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Estado de Minas

Da África, Lula fala da crise

Da Etiópia, o ex-presidente faz o primeiro pronunciamento público sobre os "saudáveis" protestos das últimas semanas


postado em 01/07/2013 06:00 / atualizado em 01/07/2013 09:09

Adriana Caitano e Diego Abreu

"Feliz é o país que tem um povo que tem liberdade de se manifestar e que vai às ruas querendo mais", disse Lula, na Etiópia (foto: RICARDO STUCKERT/INSITUTO LULA)

Brasília – Em tempos de crise, manifestações nas ruas e queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, o principal conselheiro dela – e, ao mesmo tempo, o plano B do PT para 2014 – anda ausente. Enquanto Dilma se viu obrigada a fazer pronunciamento em cadeia de rádio e tevê e abrir o Planalto para movimentos sociais e parlamentares, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recolheu-se em um silêncio estratégico, evitou aparições públicas e tinha dado apenas duas declarações, ambas pelas redes sociais. Ontem, final da Copa das Confederações, o ex-presidente estava na Etiópia, a 10 mil quilômetros de distância do Maracanã. De lá, mandou o instituto que leva seu nome divulgar uma nota oficial para elogiar a maneira como Dilma vem lidando com o que chamou de “saudáveis protestos” que tomaram conta das ruas nas últimas três semanas.

“Feliz é o país que tem um povo que tem liberdade de se manifestar e que vai às ruas querendo mais. As pessoas querem mais no Brasil, mais transporte, mais saúde, mais salário, questionar o custo da Copa do Mundo”, comentou, em nota. Lula viajou à África, na sexta-feira, para participar de um debate sobre combate à fome e à pobreza, e retorna hoje a São Paulo.

De acordo com pesquisa divulgada neste fim de semana pelo Datafolha, a queda nas intenções de voto da presidente foi maior que a do ex. Enquanto Dilma Rousseff perdeu a margem de segurança que garantiria a vitória ainda no primeiro turno, Lula seria eleito sem a necessidade de uma nova rodada de votação. O favoritismo dele atrelado à perda de popularidade dela reforçam em alguns petistas a vontade de rever o velho líder no poder. Em 2011, quando havia dúvidas sobre a longevidade de Dilma no governo, o próprio secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já tinha avisado: “É evidente que, se não der certo, temos um curinga, uma carga pesada. Não brinca muito que a gente traz. É ter o Pelé no banco de reservas”, se referindo ao cacique petista.

Para o coordenador da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares, o distanciamento de Lula das ruas e até das partidas da Copa das Confederações faz parte de uma estratégia pensada e traçada pelo petista. “Ele deve estar tentando entender as manifestações, não está disposto a se expor, porque, se fosse a algum estádio, seria vaiado, como na abertura dos Jogos Pan-Americanos (no Rio de Janeiro, em 2007)”, destacou Tavares.

Já o especialista em eleições Alberto Carlos de Almeida, do Instituto Análise, avalia como normal a ausência de Lula nos estádios. Para ele, a postura discreta é uma forma de preservar Dilma. “Qualquer coisa que ele falar agora tende a tirar a autoridade da presidente”, opinou o especialista.

Petista histórico e presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador José Américo nega, porém, que o silêncio de Lula seja uma estratégia para preparar a volta dele à Presidência. “Na política, tudo é possível, mas o partido tem uma estratégia definida – por ele (Lula) mesmo –, que é reeleger Dilma. Seria um disparate ele voltar atrás por causa de uma pesquisa ou de uma conjuntura de crise com chance de recuperação”. Segundo Américo, o ex-presidente vai agora se dedicar a “montar os principais palanques nos estados” para a campanha da reeleição em 2014.

Nota oficial

Na última quinta-feira, o ex-presidente havia se manifestado apenas por meio de nota oficial sobre rumores de que ele teria criticado Dilma. “Ao contrário, minha convicção é que a companheira Dilma vem liderando o governo e o país com grande competência e firmeza, ouvindo a voz das ruas”, limitou-se a dizer. No dia 16, Lula havia usado o Facebook para criticar a reação da Polícia Militar aos primeiros protestos em São Paulo, aproveitando para exaltar o prefeito Fernando Haddad, seu afilhado político. No dia seguinte, os protestos se expandiram pelo Brasil e foi a vez de Dilma pedir ajuda ao ex-presidente, em reunião emergencial. Mas eles evitaram aparecer juntos.


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