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Estado de Minas

Policiamento é posto em xeque no Santo Antônio depois que médica foi baleada em assalto

Médica é ferida no segundo assalto à mesma casa em 15 dias. Episódio chama a atenção para rotina de apreensão


postado em 18/03/2015 06:00 / atualizado em 18/03/2015 10:02

Sair, chegar ou mesmo a simples atitude de ficar em casa já não são tarefas simples, segundo moradores do Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que reclamam da insegurança fruto de recorrentes assaltos e arrombamentos de imóveis e veículos. O sentimento foi reforçado por episódio ocorrido na madrugada de ontem, quando um homem armado escalou o muro de mais de três metros  de uma casa na esquina das ruas Benjamim Flores e Abre Campo, cortou a cerca elétrica e invadiu o lugar. O criminoso manteve a moradora, uma pedagoga aposentada de 68 anos, e dois funcionários dela reféns. Antes de fugir, baleou a filha da dona da casa, uma oftalmologista de 41 anos, quando ela chegou ao imóvel.


O disparo atingiu a mão de P.K.M.C.V., que, ao tentar fugir, acabou batendo seu carro em uma placa de sinalização. A médica conseguiu arrancar o veículo de ré, ao ver o homem saindo da casa de sua mãe e atirando pelo menos três vezes. Mesmo baleada, conseguiu dirigir até a esquina da Rua Paulo Afonso, onde gritou por socorro e recebeu ajuda de um morador. A Polícia Militar informou que a vítima foi levada pelo Corpo de Bombeiros ao pronto-socorro do Hospital João XXIII. Depois, foi transferida para um hospital particular.

A pedagoga, ainda assustada, contou o drama que passou nas mãos do bandido. Segundo ela, foi a segunda invasão à casa em 15 dias. A aposentada disse que o assaltante era um rapaz franzino, negro, que não aparentava mais que 18 anos. Usava roupas escuras, uma jaqueta marrom e um boné. “Ele queria saber onde estava o cofre. Mesmo eu afirmando que já não tinha um em casa, ele insistia. Falou diversas vezes ao celular com os comparsas. Deu o aviso de que a barra estava limpa e que era para eles irem para a minha casa. Acredito que esses assaltos foram cometidos com ajuda de alguém que conheça minha rotina”, disse.

No roubo anterior, criminosos levaram um Honda Fit novo, com apenas mil quilômetros, e um cofre. “Fiquei viúva recentemente e não tenho mais condição de permanecer nesta casa sozinha. Depois desses dois assaltos, não durmo mais aqui. A casa tem alarme, cerca elétrica, tranco as portas e mesmo assim não fico protegida. Mais uma vez fui vítima dessa violência desenfreada”, desabafou.

Ontem, o criminoso fugiu levando a carteira com R$ 370 e o celular do motorista E.T.O., de 48 anos, que presta serviço à família há 12 anos. Ele, que dorme em um quarto nos fundos do imóvel, foi o primeiro a ser rendido. Por volta das 3h30, o funcionário acordou com uma arma na cabeça. O ladrão queria entrar na casa, mas, como o funcionário não tinha as chaves, permaneceu refém até as 5h30, quando a moradora acordou.

O assaltante seguiu para a casa principal, levando o motorista. Lá, rendeu a moradora e a empregada. Cerca de 30 minutos depois, a oftalmologista chegou na casa. Ela buzinou, ligou no celular da mãe e do funcionário e só percebeu que algo estava errado quando viu o homem armado saindo do imóvel. Nesse momento, o motorista correu e começou a pedir socorro.

Policiamento é posto em xeque

O administrador de empresas V.D., de 32, confirmou o medo dos moradores do Santo Antônio quanto a roubos e arrombamentos. Segundo ele, recententemente criminosos tentaram enganar sua mãe para entrar no apartamento da família, na Rua Abre Campo. Meses antes, quando chegava em casa, foi rendido por dois homens em uma moto e perdeu carteira e celular. “Os bandidos ficam rondando e esperando para agir. Infelizmente, o patrulhamento da Polícia Militar não é eficiente”, afirmou.

Apesar das queixas, o assessor de comunicação do 22º BPM, capitão Jackson Ramos, informou que a invasão da casa na Rua Benjamim Flores foi um fato isolado e que o policiamento no Santo Antônio é intensificado em todos os turnos, principalmente na madrugada. O oficial também afirmou que as rondas são reforçadas por equipes do Tático Móvel e do Grupo Especializado do Patrulhamento de Moto. “As equipes percorrem as vias e abordam pessoas em atitude suspeita. Estamos em uma região próxima a vários corredores e a um grande aglomerado, que facilitam a fuga”, disse. Para o militar, esse tipo de crime é cometido por reincidentes, que, favorecidos pela fragilidade da lei, acabam retornando para as ruas e continuam roubando.

O capitão também falou sobre a incrementação da rede de vizinhos protegidos e lembrou que é extremamente importante a participação da comunidade nas reuniões, principalmente para que os moradores saibam como agir caso desconfiem de algo. “É essencial que nos avisem sobre algum desconhecido rondando os imóveis. Não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo, por isso contamos com a colaboração dos cidadãos”, disse o militar.


"Ouvi tiros e pensei o pior"

G.M.C, pedagoga aposentada e vítima de dois assaltos em 15 dias no Santo Antônio

O que a senhora sentiu sendo vítima de dois assaltos em tão pouco tempo?

É uma mistura de sentimentos. A gente fica triste, apavorada e com raiva. Hoje (ontem), enquanto o bandido insistia para saber onde estava o cofre, eu só ficava me perguntando o que eu ainda estava fazendo na casa. Meu marido se foi, meus filhos se casaram, não quero e não vou mais dormir aqui.

O bandido foi violento? Ele já chegou sabendo o que buscava?

Ele foi muito audacioso. Agiu sem medo. Sabia da minha rotina. Nem sei como conseguiu entrar na minha casa. O alarme só tocou de manhã. Queria o cofre, possivelmente acreditando que eu guardava joias e dinheiro em casa. Mas não sou de ficar acumulando coisas. O que eu tinha de valor, dei de presente. O restante foi roubado.

E quando a filha da senhora chegou, o que passou pela sua cabeça?

Nessa hora eu fiquei desesperada. Minha filha passou por problemas de saúde, enfrentou uma cirurgia e eu não queria que ela passasse por esse estresse. Pedi ao bandido para deixar ela ir embora, mas ele não me ouviu. Saiu, parece que já com a intenção de fazer mal a ela. Ouvi os tiros e entrei em pânico. Pensei no pior. Só depois me avisaram que ela havia tomado um tiro na mão. A gente, nesta altura da vida, ter que passar por isso é muito triste. As pessoas querem se dar bem à custa dos outros, e para elas vale qualquer coisa. Até matar.

 



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