
Bem, vamos lá. O raciocínio é simples. Quando usamos a palavra “esquimó”, não pensamos na origem dela, na ideia do “comedor de carne crua”. Para nós, esquimó diz respeito ao povo mongólico que habita as regiões setentrionais da Groenlândia, do Canadá e do Alasca. Logo, se o preconceito em questão não reside no vocábulo mais, por que modificar o que já está consolidado? A mesma coisa ocorre com a palavra “judiar”. Faz anos que tentam retirar a coitada dos dicionários. Ora, quanta bobagem. Por mais que judiar, no passado, tenha feito referência pejorativa à situação dos judeus, ninguém – absolutamente ninguém – utiliza, hoje, o vocábulo em questão para denegrir o povo judeu.
A Nasa também afirmou que especialistas em diversidade, inclusão e igualdade prestarão consultoria nessa brilhante iniciativa. Já posso imaginar o estrago... Será que vão expandir as modificações para o Buraco Negro também? Como ficará? Buraco preto? Buraco escuro? Qual eufemismo será utilizado, mais uma vez, para evitar algo que nada tem a ver com palavras, mas com atitudes?
A verdade, leitor, é que até a Nasa se curvou diante da cartilha politicamente correta. Uma boçalidade... Ops! Meu Deus! Não posso usar a palavra “boçal” porque esta já foi utilizada para designar alguns negros recém-chegados da África. Entretanto, “boçal”, antes disso, significava outra coisa: do latim bucca, ou seja, boca, designou, inicialmente, “aquele que ainda tem buço”, isto é, aquele que é inexperiente. Devo desconsiderar isso? Devo julgar uma palavra pela origem, pelo uso pejorativo caído ou pelo emprego atual? Mas a patrulha do novo modo de falar nem chega a pensar nisso. O importante mesmo é parecer bonzinho. Como os membros da Santa Inquisição, que de santa também nada tinha, vituperam vocábulos e bradam aos quatro ventos: somos todos corretos. Sei... Nem aqui, nem em outro planeta.
