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Estado de Minas

Negligência durante troca de prefeitos dá asas ao mosquito da dengue

Desmanche das equipes de saúde em municípios que tiveram mudança de prefeito e acúmulo de lixo nas ruas favorecem proliferação do transmissor da doença. número de casos dispara e leva estado a prever o pior janeiro dos últimos anos


postado em 19/01/2013 06:00 / atualizado em 19/01/2013 07:16

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Minas já se prepara para enfrentar o pior verão dos últimos anos no que diz respeito à dengue. O número de casos no estado deve ultrapassar a marca de 10 mil ainda este mês, segundo estimativa do próprio secretário de Estado da Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques. Ele considera a transição de prefeitos um dos principais motivos do aumento expressivo da doença em território mineiro. Segundo o secretário, em muitos municípios houve quebra na continuidade do trabalho de vigilância de saúde. Aliados a outros fatores – como o reaparecimento do sorotipo Den-4 do vírus, a estação quente e as chuvas de verão –, os índices da doença, que na metade do mês já superam os registros de todo o primeiro mês de 2012 (5.803), põem autoridades sanitárias em estado de alerta.


Além do desmonte de equipes de saúde, a falta de coleta de lixo foi um dos fatores que mais contribuíram para o aumento dos casos de dengue. “Infelizmente alguns prefeitos, em função da responsabilidade fiscal ou até negligência mesmo, tiveram descuido com suas equipes de saúde. Muitos municípios sequer mantiveram seus contratos de coleta de resíduos. Eu estive pessoalmente no Vale do Aço e a situação lá é impressionante. Passadas duas ou três semanas de início de gestão ainda são vistas toneladas de lixo nas ruas”, afirma. “É preciso, sim, haver uma consciência da responsabilidade fiscal, mas não à custa da responsabilidade sanitária”, completa.

O secretário afirma ainda que um esforço intersetorial está sendo feito pelo governo do estado para auxiliar na coleta do lixo, que é de responsabilidade municipal. “Vamos pedir a ajuda dos órgãos do governo que têm máquinas e caminhões, para que possam disponibilizar para os municípios mais críticos o apoio operacional. Nesse caso da coleta de resíduos o estado não tem estrutura operacional, mas o governo vai se somar aos esforços municipais para coletar o lixo das ruas. Esse é um esforço fundamental e simplista, mas é determinante no combate à proliferação da doença”, afirmou.

Até o dia 17, o estado registrou 6.525 casos de dengue e nenhuma morte. Se as previsões se confirmarem, este será o janeiro com maior número de casos desde 2010, quando foram confirmados 19.123 pessoas infectadas.

Explosão e sujeira

De acordo com o último balanço da secretaria, o Vale do Aço e o Triângulo Mineiro são as regiões com maior ocorrência da doença. Oito cidades já decretaram estado de emergência, entre elas Ipatinga. Timóteo é uma das que tiveram mais casos confirmados. O estado conta 765 diagnósticos na cidade, mas a assessoria de imprensa da prefeitura informa que tem 3.149 suspeitas da doença só neste ano. A nova gestão municipal contabiliza o recolhimento de mais de 1,6 mil toneladas de lixo e entulho das ruas.

Além do aumento de casos, os dados do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) também apontam elevações significativas de focos do mosquito em cidades mineiras. Juiz de Fora é o destaque negativo, com índice sete vezes acima do tolerável, que é de 1%. Segundo o secretário Antônio Jorge de Souza Marques, cerca de 80% dos focos identificados estão localizados dentro de residências, o que faz reforçar o apelo à sociedade para pôr em prática as ações de prevenção à dengue. “É importante que, principalmente, os moradores se conscientizem. Existe um hiato entre conhecimento e ação, as pessoas sabem (sobre as medidas de prevenção), mas não executam.”

Um outro complicador é o reaparecimento do sorotipo Den-4 do vírus, que há 30 anos não era identificado no estado. Isso significa que boa parte da população não detém memória imunológica contra ele, tornando-a mais vulnerável.

Entre as medidas que a SES está implantando está o teste rápido que permite a detecção de casos de dengue. O novo procedimento pode reduzir o tempo de análise de amostras de sangue de três dias para até 20 minutos e está sendo desenvolvido pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas). O teste está sendo levado para as regiões que têm o maior número de casos.
 


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