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Estado de Minas

General nega tortura em Juiz de Fora


postado em 19/06/2012 06:00 / atualizado em 19/06/2012 06:50

Responsável pela redação do manifesto “Alerta à nação – eles que venham, por aqui não passarão”, assinado por quase 300 militares da reserva com críticas à Comissão da Verdade e ao ministro da Defesa, Celso Amorim, o general de quatro estrelas (patente máxima) Marco Antônio Felício da Silva, 74 anos, nega que tenha havido qualquer tipo de tortura nas dependências da 4ª Região do Exército em Juiz de Fora, Zona da Mata. Contrariando os relatos de diversos presos políticos, entre eles o da presidente Dilma Rousseff, ele assegura que todos que passaram pela divisão do Exército na cidade foram muito bem tratados.

“Esse povo mente muito. Eu servi em Juiz de Fora até meados de 1971 como oficial de informação (espécie de chefe do serviço de inteligência do Exército). Lá, inclusive, havia muitos presos políticos e ninguém foi torturado. Pelo contrário. Todos os presos que passaram por lá foram muito bem tratados”, afirma o general, na época primeiro-tenente, que até hoje mora na cidade da Zona da Mata.

A negativa do general contrasta com o depoimento da presidente que, em 2001, ainda secretária das Minas e Energia do governo gaúcho, relatou para o Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais ter sido torturada não só no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde passou o maior tempo presa, mas também em Juiz de Fora. Segundo o relato de Dilma, a tortura em Juiz de Fora “foi muito intensa”. “Pois não era presa recente. Não tinha pontos e aparelhos para entregar.”

O general não se recorda da então militante conhecida por Estela, codinome de Dilma Rousseff , mas se lembra bem de um dos companheiros de atuação da presidente durante o regime militar, Ângelo Pezzuti. Por causa de um bilhete escrito para Dilma por ele, na época o principal dirigente do Comando de Libertação Nacional (Colina) de Belo Horizonte, a presidente foi levada para Juiz de Fora para prestar depoimento. “O Ângelo Pezzutti esteve diretamente comigo e foi muitíssimo bem tratado lá (em Juiz de Fora). Jamais alguém fez qualquer coisa contra ele nem fisicamente nem psicologicamente. Nunca vi ninguém tomar nem um tapa na cara. Não houve essa história de tortura lá. Eu garanto.”

O general alega que chegou inclusive a ajudar muitos dos presos – “uns pobres coitados que não sabiam o que era marxismo”. “Eu mesmo arrumei advogado para alguns presos políticos porque achei que muitos deles eram uns pobres coitados, enganados por um tal de Flávio Tavares, um camarada inteligente, que conduziu esses pobres coitados ao infortúnio, muitos levados por ele a praticar assaltos sem saber o que estavam fazendo”, afirma o general se referindo ao jornalista Flávio Tavares, um dos presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por organizações de esquerda em 1969, auge do regime militar.

Para o general, toda essa história, revelada com exclusividade pelo Estado de Minas, veio à tona nestse momento para tentar dar fôlego para a Comissão da Verdade. “Por causa dessa comissão, agora todo mundo foi torturado, mas eles não contam o que fizeram. Houve tortura do outro lado. Não estou dizendo que houve tortura do nosso lado, mas do outro lado eu sei que houve”, diz o general, que afirma não se lembrar de quem comandava a seção do Exército em Juiz de Fora durante o tempo em que serviu na cidade.

 


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