O PSDB estadual protocolou na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa uma representação contra o deputado Rogério Correia (PT) em que o acusa de quebra de decoro parlamentar e pede a sua cassação. O argumento dos tucanos é a participação do petista em um suposto esquema de falsificação da polêmica Lista de Furnas – documento de cinco páginas que traz dados de contribuições de campanha não contabilizadas a 156 políticos do DEM, PSDB, PP e PPS nas eleições de 2012. Alegam ainda que o deputado usou a estrutura do Legislativo mineiro para articular com o lobista Nilton Monteiro a criação do documento.
A representação é assinada pelo vice-presidente estadual do PSDB, o deputado federal Domingos Sávio. “A atitude criminosa em que ele se envolveu representa uma quebra de decoro com motivo suficiente para que ele tenha o mandato cassado. Ele (Rogério Correia) não é digno de representar o povo na Assembleia Legislativa”, argumentou o tucano, que reclama ter tido o nome incluído na Lista de Furnas. “Nunca estive com o Dimas nem em Furnas”, completou, referindo-se a Dimas Fabiano, ex-presidente da estatal a quem é creditada a assinatura na lista.
Na segunda-feira, os deputados federais Rodrigo de Castro (PSDB-MG) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) estiveram na Assembleia e reuniram-se com o presidente da Casa, Dinis Pinheiro (PSDB), e integrantes da Comissão de Ética, quando pediram que a Casa faça um trabalho paralelo ao do Judiciário e do Ministério Público e investigue a atuação do petista na formação da lista. “Já entramos nos MPs e vamos entrar agora com uma representação no Legislativo mineiro, porque precisamos de uma resposta. Não é correto que se monte uma fraude dessa para tentar calar um grupo de parlamentares que fiscalizava atos e irregularidades que poderiam ocorrer no governo do presidente Lula (PT)”, explicou na ocasião Rodrigo Maia. O democrata referia-se às denúncias do mensalão.
Gravação
A denúncia de que a Lista de Furnas era um documento forjado para incriminar adversários do PT já tinha sido feita pelo Estado de Minas há cinco anos. Em 23 de março de 2006, reportagem do EM noticiou que Rogério Correia havia convocado uma entrevista sobre o assunto, mas não compareceu. A mesma matéria mostrou que laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), órgão ligado à Polícia Federal, apontava montagens, alterações ou implantes na última página do documento.
Na ocasião o EM chegou a reproduzir outras duas perícias que atestavam a falsificação. O assunto voltou à tona há duas semanas, quando uma revista nacional divulgou a transcrição de gravações de conversa em que o assessor do deputado Rogério Correa, Simeão de Oliveira, e o ex-deputado Agostinho Valente (PDT) aparecem conversando com Nilton Monteiro sobre a sua confecção.