A máxima de que nem tudo o que você vê nas propagandas corresponde à realidade ganhou espaço definitivamente entre as peças de campanhas eleitorais. Em busca do voto do eleitor, os candidatos se mostram magros, corados, com poucas rugas e, em alguns casos, aparentando até ser um pouco mais jovens e bem mais descansados do que agora, passados quase três meses de uma rotina intensa de campanha. Os principais presidenciáveis e candidatos ao governo de Minas Gerais não fugiram à regra e capricharam na edição de imagens no material de campanha.
Na campanha estadual, os dois principais candidatos, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT) e o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB), também aparecem com rostos um pouco mais “limpos”. No caso do tucano, algumas peças optaram por cortar a cabeça do candidato, diminuindo o espaço da calvície. Ele segue a tendência do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), que, na disputa por uma vaga no Senado, sempre disfarça nas fotos a papada no queixo. Já Pimentel aparece mais magro e com o rosto mais liso que o original.
A ex-senadora Marina Silva (PSB) também deu uma boa modificada, especialmente depois de se tornar a titular na chapa dos socialistas. Ela passou a usar maquiagem e fez a sobrancelha, que na campanha passada era exibida ao natural. Nas peças, suavizou um pouco as marcas de expressão na testa e fez sumir as olheiras. Já o senador Aécio Neves (PSDB), que já havia aparecido com os dentes mais claros às vésperas do início da campanha, aparece com os cabelos mais escuros e cheios. A pele também deu uma rejuvenescida.
Técnica
“Imagem é tudo. O que você não pode é descaracterizar o candidato, ele não pode ficar artificial. Agora, quando você participa de programa de TV, faz maquiagem para tirar brilho, olheira, passa um pó para ficar mais corado. Não é só da política, é uma técnica de comunicação”, afirma o cientista político da Universidade de São Paulo (USP) Rubens Figueiredo, especialista em marketing. Segundo ele, o tratamento da imagem pode passar a impressão de juventude, força, dinamismo e credibilidade. Como poucos veem o candidato ao vivo, ele vai para a propaganda mais “embelezado”, com um olhar melhor para passar uma imagem mais positiva.
Na avaliação de Figueiredo, a presidente Dilma precisou ficar mais magra. “A Dilma está acima do peso. Você tirar uma imagem do jeito que ela é não é bom, então lança mão de mecanismos para que seja aliviado”, afirmou. “Enquanto isso, Aécio aparece mais bonito, jovem e magro, avalia o marqueteiro.”