(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sobreviventes da tragédia de Mariana relatam saques em Bento Rodrigues

Ladrões invadem destroços do subdistrito e levam desde as rodas de um carro até TVs e geladeiras


postado em 02/12/2015 06:00 / atualizado em 02/12/2015 10:37

Mesmo em ruínas, casas em Bento Rodrigues viraram alvo de ladrões, que levaram o que podiam(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Mesmo em ruínas, casas em Bento Rodrigues viraram alvo de ladrões, que levaram o que podiam (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Não bastasse toda a tragédia que se abateu sobre distritos e subdistritos de Mariana, na Região Central, os ex-moradores, especialmente os de Bento Rodrigues, sofrem mais um duro revés: o saque de suas casas agora em ruínas ou parcialmente cobertas pela lama de minério de ferro vazado da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco. “Nem vendo nossa dor e tristeza, depois de perder tudo, estão tendo piedade da gente”, disse, ontem, o presidente da Associação Comunitário de Bento Rodrigues, José do Nascimento de Jesus, conhecido como Zezinho do Bento.

“Levaram as rodas de um carro, caixa de ferramentas, geladeira, bolsas, fiação elétrica, televisão, botijões de gás, enfim, tudo o que não foi destruído e está aparente”, informou o presidente da associação, que, com sua família, está morando provisoriamente em hotel, numa situação vivida por cerca de 900 pessoas desde o estouro da barragem. Preocupado com os saques, José do Nascimento pede que a Polícia Militar aumente a vigilância na região.

“É preciso apertar o cerco cada vez mais. Que usem até helicóptero para proteger a área. Estão aproveitando do nosso sofrimento para furtar. Pedimos que a PM bloqueie todos os acessos para impedir a entrada de estranhos no Bento”, disse o ex-morador, que, como os demais habitantes da região, se refere a Bento Rodrigues usando a apenas o prenome do lugar.

O presidente da associação lembra que, na hora de fugir do tsunami de rejeitos de minério, na tarde de 5 de novembro, os moradores saíram apenas com a roupa do corpo. “Comerciantes deixaram o dinheiro para trás, até eu mesmo tinha um dinheirinho guardado em casa”, lamentou Zezinho, ressaltando que fazer a ocorrência policial se torna mais complicada agora, seja pela perda dos documentos pessoais ou para provar a propriedade dos bens.

Conforme mostrou ontem o EM, há muitos aparelhos eletrodomésticos semienterrados na lama, objetos de uso pessoal espalhados, roupas sujas de barro nos cômodos que um dia foram quartos e outros pertences. Com ordem das autoridades, moradores tentam encontrar, nas antigas moradias, algo que foi das famílias. Uma equipe de bombeiros está de prontidão no local para auxiliar os ex-residentes.

PELO MATO Quem pretende chegar a Bento Rodrigues, passando pelo distrito de Santa Rita Durão, vai encontrar um portão fechado, sendo o acesso restrito aos antigos moradores. “Os saqueadores entram pelo mato, fora da vigilância dos militares.”

Segundo o capitão Mendes, da PM de Mariana, a instituição não foi acionada por moradores a respeito de furtos em Bento Rodrigues e outras localidades. Ele explicou que, logo depois do rompimento da barragem, houve registro de um furto na comunidade de Paracatu, mas o suspeito não foi preso. “Estamos fazendo o patrulhamento em toda a região”, afirmou capitão Mendes.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)