"Isso é o Brasil." Assim o fazendeiro Adriano Chafik Luedy justificou o fato de sua família se apropriar de terras devolutas em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, na qual está a Fazenda Nova Alegria, onde cinco sem-terra foram assassinados e 12, feridos a tiros, em novembro de 2004. Depois de três tentativas frustradas, o fazendeiro começou a ser julgado nesta quinta-feira, 10, por um júri popular no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, pela chamada Chacina de Felisburgo, segundo maior massacre de sem-terra ocorrido no País.
Além de Chafik, também é julgado Washington Agostinho da Silva que, assim como o fazendeiro, é acusado de assassinato, tentativa de assassinato, formação de quadrilha e incêndio. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), os réus também atearam fogo em 27 barracos e em uma escola no acampamento do MST. Ele nega e diz que nem estava presente no acampamento no momento dos assassinatos.
Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza também seriam julgados, mas o magistrado concordou com o desmembramento do processo e eles devem ser submetidos a um júri popular em janeiro de 2014. Mais dez pessoas foram acusadas de participarem da chacina, sendo que uma delas morreu e não há data prevista para o julgamento dos demais.
A sessão desta quinta é acompanhada por representantes do MST, além de familiares de Chafik, de integrantes do MPE e de parlamentares que acompanharam as investigações do crime. Um dos irmãos do fazendeiro, Antônio Chafik Luedy Júnior, afirmou que há "muitos bandidos" entre os sem-terra e os deputados que acompanham o caso. Cerca de 300 integrantes do MST, segundo a Polícia Militar, fazem manifestação em frente ao fórum.