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Estado de Minas

Ferros resgata acervo escultórico dos Passos da Paixão de Cristo, atribuído a Aleijadinho

Dez imagens de madeira policromada que retratam as cenas do martírio de Jesus começarão a ser restauradas nos próximos dias


postado em 23/01/2014 06:00 / atualizado em 23/01/2014 07:32

Imagens sacras foram doadas à cidade pelo Colégio do Caraça (foto: Prefeitura de ferros/Divulgação)
Imagens sacras foram doadas à cidade pelo Colégio do Caraça (foto: Prefeitura de ferros/Divulgação)

Até dezembro, o município de Ferros, de 14 mil habitantes, no Vale do Rio Doce, na Região Central de Minas Gerais, terá de volta um importante bem cultural: o acervo escultórico dos Passos da Paixão de Cristo, com obras atribuídas a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. São 10 imagens de madeira policromada que retratam as cenas do martírio de Jesus e que começarão a ser restauradas nos próximos dias. Para assegurar a recuperação de sete imagens, foram obtidos R$ 88 mil do Fundo Estadual de Cultural (FEC), com R$ 22,2 mil investidos pela prefeitura. Em 2013, R$ 65 mil foram liberados pelo FEC para restaurar outras três imagens peças, com R$ 18.250 em contrapartida obrigatória do município.

A engenheira arquiteta do município – emancipado em 23 de setembro de 1884 –, Rita Leite, explica a importância da medida. “Essas imagens foram doadas à paróquia de Ferros pelo Colégio do Caraça em meados do século passado, trazidas para a cidade em lombo de burro. Estão em péssimo estado de conservação, embora sejam tombadas pelo patrimônio artístico e cultural do município. A sua restauração significa devolver à cidade e a Minas Gerais uma importante página da história”, ressalta Rita Leite.

A restauração das imagens será feita pela empresa Memória Arquitetura Ltda., vencedora da licitação, com os trabalhos devendo ser concluídos até dezembro, de acordo com o contrato. Na década de 1990, as peças do acervo sacro já haviam passado por intervenção de técnicos do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), que fizeram a desinfestação de cupins. A prefeitura, por determinação do prefeito Carlos Castilho Lage, elabora um projeto para instalar o acervo no seu local de origem, a nave da Igreja Matriz de Santana, sem causar contraste com o estilo moderno do templo.

Século 18 A 170 quilômetros da capital, Ferros, que este ano completa 130 anos de emancipação política, era caminho de tropas, quando teve, no século 18, erguida sua antiga matriz consagrada à padroeira, Nossa Senhora Santana, em estilo barroco. Em 1959, quando assumiu a paróquia, o padre José Casimiro da Silva ficou alarmado com a má conservação da matriz. Como a reforma seria uma obra de execução difícil, ele propôs a demolição do templo e a construção de um moderno, de linhas avançadas e com a nave maior. Grande parte da obra foi executada com doações e mão de obra voluntária.

A proposta foi encaminhada a dom Oscar de Oliveira, então arcebispo de Mariana, à qual a paróquia de Santana pertencia. O bispo sugeriu ao vigário que consultasse os paroquianos a respeito, por meio de um plebiscito, o que foi feito em 1961. Foram 3.550 votos a favor de uma nova matriz e 68 contra. As obras duraram 10 anos, entre 1962 e 1972. As imagens sacras que a velha igreja abrigava foram guardadas num cômodo nos fundos do novo templo, onde estão desde então. Na nave da atual matriz, não há imagens, apenas o altar-mor tendo ao fundo o painel A árvore da vida, da artista plástica Yara Tupynambá, que, entre outras figuras, retrata Adão nu e Eva seminua, o que gerou à época uma grande polêmica em torno da obra, virando notícia mundial.


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