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Estado de Minas

Agente dopou colegas e teve ajuda do irmão no roubo de 45 armas da Central de Escoltas

Polícia Civil apresentou quatro envolvidos no crime, um agente penitenciário e o irmão dele são apontados como executores. Eles levaram as armas em um carro


postado em 23/04/2014 13:38 / atualizado em 23/04/2014 17:18

Da esquerda para a direita estão os presos: Marcos, Wanderley, Arthur e Washington(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Da esquerda para a direita estão os presos: Marcos, Wanderley, Arthur e Washington (foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)

O agente penitenciário que tramou o roubo de armas 45 da Central Integrada de Escoltas, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dopou os colegas de trabalho com um tranquilizante (clonazepam) e contou com a ajuda do irmão para executar o crime. O servidor está preso, assim como outros três envolvidos no roubo. Na manhã desta quarta-feira, a Divisão de Operações Especiais (Deoesp) deu detalhes do caso, informando a função de cada envolvido e do planejamento da ação.

De acordo com a polícia, o articulador do roubo é o agente Marcos Antônio Rodrigues Oliveira, 38 anos, que trabalha na Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) há 11 anos – quatro como contratado e sete como concursado. Três dias antes do roubo, ele chamou o irmão Arthur Rodrigues Oliveira Nogueira, 23 anos, para participar do crime e posteriormente lucrar com a venda das armas. De acordo com cálculos da polícia, se tivessem conseguido ir até o fim com a comercialização do arsenal roubado poderiam levantar até R$ 248 mil. No entanto, todo o plano acabou frustrado.

Arthur aceitou participar do roubo. No dia 23 de março, um domingo, Marcos levou para o plantão da Central de Escoltas uma salada de frutas, que preparou para os colegas logo depois do almoço. Ele deu a comida a todos, sem usar tranquilizantes. No jantar, Marcos repetiu a gentileza e preparou novamente a salada para os agentes do plantão. Segundo a polícia, tudo indica que Marcos dissolveu o medicamento, colocou no lanche o e nos copos com suco de limão que os colegas beberam.

A polícia tem um laudo pericial que comprova a presença do remédio nos copos, pois conseguiu recolher vestígios no local do crime. O “batismo” da salada de frutas ainda é uma hipótese, que pode ser comprovada em breve com o resultado de outro laudo pericial dos exames de urina e sangue dos profissionais dopados. Marcos tentou eliminar as provas na Central, jogando fora todos os recipientes com salada de frutas, mas os copos não fugiram à análise da perícia.

Momento do roubo

Por volta de 21h, os oito agentes começaram a passar mal devido ao efeito do tranquilizante. A princípio, a polícia descarta a participação desses outros servidores no crime, mas ainda aguarda laudo que definirá quais substâncias cada um ingeriu e a quantidade.

Uma turma de três agentes plantão precisou sair para uma diligência: o transporte de um preso para uma delegacia em Ribeirão das Neves, onde o albergado assinaria um documento. Eles passaram mal no caminho e precisaram até trocar o motorista da viatura. Quando retornaram para a Central de Escoltas, por volta de 22h, não demoraram para ficar desacordados.

Quando os colegas estavam sonolentos, Marcos ligou para o Arthur e falou a senha previamente combinada - “tudo bem com a mãe”. Essa era a frase chave para Arthur iniciar a participação no crime. Ele saiu de casa, no Bairro Veneza, com o Fiat Palio do irmão e foi até a Central. Mais cedo, durante a tarde, Arthur foi de moto ao estacionamento da Central para pegar o carro do irmão. Ele deixou a moto no pátio e levou o veículo, conforme o plano para o roubo mais tarde.

Enquanto a turma dormia, Arthur e Marcos recolheram as armas no depósito. Eles fizeram dez viagens até o veículo carregando as submetralhadoras e pistolas. Logo depois, Arthur seguiu com o arsenal para o Bairro Veneza, onde distribuiu tudo em dois endereços - 10 pistolas no terreno da família onde também moram a mãe e a esposa de Marcos e o restante na casa do pedreiro Sandro Bispo dos Santos, 35 anos. Ele ainda é procurado pela polícia, porque não foi encontrado durante a operação da última segunda-feira, que culminou com a apreensão de 39 armas roubadas.

Na manhã do dia 24, quando o crime foi descoberto, Marcos estava com os colegas na Central. Também foi recolhida urina dele para exames, em que a polícia vai entender se ele comeu e bebeu o mesmo medicamento dos colegas para disfarçar o crime.

Operação

Na ação policial, ainda foi apreendida uma pistola que estava na casa de Wanderley Metzker, 45 anos. Conforme o Deoesp, o homem comprou a arma por R$ 4,5 mil. Também foi preso Washington Luiz Soares, 48 anos, identificado pela polícia com intermediador da venda de armas. Ele seria o responsável por articular a comercialização do material roubado pelo agente penitenciário.

No fim da operação, a polícia recuperou 33 pistolas calibre .40, seis submetralhadoras .40, 97 carregadores, 1.508 munições e o Palio usado no roubo. Uma pistola também foi apreendida pela PM no último sábado em uma ocorrência no Bairro Veneza, somando assim 40 armas recuperadas das 45 roubadas.

Laudos


A Polícia Civil informou que trabalha nesta investigação com quatro tipos de provas técnicas - um exame feito com materiais recolhidos pela perícia no local do crime (ainda não concluído), laudo de material encontrado no suco (já está concluído), laudo de exames de urina e sangue dos agentes (ainda não concluído) e o resultado de perícia nas armas (ainda não concluído).

Todos agentes penitenciários que estavam na Central no dia do roubo estão afastados por 30 dias e a Seds agora vai avaliar com a Corregedoria se eles já podem voltar ao trabalho. Marcos está preso em São Joaquim de Bicas. Arthur, Wanderley e Washington estão detidos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.

Marcos Antônio Rodrigues Oliveira, 38 anos, passou mal durante apresentação da polícia e precisou ser carregado(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Marcos Antônio Rodrigues Oliveira, 38 anos, passou mal durante apresentação da polícia e precisou ser carregado (foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)


Relembre

Entre a noite do dia 23 e madrugada do dia 24 bandidos invadiram o prédio do sistema prisional de Minas Gerais, perto do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Nove agentes penitenciários que faziam a segurança do local foram encontrados dopados. As forças de segurança montaram uma megaoperação para prender o grupo. A Polícia Militar registrou ocorrência e a Polícia Civil foi até o local inspecionar os alimentos ingeridos. A Central de Escoltas é um espaço onde fica uma equipe especial de agentes penitenciários responsáveis por escoltar presos, agilizando transferências e encaminhando-os até delegacias, hospitais e fóruns. No dia, o então governador Antonio Anastasia determinou prioridade na captura e recuperação do armamento. Ele classificou o caso como “inusitado e bizarro” e já suspeitava da participação de funcionários do local.


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