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Estado de Minas

Blitze para evitar carros e motos em trilhas na Serra da Canastra

A força-tarefa foi formada para preservação da unidade de conservação ambiental no Sudoeste de Minas Gerais


postado em 14/04/2016 06:00 / atualizado em 21/08/2017 14:48

Imagem de vegetação afetada por trilhas feitos por motoqueiros e jipeiros: atividade é proibida na unidade de conservação(foto: Samir Issa/Divulgação )
Imagem de vegetação afetada por trilhas feitos por motoqueiros e jipeiros: atividade é proibida na unidade de conservação (foto: Samir Issa/Divulgação )

Operações policiais com blitz, apreensão de veículos irregulares e abordagens educativas para coibir o tráfego de motos e carros offr-road que fazem trilhas na área do Parque Nacional da Serra da Canastra são a aposta de uma força-tarefa formada para preservação da unidade de conservação ambiental no Sudoeste de Minas Gerais. O grupo, formado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Polícia Militar e Polícia Federal, promete dar início ao trabalho já a partir do próximo mês. As ações vão ocorrer no perímetro urbano e em áreas rurais do parque, em quatro dos seis municípios que abrigam a unidade: Delfinópolis, São João Batista do Glória, Vargem Bonita e São Roque de Minas, com destaque para os dois primeiros, onde é maior a devastação ambiental causada pelo esporte. A primeira fase, em maio, será o trabalho de conscientização, com distribuição de panfletos e cartazes em pousadas, bares, restaurantes, escolas e outros estabelecimentos das cidades. A ação repressiva será o segundo passo.

Apesar de o problema ser antigo – ocorre há cerca de cinco anos –, tem piorado nos últimos meses, com forte impacto na vegetação, como explica o chefe substituto do parque, Vicente Farias. Ele explica que os locais escolhidos pelos trilheiros fazem parte da unidade de conservação, mas estão em propriedades particulares (fazendas) ainda não desapropriadas e sem fiscalização. “Em Delfinópolis e São João Batista do Glória não há portarias para controle da entrada, então motoqueiros e jipeiros entram nas fazendas que integram o parque, sem respeitar nem mesmo o direito de propriedade dos donos dessas áreas”, disse. Vicente explica que a passagem dos veículos é extremamente danosa à cobertura vegetal da unidade, formada de gramíneas e capim, em um terreno arenoso e pedregoso. “Os veículos vão passando pelo mesmo local e isso causa erosões, que se acentuaram ao longo do tempo. Há locais em que a profundidade é tamanha que a vegetação não se recupera mais, porque o buraco já chegou à pedra bruta”, diz o chefe do parque.

Vicente alerta que pesa muito para a incidência do problema a falta de regularização fundiária do Parque da Serra da Canastra. Na semana passada, em 3 de abril, a unidade de conservação chegou aos 44 anos de criação. No Decreto 70.355, o parque tem área de 200 mil hectares, mas, do total, somente 82 mil hectares já foram indenizados e regularizados. Estas áreas ficam no Chapadão da Canastra e na Região da Babilônia. “A gente, na verdade, ainda não tem controle de toda essa área porque não temos funcionários em quantidade suficiente para trabalhar na fiscalização. Além do mais, temos que respeitar o direito de propriedade dos fazendeiros”, explica Vicente. Atualmente, o parque conta com 11 analistas e técnicos ambientais concursados e 12 funcionários (vigilantes e serviços gerais) terceirizados.

APREENSÕES As ações policiais serão feitas tanto nas áreas urbanas quanto em áreas dentro do parque. De acordo com o comandante do Grupamento de Polícia Ambiental de Cássia, subtenente Francisco Nascimento, motos de trilhas que estiverem circulando nas cidades serão apreendidas, tendo em vista que são proibidas de trafegar em via pública. “São veículos que não têm placa, nem equipamentos obrigatórios como setas, lanterna e farol, exigidos em legislação, além de serem isentas de impostos”, disse. Neste caso, o piloto será multado. Para chegar a trilhas, essas motos devem ser transportadas em caminhonetes ou carretinhas de reboque. O condutor, seja de moto ou jipe, que estiver fazendo trilha na área de preservação responderá por crime de dano ao patrimônio ambiental. Segundo ele, as ações estão em fase de planejamento.

ESTRAGOS Willian John Highan, de 53 anos, é dono de pousada há 17 anos em Delfinópolis e de uma empresa que faz passeios com turistas na região da Canastra. Segundo ele, a região recebe visitantes de várias partes do país que buscam apenas fazer trilha com motos no entorno do parque, causando verdadeiras erosões por onde passam. “Imagine você mais de 500 motos em um fim de semana passando por um único caminho? Eles deixam um verdadeiro ‘arranhado de gato’ no morro”, compara.

Segundo Willian, há muitas trilhas legalizadas na região, como a Caminho do Céu e a trilha do Condomínio das Pedras, mas a maioria dos pilotos prefere unidades de conservação em fazendas que ainda não foram desapropriadas, embora façam parte do parque. “Em muitos estados é proibido fazer trilha em áreas de conservação. Só aqui na Canastra é permitido e não tem nenhuma fiscalização. Há hóspedes do Paraná que viajam apenas para fazer trilhas no entorno do parque”, afirmou.


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