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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Orgulho de ser Cruzeiro como nossos pais

Dos covardes e omissos não esperamos nada, mas sim dos que prezam por suas histórias com a camisa do Cruzeiro


postado em 25/09/2019 04:00

Leo, Henrique e Fábio com as famílias durante as férias: os filhos dos três são testemunhas das grandes conquistas dos pais com a camisa do Cruzeiro(foto: Instagram/Reprodução)
Leo, Henrique e Fábio com as famílias durante as férias: os filhos dos três são testemunhas das grandes conquistas dos pais com a camisa do Cruzeiro (foto: Instagram/Reprodução)
 

Sábado passado, o sol nasceu castigando. De tanto fogo nas matas e fumaça escura, o céu não estava cruzeirense. O azul não resplandecia no horizonte. Mas enquanto a tarde não vinha, com a anunciada derrota para o Flamengo, gastei o tempo na zona rural da pacata Ipoema refletindo sobre o motivo de, mesmo em meio a tanta tristeza e revolta pela situação caótica em que jogaram o nosso Cruzeiro, nós não deixarmos de amá-lo nem um segundo sequer.

Em meio à secura e a busca por respostas, vi surgir na porteira da fazenda Marco Antônio, um velho conhecido. Vinha ladeado pelos filhos Bebeto e o pequeno João. O segundo, chuteira aos pés, meião na altura da canela e os olhos brilhando em busca de diversão. Queria jogar futebol. Pedia a bola. Antes de lhe entregar, o pai pediu: “João, canta para o amigo do papai aquela música”.

Sob o olhar fraternal da vovó Eunice, na janela do casarão, João fungou o nariz, buscou fôlego e soltou a voz infantil para encher de música o terreiro: “Existe um grande clube na cidade / que mora dentro do meu coração / eu vivo cheio de vaidade / pois na realidade é um grande campeão”.

Aplaudi o pequenino cruzeirense e vi seu pai, orgulhoso, sorrir como se comemorasse um gol. No mesmo instante, fiquei a imaginar o que meu velho pai pensou quando me pegou pelas mãos, em 1987, e tomou a decisão de me levar pela primeira vez ao Mineirão e, subjetivamente, dizer: “Vai, filho, vai ser um cruzeirense apaixonado”.

Aprendi a ter orgulho do quanto meu pai é cruzeirense. Daí me veio a resposta para a minha inquietude daquela manhã quente em Ipoema: está nesse orgulho – de pai para filho – a chance do nosso Cruzeiro ressurgir. Dentro do campo, ainda há de existir em cada um dos jogadores um momento em que se perguntarão: “Quanto orgulho meus filhos sentem de mim exatamente pelo que fiz vestindo essa camisa do Cruzeiro?”.

O orgulho de Pablo e Valentina pelo super-herói que o papai Fábio se tornou sendo o jogador que mais vestiu a camisa incaível do Cruzeiro.

Quantas vezes o gigante Dedé, com o joelho costurado, ninou seu pequeno Gabriel com olhos vidrados na TV sem poder fazer nada além de... torcer e ter orgulho.

O que dizer do líder Henrique, que com seu carisma e educação para defender o manto sagrado, inspirou suas filhas a acreditarem em seus próprios talentos.

Orgulho de um papai Sassá, que um dia pegou emocionado o celular e filmou os pequenos Murilo, Gael e Luizinho brincando e cantarolando o hino composto pela negritude de Jadir Ambrósio. Sim, Sassá, seus filhos terão orgulho por ter visto a favela vencer por meio do seu trabalho com a camisa do Cruzeiro.

Maria Carolina e Bernardo, que sempre se orgulharam por ter um papai Thiago Neves alegre e brincalhão pelos títulos conquistados com a camisa azul. O mesmo orgulho da Júlia pelo Egídio; da Vitória pelo Pedro Rocha; do Kauã pelo Robinho e do Eduardo, que ainda virá ao mundo para bater palmas para o papai Rodriguinho correndo com as cinco estrelas estufadas no peito.

Por esse legado do meu velho pai, do Marco Antônio, do Fábio, do Dedé, do Henrique e de outros milhões de pais celestes, seguirei amando esse clube. Estarei em todos os jogos. Gritando, cantando a música de Jadir Ambrósio, empurrando as cinco estrelas.

Quanto aos jogadores, sabemos que quase nenhum deles nasceu cruzeirense, como eu e o pequeno João, mas quase todos eles hoje, de certa forma, ainda podem olhar para seus filhos e ver o orgulho estampado em seus rostos exatamente pelas histórias pessoais construídas, boa parte defendendo essa instituição chamada Cruzeiro Esporte Clube.

Dos covardes e omissos da diretoria e do Conselho Deliberativo que se protegem e nos destroem não espero absolutamente nada. Mas de quem tem honra e história por preservar ainda espero luta.

Por isso, para a caminhada que se inicia no jogo de logo mais contra o Ceará, fica meu último pedido ao nosso escrete: enquanto nós cantarmos de amor pelo clube de nossos pais, joguem pelo orgulho de seus filhos. Só isso.

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