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Viajar para degustar e descobrir a tradição de um bom sorvete

Vinte e três de setembro é considerado o dia nacional da iguaria que, por trás de seu inigualável sabor, carrega boas histórias


16/09/2020 04:00

Sorvete de creme com profiterole da antiga La Basque, que fechou as portas na capital (foto: Pedro Motta /EM/D.A Press %u2013 17/10/05)
Sorvete de creme com profiterole da antiga La Basque, que fechou as portas na capital (foto: Pedro Motta /EM/D.A Press %u2013 17/10/05)
Tenho uma inveja danada do banqueiro Aloyzio de Faria. Não por ele ter uma fortuna pessoal avaliada em R$ 9 bilhões, não por ter uma fazenda em Jaguariúna (SP), construída com pedras que vieram da Inglaterra, não por completar em novembro 100 anos, sem aparecer nunca em lugar nenhum, mas dirigindo com mão de ferro seus negócios, não por honrar sua formação como médico, doando uma boa grana para hospitais (como a Santa Casa de Misericórdia).

Tenho uma inveja danada do banqueiro mineiro por ele adorar sorvete. Tanto que mandou buscar nos Estados Unidos alguns especialistas na delícia e criar uma sorveteria sua, a La Basque, onde sugere com cuidado os sabores de que mais gosta – e que não deixa de consumir durante toda a semana. Aloyzio Faria foi casado durante sete décadas com a linda Cléa Dalva Faria, que frequentava com sucesso a sociedade mineira e a paulista, mas nunca foi de aparecer. Durante o tempo em que morava em BH, só era visto pelos amigos fiéis – e assim continua até hoje. Mas a sua sorveteria, que tinha alguns pontos de venda na capital e na Savassi, sumiu do mapa.

E como adoro sorvete, mas não tenho seu poderio financeiro, vivo correndo atrás de um bom sorvete – que fica cada vez mais difícil de ser encontrado. Costumo experimentar sorvete por onde andava através do mundo e descobri, em Paris, o Berthillon, que fica em Saint-Louis-en-ille, ou, melhor dizendo, na Ilha de Saint Louis. O sorvete é divino, feito realmente com as frutas, sem levar nenhuma essência. Nos dias de calor, é preciso ter tempo, longas filas se formam na porta. Mas a especialidade tem outros pontos de venda, sendo anunciados nos cardápios.

Mas como os italianos não são de brincadeiras, o sorvete que é feito na pequena San Gimignano, na Toscana, é promovido com o melhor de tudo no mundo. E a responsável é a Gelateria Dondoli, cujo rei é o castagnaccio, preparado com castanha triturada. Outras especialidades são as feitas com açafrão e nozes, o de toranja com espumante e até um com azeitona preta.

A tradição conta muito, uma das primeiras embaixadoras do sorvete foi Catarina de Médici, que – imaginem só – levou a iguaria gelada para a França. Mas, na realidade, o gelato italiano nasceu mesmo foi em Florença e os primeiros registros de sua existência aparecem no século 1, quando o imperador romano Nero mandou que trouxessem neve das montanhas para que ele pudesse misturar com frutas frescas. Mas foi na festa de casamento de Maria de Médici, depois do século 16, que o sorvete italiano ficou conhecido como gelato.

Viajar e descobrir sorvetes é uma boa. E foi em Belém do Pará, onde fui algumas vezes, que descobri a Sorveteria Cairu, que fica em uma praça, perto de uma igreja e que produz vários sabores feitos com frutas da região. O melhor deles, para mim, é o de cupuaçu, seguido de perto pelo de bacuri, que tem um leve sabor de maçã. E depois da descoberta da sorveteria, com o calor da cidade, os passeios do dia terminavam sempre lá, renovando a energias para a noite.

Em Belo Horizonte, a tradição do sorvete começou há 90 anos, quando um garimpeiro criou a São Domingos, que continua funcionando no mesmo lugar, na Avenida Getúlio Vargas. A casa mantém a tradição italiana, de produzir o “gelado” com leite e mais de 30 sabores, sendo o mais apreciado o de coco. É também das poucas sorveterias que têm algumas variedades diet, cuidado que não é muito comum. A Easy Ice apareceu para balançar a especialidade e continua sempre em alta, mas seu sucesso criou uma série de concorrentes, e o Bacio di Latte é sem dúvida um competidor e tanto. Cresceu e se espalhou por vários pontos de venda, usando o delivery como atração extra. E para quem está com vontade de provar um sorvete bem especial, comece com um de manga, cuja temporada está ficando boa. Explicação:  23 de setembro é considerado o Dia Nacional do Sorvete.

* A coluna desta quarta-feira (16) foi escrita antes de o banqueiro Aloyzio de Faria falecer, aos 99 anos, de causas naturais. 

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