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Estado de Minas

Mobilidade urbana está em xeque nas eleições 2014

Transporte público e trânsito nas grandes cidades cada vez mais impõem desafios aos governantes


postado em 07/09/2014 00:12 / atualizado em 07/09/2014 08:18

Marcelo da Fonseca

Leia abaixo o sufoco dos cadeirantes Cláudio Antônio Bispo dos Reis(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Leia abaixo o sufoco dos cadeirantes Cláudio Antônio Bispo dos Reis (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

O desafio de convencer o motorista a deixar seu carro na garagem e usar o transporte público é um obstáculo enorme para governantes – e tende a ficar maior. A falta de qualidade e de opções nos modais existentes faz com que o carro ainda seja uma maneira cômoda para as pessoas se deslocarem. O resultado são ruas lotadas, altos níveis de poluição e redução na qualidade de vida daqueles que passam horas parados no trânsito. “Não existe transporte público de qualidade que consiga competir com tantos carros. A alternativa é parar de estimular a compra e a circulação de automóveis nos grandes centros. Mas também pensar em planos de mobilidade integrando todas as formas de condução, sem remendos que alguns governantes tentam emplacar”, avalia Pedro Henrique Torres, gerente de políticas públicas do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, segundo a sigla em inglês).

Os efeitos negativos da má qualidade vão além da questão da mobilidade e atingem outras áreas fundamentais para a vida das pessoas, como a saúde, educação e cultura. A facilidade para se deslocar pela cidade está diretamente ligada à qualidade de vida das pessoas. Ao apontar ações adotadas em grandes centros de outros países, Torres ressalta que não é por falta de bons exemplos que as cidades brasileiras continuam sofrendo com a falta de mobilidade.

“A busca por sistemas de deslocamento que funcionem está sendo feita em muitos países do mundo, com vários avanços, e não apenas nos países desenvolvidos. Bogotá, na Colômbia, por exemplo, investiu pesado no transporte não motorizado e ações integradas. Assim como Buenos Aires. Por aqui vamos precisar seguir esses passos, buscando ações conjuntas”, afirma Torres.

Sobre as melhores propostas para reduzir os gargalos nas metrópoles, ele ressalta que cada cidade tem suas características específicas e, por isso, os responsáveis pelos investimentos precisam começar a pensar o planejamento urbano como um todo e não apenas como obras isoladas. Segundo ele, principalmente as políticas de habitação devem levar em conta a questão do transporte público, uma vez que moradores precisam ir até as regiões centrais para trabalhar, para ter acesso aos hospitais e outros serviços.

“As cidades tem suas peculiaridades e não existe uma fórmula que funcione em todos os lugares. Não se deve construir um metrô em uma cidade com menos de um milhão de habitantes, existem outras opções. Algo que vale para todos é a necessidade se buscar um planejamento urbano e criar metas a longo prazo e regras para que elas não sejam abandonadas. No Rio, por exemplo, tivemos casos absurdos de um governante mandar tampar um buraco de metrô que tinha sido abeto por outro político”, aponta Pedro Torres.

O sufoco dos cadeirantes Cláudio Antônio Bispo dos Reis

O direito de ir e vir, previsto na Constituição para todo cidadão brasileiro, se transforma em uma batalha diária para Cláudio Antônio Bispo dos Reis. Morador do Bairro Santa Martinha, em Ribeirão das Neves, o cadeirante usa o transporte coletivo pelo menos três vezes por semana para ir até o Bairro da Gameleira, na Região Oeste de BH. Ele conta que as políticas de inclusão nos ônibus ainda estão longe de se tornar realidade. “Conto com a solidariedade das pessoas, porque em Neves os ônibus têm problemas graves para nos atender. Alguns não tem o acesso pelo elevador para cadeirantes e os que têm, ou não funcionam por defeitos ou pela falta de orientação dos funcionários para a questão da acessibilidade”, conta Cláudio. Ele precisa pegar três ônibus para ir até a Gameleira e avalia que na capital o serviço funciona melhor do que em sua cidade. Mesmo assim não são raras as vezes que os motoristas passam direto nos pontos, apesar de ver que o cadeirante deu o sinal. “As empresas recebem uma concessão do poder público e deveriam prestar um serviço de melhor qualidade”, cobra Cláudio.

Proposta: Tornar obrigatório o acesso para deficientes físicos e orientar os funcionários das empresas de ônibus a operar corretamente o elevador 

Trem bom, quando anda Geraldo Monteiro, vendedor

O transporte sobre trilhos foi a alternativa encontrada pelo vendedor Geraldo Monteiro para visitar parentes em Baixo Guandu, no Espirito Santo, sem precisar enfrentar as curvas da BR-381. Há seis anos, ele usa pelo menos duas vezes por mês o trem que liga BH a Vitória. Mesmo apontando o trem de passageiros como opção preferida em relação à segurança, Geraldo tem críticas à situação atual das ferrovias e propostas para tornar o transporte sobre trilhos mais atrativo o Brasil. Ele reclama dos problemas de estrutura das ferrovias, das longas paradas nas viagens e dos preços dos produtos no interior do trem.

Proposta: Investir no transporte ferroviário de passageiros. Criar novas rotas e fiscalizar o cumprimento dos horários previstos para as viagens

Menos sinal vermelho Leandro Moreira, taxista

O tempo perdido nos engarrafamentos é a principal dor de cabeça para o taxista Leandro Moreira. Trabalhando na capital há 16 anos, ele tem na ponta da língua uma série de ações do poder público que poderiam tornar suas jornadas de trabalho mais rentáveis e as viagens mais rápidas para seus clientes. “Precisamos criar vias de trânsito rápido que funcionem em BH. Temos grandes avenidas, mas raramente o trânsito flui, e isso em qualquer horário do dia. Acho que obras mais eficientes para o trânsito poderiam tornar nossa cidade mais dinâmica. Avenidas como Amazonas e a Cristiano Machado, por exemplo, poderiam ter trincheiras que evitassem semáforos”, opina Leandro.

Proposta: Criação de vias de trânsito rápido com viadutos e trincheiras 

 

 


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