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Radicais de Facebook


postado em 25/03/2019 11:30

Dois ex-presidentes presos em menos de um ano, outro destituído, o atual com um dos filhos parlamentares questionado, não nos fazem um país “normal”. Nem se olharmos pela vertente mais condescendente do combate à corrupção que leva ao delírio os radicais de Facebook.

 

É duvidoso que a exibição cinematográfica das prisões de políticos por policiais vestidos e armados como se fossem enfrentar terroristas no Afeganistão tenha efeitos redentores, se o que gera tais aberrações continua intacto – e intacto continuará enquanto a sua correição se fizer estritamente pelo lado criminal, conforme os projetos anticrime levados ao Congresso pela equipe da Lava-Jato.

 

A corrupção na política, tanto quanto o déficit fiscal, o rombo da Previdência, a inflação que não justifica os juros extremos, é só sintoma de algo grave. Como febre, tontura, zumbido no ouvido. Ou se vai fundo nas causas do sintoma ou o organismo colapsa, como estamos a assistir. A doença está no setor público e seus arredores.

 

O Estado brasileiro foi formatado, e assim está na Constituição de 1988, para poucos dele se beneficiarem sem esforço à custa da massa de desinformados. Aproveitadores brotam como capim, a maioria sob a proteção de leis que garantem as regalias da elite da burocracia – os “direitos adquiridos”, como a corte suprema nos obriga a aceitar a aquisição de direitos seletivos, não universais como define a Carta: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”.

 

Quem investiga, pune, controla, legisla, todos são parte da mesma estrutura estatal, ainda que às vezes entrem em conflito uns com os outros em guerras fratricidas de poder disfarçadas de lutas do bem contra o mal, a narrativa atual do antigo “nós e eles”. Agem como a nobreza dos regimes absolutistas – de costas para o país.

 

Este é o choque que já fez o país perder, desde o início da crise fiscal que abalou a economia legada pelo governo de Dilma Rousseff, uma produção potencial do tamanho da Alemanha, quarta maior potência econômica do mundo, implicando a disparada do desemprego. O eco da crise sobre o resto é o resultado da intensa disputa entre quem não abre mão de nada e a maioria empobrecida da sociedade, parte da qual acaba em meio ao fogo cruzado dos manipuladores de redes sociais.

 

O choque entre os poderes

 

O esgotamento da capacidade de gasto dos governos e de financiá-lo via impostos e endividamento viria cedo ou tarde, devido às amarras orçamentárias impostas pela Constituição e por leis ordinárias, de modo que há seis anos, incluindo 2019, o Tesouro Nacional fecha as contas com déficit primário (que não inclui o pagamento de juros).

 

O choque entre os poderes, com o Supremo Tribunal Federal desafiado pelo Ministério Público e juízes da Lava-Jato, Executivo torpedeando a relação com o Congresso, que, por sua vez, não aceita mais servir de saco de pancada, tudo isso antecipa a exaustão do modelo de governança institucional que já não inspirava confiança.

 

Uma governança disfuncional, a rigor, desde o escândalo do mensalão. É quando as corporações, como do sistema de Justiça, acharam espaço para impor suas reivindicações. E isso coincidindo com a tentativa do governo da época de acelerar o crescimento por meio do dirigismo de grandes obras tocadas por grupos privados bancados por bancos e fundos paraestatais, com a mediação de partidos. Essa é a narrativa do que aconteceu. Ou a real narrativa da Lava-Jato.

 

Assepsia política na marra

 

Os movimentos corretivos dessa situação de fim de linha da economia dirigida pelo Estado e da política vitaminada por empreiteiras e Cia. por meio de fundos públicos desviados para partidos é que hoje estão em crise. As eleições renovaram boa parte da política. E a renovação dos poderes não eleitos?
Uma parte das instâncias públicas de controle e de justiça ampliou o escopo dos casos de corrupção para algo que tende a ter a dimensão de uma tentativa de assepsia de toda a política, sem contar com o aval do topo da hierarquia dos tribunais superiores, especialmente com as prisões provisórias de suspeitos que nem réus ainda são, caso do ex-presidente Michel Temer. A sensação não é de que o piloto sumiu. É que lhe agrada o alarido no Facebook da desordem das instituições.

 

A distração dos sem noção

 

Confusão política é tudo o que anseiam as corporações que querem seu quinhão primeiro, sabendo-se que a reforma da Previdência visa focar a redução dos privilégios. Mas não foi isso que sugeriu o presidente ao enviar ao Congresso a proposta de reforma do plano previdenciário dos militares, associado à revisão de carreiras e soldos.

 

Se uma categoria de servidores tem seu pleito atendido, é certo que outras mais também vão querer manter ou ampliar o seu status quo. E voltamos à estaca zero, ou seja, ao Estado como a vaca a caminho do brejo. E desatendido o interesse difuso da maioria da população – os 70% que se aposentam por idade com um salário mínimo, convocados a dar sua contribuição por patriotismo. Esse é o bastidor da crise.
Mas, claro, é mais fácil recorrer à “lacração” nas redes sociais e, sabe-se lá por qual razão, queimar reputação de quem se destaca por fazer o trabalho que o governo, exceto o ministro Paulo Guedes, não faz, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Esse é o tumulto criado pelos sem noção. Tudo mais é distração.

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