Promover a interação entre a cidade e o público da universidade é o foco principal do 47º Festival de Inverno da UFMG, que começa hoje e vai até o próximo sábado, com diversas oficinas e atividades culturais espalhadas pelo câmpus Pampulha e outros pontos de Belo Horizonte. Não é a toa que a abertura oficial reuniu os dois lados, com evento no câmpus na sexta-feira e ontem na Praça da Liberdade, seguido de cortejo cênico que foi da Avenida João Pinheiro até a Praça Afonso Arinos. Durante toda a semana, o objetivo é que a cidade respire cultura e participe, já que toda a programação é aberta ao público e gratuita.
“O coral é sobretudo um ato de respeito ao outro. Porque se você não ouvir a voz de quem está cantando é porque está cantando alto e, por isso, está errado. Você não pode aparecer. Cada um tem a sua hora de ficar na frente. Por isso você exercita o contato”, garantiu o aposentado Augusto Borges, que por meio da Organização de Aposentados e Pensionistas (OAP) integra o programa de corais da UFMG há dois anos e ontem se apresentou no Festival de Inverno pela primeira vez. “Como diria Fernando Brant, o artista tem que ir onde o povo está. Por isso, sair das salas e ir para as ruas”, completou. “É época de férias. E muito importante que haja eventos culturais desse tipo dentro da universidade e pela cidade”, completou o estudante de teatro da UFMG Munish, enquanto esperava pelo cortejo cênico em que representaria um estudante de economia prestes a se formar. O cortejo foi organizado e preparado em pré-oficina do festival pelo professor Antônio Ildebrando, que ensaiou mais de 50 pessoas para o ato.
E demonstração de oportunidade a todos foi o que realmente não faltou. Enquanto o coral se preparava para a apresentação, o valadarense Amarildo Gomes, que se intitula MC Doidinho, passava pelo local, assumiu o microfone e sem o menor constrangimento agrupou quem passava pela rua ao som do Maluco beleza, de Raul Seixas. “Isso é fantástico. É o que a gente quer. Que as pessoas se insiram”, comentou Ernani.
Consciência nas férias
Férias é tempo de descanso, lazer e viagem, mas uma lição de casa não pode ser esquecida: economizar água. A população da Região Metropolitana de Belo Horizonte precisa reduzir em pelo menos 30% o consumo para evitar o racionamento, que pode começar em agosto. Por isso, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) aproveita a pausa no ano letivo para conscientizar as crianças sobre o uso consciente do recurso hídrico. Ontem, atores divertiram os visitantes do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, com paródias para dar dicas de como economizar água.
A administradora Paulete Correia Vieira, de 30 anos, e a filha, Júlia Vieira Marques, de 7, deram boas risadas com a peça de teatro. A mãe aplaudiu a iniciativa, certa de que a população vai entender que as medidas não são preventivas. “O problema maior é que muitas pessoas não se deram conta de que a situação é crítica e daqui a pouco vai faltar água. Se isso acontecer, vão partir para racionamento em agosto”, lembra. Em casa, Paulete faz sua parte: limpa o quintal com vassoura e usa a piscina para armazenar a água da chuva, tomando o cuidado de não deixá-la parada por causa da dengue. A filha resumiu o que aprendeu. “Não podemos desperdiçar água senão ela vai acabar.”
Com a ajuda dos atores, que vão percorrer outros parques durante as férias, a Copasa espera sensibilizar principalmente as crianças. “O público infantil é extremamente importante para multiplicar nossa mensagem. Começar pela criança surte mais efeito porque o filho cobra do pai”, destaca o relações-públicas da companhia de saneamento, Breno Gustavo Maciel Guedes. A intenção é aumentar a economia – que no mês passado não passou de 15,2% – para adiar o temido racionamento até a chegada do período de chuvas, quando se espera que os reservatórios voltem a se encher e as obras em Brumadinho, iniciada há duas semanas, sejam finalizadas. A intervenção, que garantirá o abastecimento da Grande BH nos próximos anos com a captação de 5 mil litros de água por segundo do Rio Paraopeba, deve ficar pronta em 20 de dezembro.
O chefe de departamento da Região Noroeste e Pampulha da Fundação de Parques Municipais, Hebert Pessoa, torce para que esse trabalho de conscientização incentive os visitantes a evitar o desperdício. Internamente, a administração do parque tomou providências e conseguiu reduzir mais de 30% do consumo nos últimos três meses. “Estancamos todos os vazamentos, diminuímos o número de torneiras e passamos a irrigar as plantas apenas uma vez por semana, em vez de dois em dois dias”, destaca. Outro projeto é instalar uma bomba hidráulica para captar a água que escorre da represa, alimentada por nove nascentes, que poderá ser usada para irrigar os canteiros e lavar o pátio. Com isso, a economia pode chegar a 40%.
Para divertir a criançada, outros parques de BH começaram ontem a oferecer programação especial de férias, que vai até o fim do mês.