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Sensatez é preciso. O que não começa bem, em geral não acaba bem

Acirram-se os ânimos dos dois lados, com mais velocidade que em 1930. Aqueles eram tempos de trem, navio, telegrama, jornal impresso


11/01/2023 04:00

invasão do planalto
Os mais radicais usaram a massa de gente pacífica - que talvez tenha acordado quando o estrago já estava feito. E se assemelharam aos extremismos anteriores (foto: Evaristo Sá/AFP)

Domingo, 8 de janeiro, é um dia que ainda não terminou. O que não começa bem, em geral não acaba bem. Em 47 anos de Brasília, vi muitas invasões de prédios públicos, ministérios e Congresso, com fogo e depredações, sempre de esquerda e apelidados de movimentos sociais. Nunca vi a invasão simultânea das sedes dos três poderes, e pela direita, com depredações. Os mais radicais usaram a massa de gente pacífica – que talvez tenha acordado quando o estrago já estava feito. E se assemelharam aos extremismos anteriores, com a diferença de que passaram a ser chamados de terroristas, não de movimentos sociais. Em 1.500 prisões, o auditório da Academia da Polícia Federal foi depositário de detidos, lembrando o Estádio Nacional do Chile, quando Pinochet derrubou Allende. Metade agora liberada. Prisões decretadas pelo ministro Moraes, mas que caíram no colo de Lula.

No despacho que determinou a remoção dos acampamentos, a detenção dos ônibus, o afastamento do governador, Moraes comparou a situação com os primórdios da 2ª Guerra, em que Chamberlain cedeu a Hitler em nome da pacificação. “A democracia brasileira não irá aceitar mais a ignóbil política de apaziguamento.” Foi uma declaração de guerra, como a que ele já havia anunciado no discurso de posse na presidência do TSE. A invasão de domingo foi equivalente à entrada dos alemães na Polônia, pela comparação do ministro Moraes. E os presos no ginásio – idosos, mulheres, crianças –, semelhantes aos judeus da época. Parece declarada a guerra, país dividido ao meio. Ânimos à flor da pele, a ponto de o presidente querer mencionar “nazistas” e pronunciar “estalinistas”, num ato falho. Extremos se assemelham nos métodos.

Acirram-se os ânimos dos dois lados, com mais velocidade que em 1930. Aqueles eram tempos de trem, navio, telegrama, jornal impresso. Hoje, o mundo digital torna tudo instantâneo. Depois de domingo, na segunda-feira, manifestações contrárias às de domingo, nas principais capitais. O que vai ser? Camisas vermelhas versus amarelas? “Fascistas” versus “comunistas”? Deputados e senadores, presidente da República, ministros do Supremo, com um pouco de humildade, precisam perceber que não são os donos do país nem das pessoas, mas servidores dos brasileiros. Defendam a democracia, sobretudo praticando-a, com respeito à Constituição, ao eleitor que os elege e ao contribuinte que os sustenta. E, sobretudo, mantenham olhos e ouvidos bem abertos para entender o que quer a diversidade de seu povo, seu mandante. Liberdade e ordem são essenciais para esse exercício. Em democracia, os diferentes convivem.

No day after, uniram-se em Brasília os chefes dos três Poderes, os 27 governadores, PGR, frente de prefeitos. Sobressai o discurso da sensatez no momento crítico, do governador do mais poderoso estado. Tarcísio de Freitas disse: “Peço a Deus que nos proporcione sabedoria para que a gente construa a pacificação, lembrando que a pacificação demanda gestos. Gestos de todos. Gestos do Judiciário, gestos do Legislativo, gestos do Executivo, gestos dos estados. A gente tem que aprender a construir gestos para que a gente possa ter, no final das contas, desenvolvimento e dignidade, que só serão alcançados por meio de diálogo”. É a forma sensata de tentar inverter o destino daquilo que, começando mal, termina pior.

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