa e Oceania. Experimentei o que é estar dentro e fora de uma grande gravadora, gravei muitos programas e projetos especiais: o DVD Samba Social Clube, o DVD Sambabook Dona Ivone Lara, dueto no CD do Martinho da Vila. Até música em novela rolou. Se for falar de tudo, escrevo um livro!

A greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, fez com que você adiasse a gravação do DVD. Mas a presença da cantora Beth Carvalho, em sua última apresentação, deve ter sido muito marcante. Como foi aquele encontro?
Naquele momento, eu e minha equipe decidimos adiar a gravação, pois o risco de fornecedores não entregarem equipamentos para a montagem era grande, assim como estava comprometido o deslocamento dos convidados que viriam do Rio. Não dá pra deslocar uma Velha Guarda da Portela inteira em saber se haveria voo pra eles voltarem para casa. Tinha a Beth, cadeirante, uma senhora de idade. Enfim, uma situação extremamente delicada. Sendo assim, a melhor solução foi adiar. No final das contas, deu tudo certo. Foi lindo, emocionante, uma experiência única. Mas houve um momento na pós-produção em que precisei dar uma pausa. As imagens do DVD chegaram para minha apreciação um dia depois do falecimento da Beth. Quem me conhece sabe o que ela representou e representa na minha vida. Era amiga, confidente, um exemplo. Vivi muita coisa ao lado dela, acompanhei de perto sua luta. Simplesmente não consegui assistir ao DVD naquele momento. Tava doído demais. Cerca de um mês depois, quando parei pra assisti-lo com calma, caí no choro no momento da participação dela. Beth foi velada com o mesmo figurino que usou no meu DVD. Olha... Não foi fácil, grávida de cinco meses, viver tudo aquilo. Mas uma coisa posso afirmar: ela estava feliz, radiante, cantando. As imagens não negam. Em breve, todos poderão conferir este presente que a Beth deixou pra nós.

Qual é a sua avaliação sobre o carnaval de rua da capital mineira? O que a prefeitura deve fazer para melhorá-lo?
Acho fantástico o movimento que proporcionou a revitalização do carnaval em BH. Só de pensar que por conta de um prefeito que fez de tudo para coibir a ocupação das ruas de BH, em especial a Praça da Estação, surgiu o movimento que reivindicava, através da alegria, da música e dos batuques, o direito de se fazer presente nesses espaços públicos... Espero, sinceramente, que nosso carnaval continue preservado em sua essência: gratuito, aberto para todos, preservando a diversidade, combatendo o machismo, o racismo, a homofobia, espalhando amor. A gestão atual da PBH vem se esforçando pra entender os moldes desse “novo” carnaval. Compreendo que há muito a melhorar com relação à infraestrutura e ajuda aos blocos. Não deve ser tarefa fácil lidar com o boom demográfico que há tempos não acontecia na cidade nesse período. Desburocratizar os processos de contratação e os editais para auxílio financeiro são grandes desafios também.

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