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Estado de Minas

Assalto à cooperativa acende debate sobre falta de segurança dentro da PUC

Ladrões levam R$ 80 mil de cooperativa. Violência no entorno da instituição preocupa estudantes


postado em 21/08/2014 06:00 / atualizado em 21/08/2014 06:51

Sala da cooperativa dos servidores onde ocorreu o assalto: bandidos fizeram reféns durante a ação(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Sala da cooperativa dos servidores onde ocorreu o assalto: bandidos fizeram reféns durante a ação (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Um assalto à mão armada com reféns quebrou o clima de tranquilidade no câmpus da PUC Minas do Bairro Coração Eucarístico, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Às 8h41 dessa quarta-feira, dois homens armados invadiram a sala da Sociedade Beneficente de Economia e Crédito dos Servidores, localizada no prédio 8, renderam e amarraram o segurança e duas funcionárias e fugiram numa moto Titan preta, levando R$ 80 mil. A comunidade discente está assustada, pois teme que a violência que tanto a preocupa do lado de fora possa se instalar dentro da universidade.

“Não há controle de quem entra no câmpus e a violência de fora pode migrar para dentro da universidade. Assaltos à mão armada ocorrem a todo momento nas ruas próximas. Os ladrões mandam a pessoa descer e levam o carro. Já houve até de sequestro-relâmpago com alunos que deixavam a universidade”, relata a estudante de direito Luíza Gambogi, de 30 anos. Aluno do curso de história, Thiago Tadeu Mendes, de 29, tem a mesma preocupação. “Fiquei chocado com o assalto. Acredito que deve ser um caso isolado, mas me assusta perceber que há uma brecha para a violência se instalar aqui dentro. Medidas de segurança devem ser adotadas”, disse Thiago.

A cooperativa assaltada funciona desde 2003 em um espaço cedido pela PUC Minas. São 3 mil associados e nessa quarta-feira era dia de liberar empréstimos financeiros. Dois homens de boa aparência chegaram ao local, um deles usando camisa social rosa e o outro agasalho preto, e anunciaram o assalto. Eram discretos, falavam baixo e agiram acima de qualquer suspeita, sem alterar o ritmo da universidade.

A sala foi revirada e o cofre, esvaziado. Uma das mulheres disse em seu depoimento à polícia que os ladrões eram “conhecidos”, que provavelmente eles já estiveram no local antes, segundo ela. Não há câmara de vigilância nas imediações do local do crime e as imagens das 10 portarias da universidade vão ser analisadas pela polícia, com apoio das vítimas, para tentar identificar a dupla. Eles também vão olhar um cadastro fotográfico de funcionários e ex-funcionários da PUC-Minas.

VIOLÊNCIA EM SÉRIE Há dois anos, uma lanchonete que fica ao lado do prédio 8, onde houve o assalto, também foi invadida por dois homens armados. O escritório do estabelecimento fica na parte de trás e um funcionário atendeu o interfone, abrindo a porta para um suposto candidato a emprego. O dono da lanchonete conseguiu fechar a porta e começou a gritar. Os ladrões fugiram e um deles deixou a máscara na fuga. Há seis anos, outra lanchonete da PUC, que funcionava ao lado do prédio 14, próximo à reitoria, foi assaltada. Os ladrões levaram o dinheiro do bolso do dono.

Em novembro de 2005, os estudantes fizeram um protesto contra a violência dentro e nas imediações da universidade. Na época, segundo eles, havia furto e roubos de carro, celulares e sequestro-relâmpago. Em setembro do ano passado, os alunos se mobilizaram novamente contra os roubos de notebooks e celulares. A universidade, em parceria com a Polícia Militar, elaborou uma cartilha de segurança e a distribuiu na época.

Para PUC, assalto é caso isolado

O chefe de gabinete da reitoria da PUC Minas, professor Paulo Roberto de Sousa, nega que haja violência dentro do câmpus. Segundo ele, há apenas casos corriqueiros, como aluno que esquece a carteira na lanchonete e registra boletim de ocorrência, ou sumiço de calculadora. “Esse assalto é o primeiro fato isolado que acontece em muitas décadas. Mas o fato é grave e deve nos levar a reflexões. Vamos repensar o processo de segurança”, disse Sousa.

Por dia, são 30 mil pessoas circulando pela universidade, que tem 10 portarias e 25 câmeras de vigilância espalhadas. Devido ao grande volume de pessoas, fica difícil identificá-las nas portarias, de acordo com Sousa, e esse trabalho é feito apenas nos departamentos.

Quem mora ou trabalha nas imediações da PUC Minas está mais assustado ainda. “Temos muitos furtos e roubos de carro. Fico até preocupado em sair da minha casa de carro. Muitos estudantes estacionam seus veículos nas ruas próximas à universidade e isso atrai os ladrões”, disse o vizinho Vinícius Silva, de 22 anos.

Carlos Hebert de Souza, de 51, é dono de lanchonete no mesmo prédio onde há uma agência bancária, na Avenida Dom José Gaspar, bem em frente à portaria principal da universidade. Ele diz já ter presenciado duas saidinhas de banco. O último crime foi segunda-feira passada, segundo ele. “A vítima foi atacada por dois homens numa moto quando saía do banco com uma bolsa de dinheiro. No ano passado, eu estava dentro da lanchonete e só escutei o barulho do ladrão engatilhando a sua arma, na rampa de acesso ao banco. Depois, escutei o ladrão dizer: ‘Só quero a bolsa’, contou o comerciante.

POLICIAMENTO Os ladrões fugiram numa moto, comemorando o assalto, segundo o comerciante. “O maior índice de furto e roubo de carro acontece na Avenida 31 de Março, que contorna a PUC. Os ladrões atacam até durante o dia”, disse Carlos. O comandante da 9ª Companhia do Batalhão da PM, capitão Waldemiro Almeida, responsável pelo policiamento na região, não foi encontrado ontem e a informação foi que somente hoje ele poderia comentar sobre o assunto. (PF)


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