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Estado de Minas

Empresa vende perfil no Twitter por R$ 3 mil para candidatos

O vendedor dá garantia de até 100 mil seguidores. Políticos pedem transparência no uso da ferramenta


postado em 07/04/2012 07:23 / atualizado em 07/04/2012 08:37

Que as rede sociais vêm assumindo papel importante nas campanhas políticas não resta dúvida, e para ajudar futuros candidatos, pouco afeitos ao instrumento, uma empresa do Paraná está vendendo perfis no badalado microblog Twitter, com promessa ainda de demonstração de prestígio, ao exibir entre 50 mil e 100 mil seguidores adquiridos no pacote. Desde a primeira campanha do presidente dos Estados Unidos Barack Obama, passando pelo candidato tucano José Serra à Presidência em 2010, o Twitter tem sido o preferido dos políticos, especialmente pela rapidez de comunicação e capacidade de interação com os eleitores. O criador dos perfis, Márcio Aurélio Demari Ferreira, da Agência de Notícias, está atuando nesse mercado virtual há oito anos e afirma ter acumulado mais de 150 clientes de todo o país, que pagam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil para aparecer bem no microblog.

Por determinação do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), mensagens eleitorais no Twitter só serão permitidas a partir de 6 de junho, dentro do período de propaganda permitido por lei. Mesmo com a restrição, a corrida para colocar o pé na rede social já começou. Ao oferecer seu serviço, Márcio Aurélio é claro: “Prefeitos, vereadores, deputados, governadores, garantimos 100 mi seguidores inicialmente. As melhores ferramentas para políticos e pré-candidatos às eleições de 2012”. Ao oferecer o serviço, o criador de perfis oferece como vantagem a rapidez: em apenas 24 horas ele personaliza a conta. Além disso, adverte que os números de seguidores adquiridos no pacote pode render também manchetes de jornais. E sugere até o título da publicação: “Prefeito mais seguido do Twitter”. Além do marketing oferecido por Márcio Aurélio, ele faz uma estimativa de que aos 100 mil primeiros seguidores podem ser somados cerca de 30% de interessados. “Isso é interessante porque esses 30 mil serão, provavelmente, o público-alvo do político”, argumenta.

Para aparecer bem na rede social, o candidato não pode ter medo de pôr a mão no bolso. Para adquirir uma conta com 50 mil seguidores no Twitter, terá que dar uma entrada de R$ 1,5 mil e depois pagar três parcelas de R$ 500. Se quiser dobrar esse número, paga entrada de R$ 2,5 mil e três de R$ 1 mil. Além da abertura da conta, o pacote de serviços, segundo Márcio Aurélio, inclui ainda o auxílio para pesquisar pessoas a serem seguidas no microblog, orientação sobre os melhores horários para fazer as mensagens que não podem passar de 140 caracteres, e auxílio para preparação do conteúdo dos tuítes (as mensagens), para que possam ser encaminhados por outros, ampliando sua abrangência. Márcio Aurélio explica, no entanto, que não fica responsável pela operação total da conta, como postagem de resposta aos seguidores, de mensagens e fotos, entre outros. A assessoria do internauta tem duração de seis meses e, ironicamente, não pode ser contactado por meio da internet, só pelo telefone.

Falta de ética

O vereador de Belo Horizonte Adriano Ventura (PT), um adepto do microblog, considera uma falta de ética a compra de seguidores para atrair interessados. Contrariando Márcio Aurélio, Ventura diz que o número de pessoas que o acompanha não é o aspecto mais importante dessa rede social. “O que de fato interessa ao mandato de um político é a qualidade de seus seguidores, pessoas com as quais possa haver troca de ideias, receber críticas e propostas para projeto de lei. “Não resta dúvida de que essa ferramenta nos aproxima de nosso público, que pode acompanhar, em tempo real, como estamos desenvolvendo nosso trabalho”, diz. Ventura afirma que é responsável pela grande maioria das mensagens do microblog e que pede ajuda a sua assessoria somente quando está sem acesso à internet. Ventura, que foi responsável por mais de 21 mil postagens, o que revela uma intensa participação, tem modestos 2,6 mil seguidores.

Batendo na mesma tecla, o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte e deputado estadual Délio Malheiros (PV) diz que as redes sociais são hoje fundamentais em qualquer campanha política. Mas ressalta que melhor é a transparência que elas possibilitam aos participantes, já que os eleitores podem saber exatamente o que fazem e onde estão os políticos. Ele também sustenta a tese de que a quantidade de eleitores não traz mais ou menos destaques. “O importante é ter um seguidor de qualidade, formador de opinião e militante da política”, adverte. Ele diz que vários apoiadores de sua campanha decidiram manifestar sua posição, em primeiro lugar, por meio do Twitter. Hoje Délio Malheiros, autor da maioria de suas mensagens, fez 2,8 mil postagens e acumula 1,9 mil seguidores.

Memória - Até projeto de lei é vendido

No balcão da política, muitos negócios vêm mesmo se multiplicando. Um site na internet mantido por José Gilberto de Souza, ex-vereador de Campo Mourão, também no Paraná, põe à venda pacote de projetos de lei para parlamentares interessados em turbinar o mandado sem fazer força. Por apenas R$ 200, o vereador pode escolher o assunto que quer apresentar, numa cartela de opções que reúne educação, saúde, transporte e até mesmo criação de datas comemorativas, uma especialidade de vereadores de todo o Brasil. Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, um projeto à venda no site de José Gilberto virou lei em 2005. Ele foi apresentado pelo então vereador Carlin Moura (PCdoB), hoje deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Contagem. O deputado, no entanto, garantiu nunca ter lançado mão do site hospedado no endereço www.projetodelei.com.br.


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