(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cidade planejada no interior de Minas "ostenta" tranquilidade no trânsito

Planejada, como BH, com um Cristo, como o Rio, cidade do Norte de Minas tem apenas essas semelhanças com capitais. No Centro, o maior trabalho é controlar animais de montaria


postado em 31/08/2015 06:00 / atualizado em 31/08/2015 13:27

A imagem do Cristo Redentor, uma das duas que abençoam o município idealizado pelo fazendeiro Germano Pinto: cidade hoje tem frota modesta de veículos, mas o que mais se vê nas ruas ainda é tranquilidade(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
A imagem do Cristo Redentor, uma das duas que abençoam o município idealizado pelo fazendeiro Germano Pinto: cidade hoje tem frota modesta de veículos, mas o que mais se vê nas ruas ainda é tranquilidade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Pintópolis – Quase 650 quilômetros separam Belo Horizonte de Pintópolis, as duas cidades planejadas em Minas Gerais. Mas os relógios no município do interior parecem trabalhar num ritmo mais lento do que os da capital. Lá, a meninada ainda corre pelas ruas com muito menos preocupação com o trânsito. Diariamente, senhores e senhoras se acomodam nos bancos da arborizada praça principal, em torno da imagem do Cristo Redentor, para ouvir os cantos de diferentes espécies de pássaros.

Muitas aves procuram abrigo nas palmeiras plantadas pelo fundador, Germano Pinto, hoje com 90 anos. Elas cresceram em frente a um estabelecimento que, à ausência de um terminal rodoviário, é a referência para embarque e desembarque em ônibus intermunicipais na cidade. O empreendimento, misto de armazém e lanchonete, negocia o tradicional pingado (café com leite), biscoito de polvilho e outras iguarias e miudezas.

A todo momento, um bom dia, um boa tarde ou um boa noite são ouvidos pelas ruas de Pintópolis, onde o indicador que mede a expectativa de vida ao nascer avançou 5,1 anos na última década. Passou de 67,9 anos, em 2000, para 73 em 2010. Em BH, a longevidade cresceu menos no mesmo período: 4,3 anos. Contudo, a expectativa de vida na maior cidade do estado ainda é superior (76,4 anos) à do município fundado por Germano Pinto.

Os dados da expectativa de vida são usados para compor o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), calculado em 0,594 na cidade do Norte mineiro. É nota baixa, mas houve evolução em comparação com a de 1991 (0,207). Os destaques na cidade, atesta qualquer visitante, são o nome curioso e a tranquilidade, percebida por qualquer vistante da capital.

PÁTIO DE APREENSÃO O canto dos pássaros fica mais evidente em razão do pouco barulho da frota de veículos, irrisória se comparada à de Belo Horizonte. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostram que, em julho último, havia 1.186 veículos em Pintópolis. Na capital, a estatística era de mais de 1,6 milhão.

Pintópolis é o lugar que Francisco Assis Ferreira de Almeida, de 55 anos, escolheu para viver. Natural de Brasília de Minas, a 110 quilômetros de lá, ele foi aprovado em um concurso público municipal. Hoje, sua função é recolher os animais de montaria que circulam em vias públicas sem a presença dos donos. “Geralmente são cavalos, jegues e mulas”, conta.

O funcionário público Francisco Assis de Almeida, cuja tarefa é recolher animais de sela que circulam pelas ruas sem os donos, ameaçando o tráfego pacato, e dois dos cinco militares responsáveis pela ordem no lugar(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
O funcionário público Francisco Assis de Almeida, cuja tarefa é recolher animais de sela que circulam pelas ruas sem os donos, ameaçando o tráfego pacato, e dois dos cinco militares responsáveis pela ordem no lugar (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
O rebanho apreendido é levado para o curral municipal, onde o animal recebe água e alimentação. Para retirá-lo, o dono precisa pagar uma multa emitida pela prefeitura: “É o custo da diária, de R$ 15. Os animais não podem ficar em via pública sem que o dono esteja no mesmo lugar, pois há risco de acidentes com veículos. Garanto que os bichos apreendidos são bem tratados. Dou água, capim...”.

SEGURANÇA FEITA POR 5 PMS A segurança pública, que um dia foi comandada pelo fundador da antiga Fazenda Riacho Fundo, não enfrenta grandes desafios diários, como garante o cabo Wellington Evangelista, um dos cinco policiais militares do batalhão local. “É uma cidade tranquila. Este ano não ocorreram crimes contra a vida. Nem crimes de maior gravidade contra o patrimônio”, conta.

Ele patrulha as áreas urbana e a rural, em companhia do soldado Weques Lei Batista da Silva. Ambos deixaram Montes Claros, a quase 200 quilômetros, para ajudar a manter a ordem em Pintópolis. “É um lugar bom para se morar”, completa o outro militar.

A tranquilidade na cidade, contudo, tem um preço. Como o município é carente de um comércio e de serviços diversificados, moradores precisam recorrer ao varejo da vizinha São Francisco, a 45 quilômetros de distância. Para chegar lá, só atravessando o São Francisco numa balsa – a construção de uma ponte é reivindicação antiga.

A viagem dura cerca de 15 minutos, mas, dependendo da estiagem, a travessia é suspensa, como aconteceu por algumas semanas em 2014. No ano passado, a escassez de chuvas diminuiu o volume de água no Velho Chico. Os bancos de areia ficaram maiores e o vaivém das balsas foi interrompido.

Naquela época, caminhões que abasteciam a cidade com mercadorias eram obrigados a dar uma volta de 100 quilômetros para chegar aos consumidores, o que encareceu os produtos. A volta precisa ser feita por Urucuia, cidade da qual Pintópolis se emancipou. O caminho, contudo, é uma precária estrada de chão batido e muita poeira.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)