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Estado de Minas padecendo

Rivalidade feminina

A mudança que queremos para o mundo começa em nós. Deixe a rivalidade de lado. Sejamos aliadas


(foto: Depositphotos)
(foto: Depositphotos)


Diziam que ela era madura para a idade, novinha, com corpo de moça. Adolescente como todas as outras. Mas ele dizia que ela era diferente, e ela acreditada. Na inocência de quem pensa que sabe tudo, ela se sentiu orgulhosa com o elogio.

Ele era mais velho, melhor assim. A família aprovava o relacionamento. Que mal tem um homem de 30 com uma menina de 14? Meninas amadurecem mais cedo.

Conveniente cultura da pedofilia. Cultura do estupro. A pedofilização social. A estética feminina que busca a juventude eterna. A naturalização dos relacionamentos entre homens e meninas. Mais fácil dominar uma menina do que dominar uma mulher.

Ela acreditou que poderia mudá-lo. Acreditou nas promessas. Aceitou o relacionamento abusivo. Ele pedia desculpas, ela perdoava. O ciclo persistia. As brigas, as ofensas, o estupro.

Por ele, ela se afastou da família, das amigas. Só ele bastava. Se ele sentia ciúmes era porque amava demais. Se gritava com ela, era porque ela tinha feito algo errado.

Engravidou e foi descartada. Como mãe solteira, era vista como concorrente pelas outras mães. Ninguém queria fazer amizade. Quando cobrava a pensão atrasada, era tratada como interesseira. Se brigava pelo direito do filho, era louca. Ninguém o questionava.

Entre os homens, existe um pacto, eles se apoiam. Eles acreditam uns nos outros. Enquanto nós fazemos o oposto. Nos desacreditamos. Nos desvalorizamos. Buscamos a aprovação masculina. Somos facilitadoras do patriarcado.

Aprendemos a nos ver como manequins em vitrines. O tempo todo competindo pela aprovação masculina. Nos objetificamos para ser escolhidas. Geramos insegurança entre nossas iguais. Baixamos nossa autoestima. Acreditamos que nossa felicidade está em ser de um homem.

Não responsabilizamos os homens pelo abandono paterno. Ela engravidou porque quis. Deu o golpe da barriga. O sujeito que deixou seu esperma depositado naquele útero acredita e faz acreditar que ele é a vítima. Mesmo se ele o fez sem consentimento.

Reforçamos a cultura do estupro quando não acreditamos na palavra da mulher, ou a culpamos pelo ocorrido. Não deveria estar usando aquela roupa. Não deveria estar naquele lugar. Nos esquecemos de que estupro acontece com quem usa minissaia, mas também acontece com quem usa burca, e até com quem usa fraldas. Estupro acontece até dentro do casamento, pelo marido que entende que casamento é consentimento vitalício para uso do corpo da esposa.

Nos julgamos pela roupa, pelo corte de cabelo, pela cor do esmalte, ou pelas unhas sem fazer. Pelo peso. Pelo tamanho do quadril ou da cintura. Cabelo grisalho em mulher é desleixo, em homem é charme. Homem pode envelhecer. Mulher que envelhece perde seu valor.

Reforçamos a cultura da pedofilia, a cultura machista e a misoginia quando naturalizamos e reproduzimos a rivalidade feminina. As mensagens negativas que passamos de uma para a outra. Quando aceitamos a ideia de que mulher precisa se manter jovem. Alimentamos o etarismo. Nos submetemos a procedimentos estéticos que padronizam nosso rosto e nosso corpo. Morremos em busca de atingir um padrão inatingível.

Entender a perfeição de envelhecer não é inocência, é necessidade. A mudança que queremos para o mundo começa em nós. Deixe a rivalidade de lado. Sejamos aliadas. Não alimente o que nos destrói. Faça as pazes com o espelho. Deixe de lado o inatingível. Nossa beleza não tem padrão. Nossa sororidade nos fortalece. A rivalidade feminina precisa ficar no passado.

#oamoréoquenosune

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