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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

É o Brock, Papai! Ele é craque!

Na gestão Ronaldo, Brock aceitou reduzir substancialmente os salários para seguir vestindo o manto celeste. Esse gesto jamais pode ser esquecido pela torcida


28/09/2022 08:00 - atualizado 28/09/2022 09:31

Pequeno Lorenzo ao lado do pai, um dos heróis do Cruzeiro: Eduardo Brock
Pequeno Lorenzo ao lado do pai, um dos heróis do Cruzeiro: Eduardo Brock (foto: STAFF IMAGES / CRUZEIRO)


A trajetória do Cruzeiro entre 2019 e 2022 é comparável a uma superprodução do cinema: um avião lotado é direcionado, propositalmente, pelos pilotos, com a omissão de toda a tripulação, para cair em alto mar. Os responsáveis saltam de paraquedas levando tudo que podem. Quando já não há esperança, surge dos céus um comandante que, com uma nova tripulação, assume o controle e tira o avião da rota de queda, fazendo um pouso seguro.
 
O que Ronaldo, Pezzolano, nossos jogadores e, claro, a maior e mais apaixonada torcida do Brasil fizeram este ano, não tem precedentes na história do futebol mundial. Todos terão, para sempre, um lugar de destaque na história do Cruzeirão Cabuloso.
 
Os jogadores deste elenco, não importa o que façam no futuro, serão eternamente reverenciados como aqueles que devolveram a autoestima ao torcedor cruzeirense, que nunca cogitou abandonar o Maior de Minas. Conseguiram estabelecer uma conexão campo-arquibancada mundialmente admirada e reconhecida.
 
Dentre todos os heróis deste memorável 2022, preciso muito falar de um cara: Eduardo Schroeder Brock. De forma incansável, com muito trabalho e humildade, esse gaúcho agiu como bom mineiro: em silêncio, conquistou seu espaço, passou por cima de críticas absolutamente injustas e tornou-se peça indispensável na épica campanha do acesso.
 
Assim como o torcedor cruzeirense nos últimos três anos, Brock comeu o pão que o diabo amassou até chegar ao ápice de sua carreira, como capitão do acesso. Saiu de casa aos nove anos de idade para as categorias de base do Grêmio, após se destacar na escolinha do Rui Barbosa, na pequena Arroio do Meio, interior do Rio Grande do Sul.
 
Depois, uma dura experiência na Europa, atuando sem receber salários na Romênia, lutando por uma chance de mostrar seu futebol na Bélgica e retornando ao Brasil sem nada, em busca de um reinício. Desistir não era uma opção. Após dificuldades e aprendizados em clubes modestos do futebol gaúcho, conquistou seu espaço em Juventude, Brasil de Pelotas, Paraná, Goiás e Ceará, para, enfim, chegar ao Cabuloso.
 
No Cruzeiro, sentimentos conflitantes. De um lado, vestir a camisa pesada de um gigante incontestado. De outro, estar em um clube mal administrado, afundado em dívidas e com pagamentos atrasados. Brock se manteve firme, como se tivesse recebido um sinal dos céus de que logo a maré ia mudar.
 
Na gestão Ronaldo, aceitou reduzir substancialmente os salários para seguir vestindo o manto celeste. Esse gesto jamais pode ser esquecido pelos torcedores. Com o passar do tempo, no novo Cruzeiro de Pezzolano, Brock se tornou o jogador de maior regularidade, atuando em praticamente todos os jogos.
 
Os desarmes precisos, a segurança pelo alto e a saída de bola de qualidade viraram regra. Não são opiniões, são os números que dizem: Brock tem mais de 90% de acerto em passes no campo de defesa e ótima performance em desarmes e interceptações, segundo o SofaScore. Além disso, joga limpo. Jamais vi nosso capitão agredir ou entrar com a intenção de machucar um colega de profissão. Isso também é comprova pelo número de faltas e cartões recebidos.
 
Se bem que para nós, torcedores, mais que as estatísticas, o importante é que a camisa 14 nunca termina um jogo limpa ou seca. Brock deixa tudo dentro de campo. Em 2021, chegou a atuar lesionado, urrando de dor, devido a uma pubalgia. Para ele, não tem bola perdida.
 
O pequeno cruzeirense Diego, meu filho de dois anos, que com uma semana de vida virou Sócio Kids do Cabuloso, vibra quando vê nosso capitão durante os jogos ou em algum vídeo nas redes sociais: "É o Brock, Papai. Ele é craque". Dieguito está certo. Brock se tornou, junto com Edu, Rafael Cabral e cia, um verdadeiro herói, sobretudo para a nova geração de cruzeirenses, forjada na adversidade e no amor incondicional.
 
Quando estiver levantando a taça do histórico acesso, Eduardo Brock, você certamente derramará lágrimas pensando no apoio da sua companheira Janaína, no sorriso do pequeno Lorenzo e nos aplausos lá de cima do Vovô Lauro.  Feche os olhos e irá também sentir um sincero muito obrigado, vindo dos mais de 9 milhões de cruzeirenses apaixonados.
 
Voltamos!
 
* Bruno Bueno: jornalista, belo-horizontino, residente em Brasília, cruzeirense nas boas e nas más. Adepto do Pezzolanismo. Escrevendo esta coluna a convite do jornalista Gustavo Nolasco

Abraço de Ronaldo Fenômeno em Eduardo Brock, capitão do Cruzeiro
Na gestão Ronaldo, Brock aceitou reduzir substancialmente os salários para seguir vestindo o manto celeste. Esse gesto jamais pode ser esquecido pela torcida (foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

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