

Sem expectativa de poder, não há negócio
Líderes partidários do Centrão estão à espreita da reforma ministerial para ampliar espaços de suas respectivas legendas em postos-chave do governo federal
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Em início do ano legislativo, a máxima vale para governantes que entram em contagem regressiva para o fim de seus mandatos: com os olhos bem abertos para 2026, deputados que integram as bases de governo não hipotecam qualquer garantia de que, para além do plenário, poderão respaldar as reeleições ou candidaturas da situação. Só o farão se forem competitivas. Mas se os cenários prospectivos sugerirem a deriva iminente, sejam capitães ou não, irão se lançar ao mar sem olhar para trás. No plano federal essa realidade política assume contornos nítidos e dramáticos.
Fortalecidos pelo passeio que representaram as eleições de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), líderes partidários do Centrão estão à espreita da reforma ministerial para ampliar espaços de suas respectivas legendas em postos-chave do governo federal. Mas num momento de queda da popularidade de Lula (PT), algumas dessas lideranças prefeririam comer com a mão do gato: ampliar a representação no governo, sobretudo assumindo o controle da coordenação do governo, assim ampliando o acesso aos recursos públicos.
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Ao mesmo tempo em que indicariam esses nomes, evitariam deixar o DNA de demasiada proximidade com Lula. O presidente lidera, neste momento, os cenários eleitorais para 2026. Se assim não se mantiver, deputados poderiam facilmente lavar as mãos, sem assumir o desgaste junto ao eleitorado mais radical de direita.
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Em que pese integrar postos na coordenação do governo seja a perspectiva cultivada, deputados que já se sentem verdadeiras “unidades orçamentárias”, com o status conferido pelas emendas parlamentares. Para eles, ainda mais prioritário do que arrancar posições no governo Lula é se acertar com Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Dino ousou cobrar mais transparência na destinação das emendas que alcançaram em 2024 R$ 50 bilhões.
Apesar da razoabilidade das exigências, é consenso nas duas casas legislativas que em ano que antecede o pleito, esta é a mãe de todas as guerras. Pretendem defender com a vida o que chamam de “prerrogativas” do Congresso. Para isso, estão dispostos a tensionar os dois outros poderes, exigindo igual transparência em gastos de viagens, e, no caso do Judiciário, eventuais cachês para participação em palestras. Se de fato o confronto se radicalizar nessa linha, ganhará a opinião pública.
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Se no plano federal o jogo da reeleição ainda está em aberto e as incertezas se refletem na relação com o Congresso, a recíproca é verdadeira para Minas Gerais. Todas as interrogações em relação à sucessão de Romeu Zema – uma corrida pelo momento liderada pelo senador Cleitinho (Republicanos) – vão se refletir na Assembleia Legislativa. Boa parte dos deputados estaduais da base zemista aguarda a definição do jogo para se posicionar em relação a 2026. E o fará de acordo com as probabilidades de vitória. Até lá, deputados pretendem adotar a cautela em matérias polêmicas.
“O poder é o afrodisíaco supremo”, costumava recitar o controverso Henry Kissinger, expoente do pragmatismo político, de proeminente presença na política externa norte-americana entre 1969 e 1977. Delfim Netto gostava de parafraseá-lo. Alguma razão deve ter.
Didático
O presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite, resumiu em números a diferença entre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ao qual o governo do estado aderiu judicialmente, e o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag), do qual foi um dos articuladores. “Independentemente de derrubar vetos, o Propag é infinitamente melhor: no RRF, nos próximos 30 anos, o estado gastaria R$ 300 bilhões a mais do que no Propag”, disse.
Bonés
Em resposta aos bonés azuis usados pelos ministros de Lula com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, durante a eleição das mesas da Câmara e Senado no sábado passado, a bancada do PL mandou fazer bonés verde e amarelo: “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. Os deputados mineiros Domingos Sávio (PL) e Junio Amaral (PL) surfaram na onda.
As canoas
O primeiro suplente da Federação PSDB-Cidadania, Reinaldo Oliveira Batista, move ação de impugnação de mandato eletivo contra o vereador eleito Leonardo Ângelo (Cidadania). Reinaldinho, como se apresentou na urna, alega que Leonardo Ângelo teria se beneficiado de recursos da campanha de Mauro Tramonte (Republicanos), embora a federação tenha se coligado a Fuad Noman (PSD).
Vazou
Segundo Reinaldinho, entre os dez coordenadores regionais de campanha de Mauro Tramonte, sete desempenharam funções de coordenação na campanha de Leonardo Ângelo. Esses coordenadores teriam subcontratado juntos cerca de 40 pessoas, que também trabalharam para o vereador. De acordo com a ação movida por Reinaldinho, Leonardo Ângelo não teria declarado à Justiça Eleitoral esses recursos. Algumas das informações que constam na ação foram extraídas das conversas mantidas no grupo de WhatsApp criado por Leonardo Ângelo para se comunicar com os coordenadores de sua campanha.
Mais duas
Outros dois primeiros suplentes brigam na Justiça Eleitoral pela cadeira de vereadores eleitos. O ex-vereador Preto (União) entrou com ação contra a vereadora eleita Janaína Cardoso (União) acusando-a de uso irregular durante a campanha de uma unidade móvel de saúde denominada “Carreata da Saúde”. Já o ex-vereador Rubão (Podemos), primeiro suplente, move ação contra Lucas Ganem (Podemos). Segundo ele, o vereador eleito é paulista e não possui domicílio eleitoral em Belo Horizonte.