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Estado de Minas BEBEL SOARES

Redução de pensão alimentícia

"A irresponsabilidade paterna é validada, aceita e aplaudida, enquanto as mulheres são marginalizadas e julgadas"


05/06/2022 04:00 - atualizado 05/06/2022 07:59

Ilustração

 
Na semana passada, recebi um e-mail de um leitor:

“Prezada Bebel Soares;
Se um pai é separado judicialmente, se não tiver condições de manter o valor da pensão, o certo é pedir a redução, pois se não pagar o que foi determinado pela Justiça dá cadeia.
 
Lembrando que a punição se dá quando completa três pensões não pagas. Então, é melhor pedir a redução do que aproveitar dos favores da lei.”
 
Caro pai separado, se uma mãe vê sua renda diminuir, ela tenta cortar gastos e se vira para conseguir pagar as contas. Ela vai virar “mãe empreendedora”, vai fazer brigadeiro para vender, vai pedir dinheiro emprestado, vai fazer vaquinha na internet, vai fazer bico depois do expediente, vai topar qualquer trabalho para alimentar seus filhos.
 
Quando a renda do pai separado diminui, ele corre para pedir redução da pensão alimentícia dos filhos, como se eles pudessem passar um período sem comer, sem ter onde morar... Enquanto você está aí se lamuriando, tem um monte de mãe se virando como pode para sustentar seus filhos. Acha certo pedir redução de pensão? Não está preocupado se seus filhos vão ter comida na mesa? Preocupa-se com você e com o risco que você corre de ser preso?
 
Se você imaginasse a quantidade de pedidos de ajuda que tenho recebido de mães solo... Elas pedem ajuda para divulgar vaquinha para comprar remédio, para comprar comida. Elas pedem emprego, qualquer emprego, na área de formação delas ou não. Tem mãe que tem formação que topa fazer faxina para garantir o sustento da família.
 
Já pensou se você tivesse ficado viúvo? Como ia sustentar seus filhos? Ia conseguir cuidar deles e sair para trabalhar? Ou ia passar a responsabilidade para outra mulher? Sua mãe, uma irmã, uma tia?

Você passa com seus filhos o mesmo tempo que a mãe deles passa? Faça o exercício de imaginar você com a guarda dos filhos e ela pagando pensão alimentícia. Tente imaginar a situação invertida. Os homens podem tudo, as mulheres ficam com a culpa. A irresponsabilidade paterna é validada, aceita e aplaudida, enquanto as mulheres são marginalizadas e julgadas.
 
Tem mãe que trabalha fora, tem mãe que trabalha em casa, tem mãe que trabalha dentro e fora de casa. Tem mãe que tem jornada dupla, tem mãe que tem jornada tripla. Só não tem mãe que não trabalha. 
 
Os homens podem escolher o quanto vão se envolver com a paternidade; vocês pensam que ajudam, que fazem favor, não entendem que é obrigação? Enquanto a mãe está lá fazendo mais do que dá conta. Sobrecarregada, exausta, preocupada, sua preocupação é não ser preso. Criar um filho exige renúncias. Por que só a mãe abdica da carreira, da vida social, das noites de sono, e até da sua liberdade para criar os filhos e o pai não pode abdicar de nada por eles?
 
Quando a gente escolhe ter filhos, deve se lembrar de que essa é uma escolha para o resto da vida. Dar conta de criar esses seres humanos não é esco- lha, é obrigação. Não queria ter filhos, mas ela engravidou? Ah, se você não queria filhos deveria ter feito vasectomia, ou, no mínimo, usado camisinha. Homem só engravida mulher se quiser, ela não faz filho sozinha!
 
Caro leitor, meu conselho é: cuide dos filhos que você tem, você se separou da mãe deles, mas não deixou de ser pai. Se está difícil, cuide para não engravidar outras mulheres, seja responsável pelos seus atos, pare de se lamentar, coloque sua capa de super-herói, e vá à luta!

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