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Conheça os principais mitos sobre o comportamento suicida

Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) quer desmitificar o tabu em torno do assunto


12/09/2020 04:00 - atualizado 11/09/2020 20:21

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha ocorre durante todo o ano. O trabalho surgiu para disseminar informações que podem auxiliar a sociedade a desmitificar o tabu em torno do assunto e ajudar médicos a identificar seus fatores de risco, tratar e instruir seus pacientes. Já abordamos o assunto nesta coluna, porque ele está em pleno crescimento, principalmente entre os jovens.

Não é uma abordagem muito simples, porque o suicídio é tabu internacional. Tanto que as notícias de suicídio não são publicadas em jornais – a menos que o ato provoque situações envolvendo outras pessoas, outros problemas. São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos  estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Mas, afinal, o que leva uma pessoa a pensar em suicídio ou a chegar a cometê-lo? “O comportamento suicida envolve desde pensamentos até planos e a tentativa de suicídio. Trata-se de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Sendo assim, o pensamento suicida deve ser considerado como o desfecho de uma série de variáveis que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser levados em conta apenas determinados acontecimentos pontuais de sua vida”, afirma a psiquiatra Danielle H. Admoni, especialista pela ABP e psiquiatra geral da Unifesp.

Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para a formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. “O estigma resulta de um processo em que as pessoas passam a se sentir envergonhadas, excluídas e discriminadas”, reforça Danielle. Para auxiliar o entendimento e desmitificar o tabu em torno do assunto, a ABP listou os principais mitos acerca do comportamento suicida:

1. O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre-arbítrio.

Falso. Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade, interferindo em seu livre-arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio.

2. Quando uma pessoa pensa em se suicidar, terá risco de suicídio para o resto da vida.

Falso. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.

3. As pessoas que ameaçam se matar  querem apenas chamar a atenção.

Falso. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. De alguma forma, boa parte dos suicidas expressou seu desejo de se matar, seja para médicos, familiares ou amigos.

4. Se uma pessoa que pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, significa que o problema já passou.

Falso. Se alguém cogitou o suicídio, mas depois aparenta estar tranquilo, não significa que tenha desistido da ideia. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode se sentir aliviado simplesmente por ter tomado a decisão de se matar, passando aos outros a impressão de que já está tudo bem.

5. Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.

Falso. Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, após uma tentativa felizmente fracassada. A semana que se segue à alta do hospital é um período em que a pessoa está particularmente fragilizada. Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida, muitas vezes, continua em alto risco.

6. Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.

Falso. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário. Falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

Para outra especialista no assunto, Cristiane Romano, fonoaudióloga, mestre e doutora em ciências e expressividade pela USP, algumas situações simples do dia a dia podem sinalizar que uma pessoa precisa de ajuda. “O sofrimento causado pela ansiedade social, por exemplo, afeta negativamente a vida do indivíduo, fazendo com que qualquer interação signifique um tormento à pessoa”. O grande problema, segundo a fonoaudióloga, é confundir esse tipo de comportamento com uma simples timidez. “Já atendi muitos pacientes com dificuldade para falar em público, ou até mesmo para se socializar e, ao longo do tratamento, foi constatado que o problema era bem mais grave do que um simples bloqueio de comunicação. Nesses casos, a orientação é buscar apoio psicológico e ou psiquiátrico.” 

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