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Estado de Minas

Igreja é entregue depois de 20 anos de reforma em Ouro Preto

Após reforma de 20 anos que restaurou policromia do século 18, igreja com altar desenhado por Aleijadinho é entregue à comunidade de Ouro Preto em celebração solene com orquestra e coral


postado em 03/12/2012 00:12 / atualizado em 03/12/2012 07:15

Flávia Ayer

(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press. Brasil)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press. Brasil)
 

 

Ouro Preto – Ela estava em pé de miséria, como dizem os próprios fiéis, passou 20 anos fechada, tomada por traças e cupins, e ontem finalmente virou a página dessa história de degradação e descaso. Depois de cinco anos de restauração, a Capela ou Igreja de São José foi reaberta e retomou seu lugar de destaque no patrimônio artístico, cultural e religioso de Ouro Preto. Situada no Centro Histórico, em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a capela foi devolvida à comunidade mostrando sua principal vocação: a música.

Apesar de ser chamado de São José, o templo tem oficialmente o nome de Capela de São José dos Pardos e Bem Casados e Santa Cecília dos Músicos. Lá no alto da igreja, durante a missa de ação de graças, a Orquestra e Coral Francisco Gomes da Rocha, regida pelo maestro Márcio Miranda Fontes, entoou no templo canções que misturam arte e fé. Além da reabertura, o templo recebeu doação memorável da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Parte do acervo do pesquisador Kurt Lange, o livro de despesas e receitas da igreja entre 1817 e 1832 foi entregue ao templo pelo reitor Clélio Campolina.

Construída em meados do século 18, a capela teve seu altar-mor desenhado por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que era irmão da Confraria de São José dos Bem Casados. O arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, esteve à frente da celebração. Antes de ungir o templo com água benta, ele ressaltou a alegria daquele momento. “Bendito seja Deus! Ela esteve fechada por 20 anos e, agora, restaurada com toda abeleza, a igreja é reaberta para celebrarmos os mistérios da fé e vivermos momentos de graça”, afirmou.

Integrante do coral, Efigênia de Paula, de 81 anos, nascida e criada na antiga capital de Minas, espera reviver os tempos áureos da igreja. “Aqui tinha missa todo domingo às 9h, na festa de São José a banda de música tocava no adro. Por muitos anos ficamos aborrecidos de ver a casa de Deus abandonada. Mas agora estamos satisfeitos. Espero que volte a rezar aqui as novenas de São José”, disse.


RESTAURAÇÃO O prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, explicou que os trabalhos de recuperação foram feitos por restauradores do município e revelou policromia do século 18 em estilo rococó que estava coberta por camada de tinta recebida durante reforma em 1880. “A capela está no Centro, em posição privilegiada, dominando o Bairro Ouro Preto, pode ser avistada de vários pontos da cidade”, ressaltou.

Além da recuperação externa e interna do templo, o local passou por obras para estabilidade do terreno, situado em área de instabilidade geológica. Mais de oito toneladas de terra foram retiradas dos arredores e a escadaria da capela recebeu um inclinômetro. Trata-se de um tubo de 70 metros de profundidade, por meio do qual se pode medir a inclinação do terreno ao longo dos anos.

A restauração custou R$ 1,4 milhão, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Do total, US$ 120 mil foram doados pelo World Monuments Fund (WMF), entidade que apoia projetos de restauração de monumentos mundiais. A obra teve a gestão do Museu de Arte Sacra de Ouro Preto, entidade da Paróquia do Pilar, à qual pertence a igreja, com apoio da prefeitura, Ministério da Cultura e Iphan.

SAIBA MAIS

TÍTULO IMPERIAL


Em 1889, dom Pedro II concedeu o título de imperial capela ao templo de São José dos Pardos e Bem Casados e Santa Cecília dos Músicos. O cemitério aos fundos é do século 19 e remete à proibição oficial de sepultamentos no interior das igrejas, que remonta a 1810. No cemitério, está o mausoléu do escritor Bernardo Guimarães, autor de A escrava Isaura. As imagens sacras da igreja combinam invocações femininas e masculinas, como Santa Bárbara, Santa Cecília dos Músicos, Nossa Senhora da Expedição, São Brás, São Bento e São José dos Bem Casados.

UMBRELA NO ALTAR DE BASÍLICA

O fim de semana foi de festa para os fiéis da paróquia Nossa Senhora do Pilar. Ontem, a Matriz do Pilar, que em agosto comemorou 300 anos, recebeu oficialmente o título de basílica pelo papa Bento XVI. A celebração ocorreu na noite de sábado, comandada pelo arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha com uma série de ritos. O altar e as paredes do altar foram ungidos. Incensos perfumaram o templo e, para concluir o rito da dedicação à basílica, a matriz foi toda iluminada por luzes e velas. Além disso, a umbrela, espécie de sombrinha, foi colocada próximo ao altar simbolizando o título recebido. Com a Matriz do Pilar, Minas passa a ter 11 basílicas.


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