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Estado de Minas

Ex-diretor da Petrobras diz que Jaques Wagner recebeu propina para campanha

Em depoimento à Polícia Federal, delator Paulo Roberto Costa, afirmou que recursos da estatal irrigaram as campanhas eleitorais de Jaques Wagner para o governo da Bahia


postado em 18/10/2015 07:00 / atualizado em 18/10/2015 07:51

(foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil)
(foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil)

Brasília - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Polícia Federal que o novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, teve campanha eleitoral ao governo da Bahia beneficiada com o esquema de desvios de dinheiro na estatal. O delator da Operação Lava-Jato afirmou que eleições para o governo estadual e para as prefeituras foram abastecidas com “a remessa de recursos da companhia para o estado da Bahia, a fim de financiar o Partido dos Trabalhadores”. Ele não menciona o ano das campanhas — o ministro venceu as disputas de 2006 e 2010. O delator sustenta que os recursos foram viabilizados pela Gerência Executiva de Comunicação, subordinada ao então presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, ex-secretário de Planejamento do governo de Wagner (2007-2014). Apesar de dizer que sua convicção está baseada em “boatos internos” da petroleira, Paulo Roberto declarou que uma auditoria poderia confirmar a acusação. “O declarante acredita que, se forem auditados os contratos da Gerência Executiva no estado da Bahia, serão encontradas irregularidades”, disse Paulo Roberto ao delegado Josélio Azevedo Sousa, em depoimento de 22 de julho.

 

A assessoria do ministro desqualificou as afirmações do delator: “Trata-se de tentativa requentada de envolver o ministro Jaques Wagner na questão”. “Tais tentativas foram sempre baseadas em ilações ou depoimentos que não apresentam qualquer evidência ou conexão com a realidade.” Ao menos até o momento, o ministro é citado na Lava-Jato, mas não foi arrolado como investigado em inquéritos na operação. Procurada desde 18 de setembro para comentar o caso, a petroleira não esclareceu se fez auditorias na Gerência Executiva de Comunicação. “A Petrobras não teve acesso aos depoimentos”, disse a empresa em nota. Gabrielli não retornou os pedidos de esclarecimentos feitos por meio de ex-assessores, mas ele já negou participação em esquemas de corrupção.

 

Wagner assumiu semana passada o cargo de chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, em substituição a Aloizio Mercadante, que voltou para a Educação. Desde a deflagração da Operação Lava-Jato é o quarto titular ou ex-ocupante da pasta citado como beneficiário do esquema, embora nenhuma referência diga respeito à atuação na Casa Civil. José Dirceu, preso e acusado criminalmente, Antônio Palocci e Gleisi Hoffman, investigados, são os outros. Mercadante é alvo de um inquérito de caixa dois no Supremo Tribunal Federal derivado da Lava-Jato. Todos negam as acusações.

AGÊNCIAS

 

O depoimento de Paulo Roberto foi prestado no Rio de Janeiro, onde o ex-diretor de Abastecimento cumpre penas alternativas, fruto de seu acordo de colaboração premiada com investigadores do caso. Na Superintendência da PF no estado, ele afirmou que uma negociação para pagar as agências de publicidade Muranno e Mistral foi “a única ocasião” em que “tratou claramente de corrupção” com Gabrielli, ex-presidente da estatal. Ele disse que “seria mais provável” que o então presidente da Petrobras tratasse desses assuntos com Renato Duque, ligado ao PT e então diretor de Engenharia da estatal, por onde passavam quase todas as licitações.

 

Mas, a seguir, Paulo Roberto acrescenta o episódio das campanhas eleitorais na Bahia. Ele disse que a Gerência Executiva de Comunicação, subordinada diretamente a Gabrielli, era comandada por João Santarosa, sindicalista ligado ao PT, assim como era o chefe de gabinete do presidente da estatal, Armando Tripodi. A reportagem não localizou os dois.

 

O depoimento foi anexado a um relatório do delegado Josélio Azevedo para pedir depoimento de várias testemunhas no maior inquérito da Lava-Jato no Supremo — o que apura se uma organização criminosa montou um esquema de desvios de dinheiro, corrupção e lavagem na Petrobras com a participação de, ao menos 39 políticos e operadores. Com base no pedido, o relator do caso no STF, Teori Zavascki, determinou o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma série de políticos do PMDB, PP e PT. O delegado não solicitou o depoimento de Wagner, mas sim de Gabrielli e Lula. No inquérito, o trio não foi arrolado no rol de investigados, ao menos até o momento.

Gerente demitido 

A assessoria de Wagner afirmou que as campanhas eleitorais de 2006 e 2010, que elegeram o ministro governador da Bahia, não tiveram nenhum apoio de Gabrielli. O ministro disse ignorar participação de Tripodi e Santarosa nos pleitos e qualquer apoio do ex-presidente da Petrobras nas disputas municipais de 2008 ou 2012. “Jaques Wagner não foi candidato em 2008 nem em 2012. E desconhece contribuição financeira de Gabrielli.”


A Petrobras nada esclareceu sobre esses fatos específicos. Mas informou que, sobre a Gerência de Comunicação da área de Abastecimento — ligada a Paulo Roberto —, demitiu por justa causa o gerente Geovane de Morais após análise de duas comissões internas de apuração “por desrespeito aos procedimentos de contratação da companhia”. “A Petrobras pleiteia em juízo o ressarcimento dos prejuízos causados à companhia pelo ex-empregado.”


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