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Estado de Minas Dr. André Murad

Eficácia do rastreamento para câncer

Exames de rastreamento diagnosticam cerca de 14% de todos os cânceres"


29/01/2023 04:00

Ilustração

 
Atualmente, as diretrizes recomendam o rastreamento ou exames de triagem para apenas quatro tipos de câncer, e a adesão às diretrizes costuma ser baixa.  No entanto, os testes de triagem levam ao diagnóstico de cerca de 14% de todos os cânceres nos Estados Unidos, de acordo com um novo estudo recentemente publicado.
 
O rastreamento é recomendado para cânceres de mama, colo uterino, colorretal e de pulmão, de acordo com a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA.  Esses quatro representam cerca de 29% de todos os cânceres e cerca de 25% das mortes relacionadas ao câncer nos EUA.
Há também um teste de triagem para câncer de próstata, embora seja considerado ainda controverso, e não recomendado de forma unânime pelas sociedades médicas que padronizam esses rastreamentos.
 
Não há testes de triagem para outros tipos de câncer, que tendem, consequentemente, a ser diagnosticados depois que uma pessoa desenvolve sintomas, apontam os autores do estudo. Os diagnósticos geralmente são feitos quando o câncer atinge um estágio avançado, tornando-o mais difícil de ser tratado e curado. Esses diagnósticos representam 70% das mortes relacionadas ao câncer.
 
O estudo foi conduzido no National Opinion Research Center (NORC) da Universidade de Chicago.  A capacidade do sistema de saúde de rastrear o câncer, que é essencial para o diagnóstico precoce e tratamento eficaz, ainda tem um longo caminho a ser percorrido. É preciso haver mais opções de triagem para detectar mais cânceres e melhorar os resultados para os pacientes.
 
Variação entre tipos de 
câncer e dados demográficos

Esta é a primeira vez que a proporção de cânceres detectados anualmente por meio de testes de triagem foi calculada, apontam os pesquisadores do Norc.  Eles desenvolveram um método para estimar a porcentagem de cânceres detectados por triagem (PCDS) usando dados de incidência anual do National Cancer Institute; dados de triagem autorrelatados da Pesquisa Nacional de Informações sobre Saúde; estimativas de eficácia do teste de triagem, extraídas da literatura publicada; e estatísticas estaduais de câncer usando o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais. A equipe do Norc estimou o PCDS geral nos Estados Unidos em 2017. Eles se concentraram principalmente nos quatro tipos de câncer para os quais programas específicos de rastreamento de câncer estão disponíveis.  Eles também incluíram o PCDS para câncer de próstata.
 
O PCDS variou amplamente entre os tipos de câncer. As taxas mais altas foram observadas para o câncer de próstata e as mais baixas para o câncer de pulmão.  Estima-se que mais de três quartos dos casos de câncer de próstata (77%) foram diagnosticados pelo exame de PSA, dados os altos índices da doença e o sobrediagnóstico relatado. Cerca de 61% dos cânceres de mama foram detectados através da mamografia. A incidência de câncer do colo do útero é baixa e mais da metade dos casos (52%) são diagnosticados com Papanicolau. As taxas foram menores para o câncer colorretal, para o qual 45% dos casos diagnosticados foram detectados por algum tipo de rastreamento. Apenas 3% dos cânceres de pulmão foram detectados por triagem.

Abordagem personalizada é 
considerada a mais apropriada

 O objetivo principal dos exames de rastreamento é detectar o câncer em estágios iniciais antes que se torne sintomático. Quanto mais cedo são detectados, menos provável é encontrá-los em estágios avançados, o que propicia maiores possibilidades de cura efetiva. Embora as ferramentas de triagem tenham sido estudadas em níveis populacionais e tenham sido consideradas eficazes, há necessidade de individualização. Os benefícios da mamografia foram demonstrados, por exemplo, mas algumas mulheres podem precisar de exames adicionais se tiverem alta densidade mamária. 
 
Para se determinar a ferramenta de triagem ideal, devemos sempre avaliar o paciente e seu histórico pessoal – não podemos afirmar que todos devem fazer o mesmo exame sempre. É impraticável dizer, por exemplo, que uma ressonância magnética é o melhor exame para todas as mulheres e em todas as situações. Além disso, resultados falso-positivos podem levar a testes desnecessários e estresse.  Todas as mulheres devem fazer uma mamografia, mas a triagem adicional deve ser baseada no risco pessoal. Por isso, a tendência na atualidade é a proposta de que esses exames sejam individualizados caso a caso, sempre levando-se em consideração os fatores de risco de cada indivíduo, quer sejam eles ambientais ou hereditários.
 
 O mesmo se aplica a outros testes de triagem. O tempo-padrão para uma colonoscopia é a cada 10 anos, mas mesmo isso é personalizado. Com base na história e risco de cada indivíduo, o médico pode sugerir que o exame seja feito a cada 3 a 5 anos. Algumas vezes, um teste genético para detecção de predisposição hereditária deve ser solicitado. A mesma individualização deve ser proposta para a data de início e a periodicidade dos exames de Papanicolau e de PSA.
 
Os autores também comentaram sobre as taxas de adesão à triagem, que diferiram em situações distintas. A falta de acesso a cuidados ou seguro-saúde pode desempenhar um papel importante em situações onde as taxas de triagem são muito baixas ou menos inadequadas. Por isso tais consultas e exames devem sempre estar disponíveis nos sistemas públicos de saúde, para que possam ser largamente utilizados pelo conjunto da população. 

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