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Estado de Minas

BR-381 recebe meio bilhão de reais, mas obras não avançam

De maio de 2014 até o mês passado, foram liberados R$ 528,2 milhões para duplicação da BR-381 sem que a obra avançasse. Promessa de entrega do trecho em Minas em 2016 não se concretizou


postado em 31/07/2017 06:00 / atualizado em 31/07/2017 07:54

Próximo a Caeté, previsão inicial para a conclusão da obra era este mês, o que novamente não se confirmou(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Próximo a Caeté, previsão inicial para a conclusão da obra era este mês, o que novamente não se confirmou (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

A duplicação da BR-381 ultrapassou em junho a marca de meio bilhão de reais em investimentos públicos. De maio de 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff assinou a ordem de serviço da obra, até o mês passado foram desembolsados R$ 528,2 milhões com a obra viária mais importante de Minas Gerais.

O valor seria motivo de comemoração não fosse um detalhe que chama a atenção: três anos após as máquinas começarem a trabalhar, nenhum metro de asfalto foi entregue aos usuários da rodovia.

Segundo informações do Ministério dos Transportes – obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação – o montante gasto com a execução das obras até agora foi de R$ 474,7 milhões, além de R$ 17,5 milhões gastos na gestão ambiental do empreendimento, R$ 17,4 milhões no gerenciamento e mais R$ 17,6 milhões na fiscalização das obras.

O valor total informado pelo ministério, que ultrapassou meio bilhão de reais, não inclui os gastos com desapropriações e reassentamentos de moradores das margens da rodovia.

De acordo com os editais lançados em 2014, em evento que reuniu em palanque centenas de ministros, deputados e prefeitos da região em Ipatinga, no Vale do Aço, pelo menos cinco trechos da Rodovia da Morte – dos oito trechos em que a obra nos 303 quilômetros entre a capital mineira e Governador Valadares foi dividida – já estariam entregues duplicados aos motoristas e passageiros.

Os trabalhos começaram a todo vapor em 2014, quando foram montados os canteiros de obras e espalhadas faixas anunciando a duplicação ao longo da rodovia.

Trecho que leva a Barão de Cocais deve ficar pronto até o final do ano, segundo estimativa do Dnit em Minas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Trecho que leva a Barão de Cocais deve ficar pronto até o final do ano, segundo estimativa do Dnit em Minas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

“Os projetos estão todos aprovados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e as empresas estão mobilizadas”, afirmou o então ministro dos Transportes César Borges, que prometeu inaugurar os primeiros trechos em 24 meses. “Eu vou olhar também o ritmo dessas obras junto às empresas responsáveis”, prometeu Dilma.

DEVOLTA À ESTACA ZERO Apenas em dois lotes as obras estão em andamento atualmente. Nos editais dos lotes 1 e 2, entre Governador Valadares e Jaguaraçu, o prazo determinado às empreiteiras para conclusão das obras era o segundo semestre de 2016.

Passado mais de um ano, as obras nos dois lotes voltaram à estaca zero e um novo edital para estudos técnicos será relançado em setembro. A mesma situação se observa em outros quatro lotes, que não têm previsão para início das obras.

As desapropriações às margens da BR também esbarram nas indefinições e falta de planejamento e de verbas. No final de 2014, os órgãos federais começaram um mapeamento das habitações próximas da pista e a previsão era que as desapropriações necessárias para a duplicação fossem feitas até este ano. No entanto, os moradores não têm mais notícia sobre os próximos passos da obra.

“No início de 2015, o pessoal do Dnit e da Justiça esteve aqui no bairro. Fizeram fotos das casas e nos avisaram que ainda naquele ano as desapropriações começariam. Mediram tudo e avisaram a gente para não construir mais nada, que tudo seria derrubado em breve e a rodovia passaria bem no meio do bairro.

Desde então, não voltaram. Acho que desistiram dessa obra”, conta Severino Roberto Ferreira, que mora no Bairro Bom Destino, em Santa Luzia, há mais de 30 anos.

Próximo ao Anel Rodoviário de BH, em trecho que deve ser desapropriado para a obra de duplicação, os moradores de bairros vizinhos à Rodovia da Morte já não contam mais com o seguimento da obra.

“Acho que neste lote, mais próximo de Belo Horizonte (lote 8), não deve ter obra tão cedo. Foi feito um projeto há alguns anos, quando a obra começou, mas ele foi cancelado e não tem previsão para refazê-lo porque o governo não tem mais dinheiro. Quem sabe daqui a 15 ou 20 anos”, diz Márcio Antônio Moreira, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Borges.

1ª LIBERAÇÃO ATÉ DEZEMBRO  O trecho mais avançado da obra de duplicação está entre os municípios de Caeté e Itabira (lote 7). A previsão inicial para a conclusão da via nesse trecho era para este mês, mas, até agora, nenhum metro de asfalto ficou pronto.

No final do mês passado, após liberação de uma licença ambiental para o funcionamento de uma das usinas de concretagem, a pavimentação de trechos que foram terraplanados e a construção de um viaduto de 600 metros na altura em Roças Novas voltaram ao ritmo normal.

Em abril, o superintendente do Dnit em Minas, Fabiano Cunha, anunciou em reunião com comerciantes em João Monlevade que pretende entregar os primeiros trechos ainda este ano.

“Estamos verificando a liberação de 13 quilômetros de pista nova entre os trevos de Itabira e Barão de Cocais”, informou o superintendente. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a previsão de entregar os primeiros trechos até o final do ano está mantida.

Desde março, empresários e parlamentares mineiros aumentaram a pressão para que a obra não sofresse com mais paralisações.

Como alguns túneis e trechos terraplanados foram finalizados em 2015 sem que fossem feitas ligações com a rodovia, a preocupação era que parte das obras já entregues ficassem abandonadas ao longo da estrada e desperdiçassem milhões dos cofres públicos.

Com os R$ 340 milhões incluídos no orçamento deste ano, a expectativa é de que pelo menos os serviços já feitos não sejam perdidos.

 

 


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