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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Acadêmicos do Twitter e o Tribunal do Feicebuque são os nossos problemas

O Galo ainda pode ganhar o título. Quem duvida que o dia que chegar o nosso dia ele virá épica e milagrosamente no apagar das luzes, aos 52 do segundo tempo?


13/02/2021 04:00 - atualizado 13/02/2021 07:21

Em 10 meses, Sampaoli reverteu o cenário de catástrofe iminente. Sem um cracaço indiscutível, livrou o Galo do afogamento no Z4 e ainda pode ser campeão.(foto: Atlético/Divulgação)
Em 10 meses, Sampaoli reverteu o cenário de catástrofe iminente. Sem um cracaço indiscutível, livrou o Galo do afogamento no Z4 e ainda pode ser campeão. (foto: Atlético/Divulgação)
“Em 10 meses, Sampaoli reverteu o cenário de catástrofe iminente. Sem um cracaço indiscutível, livrou o Galo do afogamento no Z4 e ainda pode ser campeão”

Acadêmicos do Twitter e o Tribunal do Feicebuque – eis os nossos problemas

As redes sociais são o cigarro do século 21. Elas envenenam tudo. Pesquisas indicam que o joinha, o coraçãozinho ticado, eles produzem efeito similar ao das drogas pesadas. Mais uma dose? É claro que eu tô afim. A noite nunca tem fim, Cazuza é que sabia das coisas. Por que a gente é assim?

Tamo lascado, senhores. Acabou o carnaval na sexta-feira de cinzas, a pandemia é um estado permanente – mais do que antes, e olha que já estávamos lascados fazia tempo, é nas redes (anti) sociais que agora se desenrola a vida. Pautados pelos Acadêmicos do Twitter, julgados pelo Tribunal do Feicebuque (dale Tom Zé!). A moça da janela é a moça do Instagram.
 
Minha TL (time line, para os incautos, ou por onde deslizamos os dedos freneticamente, como chimpanzés na catação) está repleta de comentários sobre o BBB. Obrigo-me a ver o que se passa, um problema, pois não tenho televisão. E lá está: uma rede social, ao vivo e em cores. Não são pessoas confinadas numa casa, são perfis do Twitter! Cancelar, bloquear, maldizer, odiar.

Quanto mais ódio, mais público – que se manipulem as regras, a mais escrota precisa continuar! Assim elegemos um presidente, diga-se. Lembro bem o filósofo Marcos Nobre no resumo da ópera bufa, tão logo se confirmou a escolha do bonobo: “Elegemos um youtuber”. Infelizmente não era o Felipe Neto.

O problema do Atlético não é a Galoucura. A Galoucura é a solução. Sem a Galoucura não há carnaval, não tem samba, não tem funk, festa nem aglomeração. A Galoucura pode errar mas não senta a bunda na cadeira. Bota a cara, alemão! Ou vai ficar escondido atrás de um computador a envenenar tudo e todo mundo?

O problema do Atlético, neste momento, é aquele identificado pelo também filósofo Umberto Eco, que por essa análise quase se torna uma Clarice Lispector do Facebook: “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”. Dale!

Jorge Sampaoli transformou em luta por título uma temporada que se desenhava como das mais vexaminosas da história. Agradeça ao Goleiro de Boné à Noite, dos Afogados da Ingazeira. Não fosse por ele, pela saída de Dudamel e a chegada de Sampaoli, e não teríamos sobrevivido àquela apneia. Salve Jorge e os Menin, por pagar a conta, apenas bote no balanço a doação, obrigado, antes que a gente comece a pensar bobagem.

Em 10 meses, Sampaoli reverteu o cenário de catástrofe iminente. Sem um cracaço indiscutível, livrou o Galo do afogamento no Z4 e ainda pode ser campeão. Tropeçou, acertou, errou, experimentou, errou outra vez (entre seus erros não está nem de longe a escalação de Everson, um grande goleiro). Mas montou time e elenco e, mesmo com jogadores em fase de adaptação, estamos classificados para uma Libertadores em que figuraremos como candidatos ao título. Não é pouco, ao contrário, é muito.

“Por que um time que investiu tanto precisa ser campeão no primeiro ano?”, perguntou o ex-jogador Pedrinho, no Sportv, diante da insistência na “decepção” que teria sido o Galo em 20/21. Porque, do contrário, as redes transformarão a vida real de jogadores, treineiros e dirigentes na antessala do inferno. Conjes não serão poupadas. Para os jovens boleiros, nascidos quando a internet já existia e formados na Universidade do Facebook, o cancelamento é o fim do mundo.

O Galo disputa o título e ainda pode ganhar. Quem duvida que o dia que chegar o nosso dia ele virá épica e milagrosamente no apagar das luzes, aos 52 do segundo tempo? O Galo tem problemas, é um time em formação, só ganha dos grandes que deixam jogar, e não sabe lidar com a retranca. Às vezes, lembra a Seleção de 1994, sem Romário nem Bebeto. Mas não tem nada que prejudique mais o time neste momento do que o fogo amigo vindo das redes sociais. Elas envenenam tudo, e a humanidade ainda não descobriu a vacina contra isso.

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