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Estado de Minas

Comissão da Verdade está na trilha de Dilma em Minas

Historiadores são convocados para analisar depoimentos da presidente sobre o período em que foi torturada nas prisões do estado, publicados pelo Estado de Minas com exclusividade


postado em 19/06/2012 06:00 / atualizado em 19/06/2012 06:50

Gilson Dipp e José Carlos Dias, integrantes da comissão criada no mês passado: Violações dos direitos humanos devem ser investigadas(foto: Wilson Dias/ABR)
Gilson Dipp e José Carlos Dias, integrantes da comissão criada no mês passado: Violações dos direitos humanos devem ser investigadas (foto: Wilson Dias/ABR)
A Comissão da Verdade vai investigar o conteúdo do acervo do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG) para tentar jogar luz na história das torturas sofridas pela presidente Dilma Rousseff (PT) e por outros militantes à época da ditadura militar (1964–1985). “Recebi a determinação de mobilizar os pesquisadores para levantar quais são os depoimentos colhidos pelo Conedh-MG e qual o conteúdo do acervo”, afirma a assessora da Comissão da Verdade e historiadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloísa Starling. O depoimento de Dilma e os detalhes da tortura sofrida pela presidente em Juiz de Fora, na Zona da Mata, foram revelados com exclusividade pelo Estado de Minas. Até então sabia-se apenas das prisões e abusos dos militares quando Dilma esteve presa em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A Comissão da Verdade foi nomeada pela própria Dilma no mês passado e tem a missão de apurar principalmente os fatos ocorridos durante o período da ditadura militar no Brasil. Heloísa é a única assessora historiadora da comissão e pode, se for necessário, mobilizar até 19 pesquisadores para fazer um levantamento no acervo da Conedh-MG, sendo que a maior parte são historiadores da UFMG. O acervo do Conedh-MG tem mais de 700 processos, que foram abertos com o objetivo de indenizar os presos políticos do estado.

A comissão tem sete integrantes: o coordenador, Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ); José Carlos Dias, advogado e ex-ministro da Justiça; Rosa Maria Cardoso da Cunha, advogada; Cláudio Fonteles, ex-procurador-geral da República; Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo; Maria Rita Kehl, psicanalista; e José Paulo Cavalcanti Filho, advogado.

Dois dos sete membros da Comissão da Verdade, José Carlos Dias e Maria Rita Kehl, se reuniram ontem em São Paulo e tomaram a decisão, comunicando o fato a Heloísa. “Os depoimento, inéditos, revelam graves violações aos direitos humanos. Devemos investigar”, comentou José Carlos Dias. Gilson Dipp acredita que, até o momento, não há necessidade de convocar a presidente, mas não descarta a possibilidade de ouvi-la sobre as torturas sofridas no período. “Os detalhes do depoimento são pesados e doloridos", afirmou Dipp.

A Comissão da Verdade terá dois anos para elaborar um amplo relatório do que for apurado sobre casos graves de violações de direitos humanos, como torturas, mortes e desaparecimentos, mas a intenção é que o levantamento sobre as torturas e prisões de Dilma seja feito o mais rápido possível. O testemunho da presidente Dilma, revelado pelo EM, foi prestado em 2001, quando ela era secretária das Minas e Energia do governo do Rio Grande do Sul e nem imaginava que se tornaria presidente do país.

Dilma narrou, de forma detalhada e emocionada, as sessões de humilhações provocadas por torturas no pau de arara, eletrochoques, socos e chutes, que causaram deformação na arcada dentária dela. A correção da arcada dentária foi uma das cirurgias a que Dilma se submeteu às vésperas da campanha presidencial de 2010. “A pior coisa é esperar por tortura”, diz ela no relato de 2001. "As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim.”

A presidente já havia sido torturada em São Paulo e no Rio de Janeiro e voltou a passar pelas humilhações devido aos militares acreditarem que ela recebeu bilhetes de Ângelo Pezzuti, principal dirigente do Comando de Libertação Nacional (Colina), do qual Dilma fez parte.

Fatos da história

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou ontem que relatos como o da presidente Dilma Rousseff sobre as torturas sofridas durante o regime militar “são fatos da história”. Ele evitou se estender sobre o tema. “São fatos da história. Eles vão aparecendo. Cada cidadão forme a sua ideia sobre isso. A Comissão da Verdade é para que as pessoas conheçam os fatos sobre todos os ângulos”, disse ele, em visita à exposição Humanidade, no Forte de Copacabana


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