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Estado de Minas

Problemas na caixa-preta de avião podem dificultar investigação de acidente em MG

Equipamento da aeronave que caiu em Juiz de Fora no sábado ficou danificado e exige reparos, segundo a Aeronáutica. Interpretação de dados pode ser prejudicada


postado em 01/08/2012 07:15 / atualizado em 01/08/2012 07:32

A caixa-preta do bimotor que explodiu em Juiz de Fora, no sábado, está muito danificada, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa). O equipamento começou a ser analisado ontem no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo, em Brasília, o único desse tipo na América Latina. De acordo com a Aeronáutica, o estado em que a caixa-preta foi achada prejudica a interpretação das informações e, por isso, ela precisará ser remontada e recuperada. No entanto, os técnicos do Cenipa já garantiram que será possível ler o conteúdo armazenado.

O equipamento, que na verdade é laranja, guarda dados preciosos, como o áudio entre a tripulação e controladores de voo, parâmetros da aeronave, altitude, aceleração, posição do trem de pouso e controle de tráfego aéreo. As informações ficam armazenadas em placas semelhantes às de computadores, com arquivos de gravadores de voz, que normalmente registram as conversas das duas últimas horas de voo, e de dados. Como em um simulador, essas informações aparecem sincronizadas e possibilitam a reconstituição dos últimos momentos da aeronave acidentada.

Com a aquisição de aparelhos modernos neste ano, o Cenipa agora consegue analisar o conteúdo de caixas-pretas carbonizadas ou submersas. No caso de explosões, é possível recuperar o material até a temperatura limite de 1.100°C por uma hora ou 260°C durante 10 horas. Não há prazo para o fim das investigações, cujo objetivo é a prevenção de acidentes aéreos. O laboratório brasileiro decodificou 59 caixas-pretas até abril. Há outros dois como ele, no Canadá e nos Estados Unidos.

Segundo o gerente do Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora, o piloto Jair Barbosa, de 62 anos, e o copiloto Rodrigo optaram pelo procedimento de pouso RNav ou GPS, que inclui o sobrevoo do aeroporto e apresenta pontos de GPS em coordenadas, nos quais a tripulação precisa avisar a posição aos operadores da sala-rádio. “Ele avisou onde estava em dois pontos, como determinava a carta de voo. Como fez passagens pelo aeroporto, pode ter dado a impressão de que tentava pousar, mas fez um único procedimento”, disse o gerente Magno Cipriano.

Esse seria o procedimento com maior precisão, com margem de erro de um metro no máximo, de acordo com o piloto Luiz Fernando de Souza, que também é gerente de segurança operacional de uma empresa de táxi aéreo de Belo Horizonte. As outras duas opções – por localizador ou NDB – são igualmente seguras, mas dependem de ondas de rádio, a partir da sintonização da frequência com controladores de voo. No primeiro caso, indicaria o alinhamento da aeronave com a pista; no segundo, a posição do auxílio rádio em terra, como se fosse um “rádio farol”.

Segundo Souza, porém, a baixa visibilidade por causa do teto inferior ao mínimo estipulado para segurança o impediria de ver a pista do aeroporto. “Qualquer possibilidade de avistar a pista teria garantido um pouso seguro. Aquela aeronave é equipada com alarme de proximidade do solo. Nesse caso, era potência máxima e nariz para cima”, avalia.

BAQUE NA VELOCIDADE


Ele calcula que o bimotor King Air B200 estava voando à velocidade aproximada de 100 a 110 nós, cerca de 190 quilômetros por hora. Ao bater uma das asas no quiosque, a aeronave teria reduzido velocidade. “Há um procedimento técnico e a aeronave cai se voar com velocidade inferior a 85, 90 nós, porque a pressão na asa não é suficiente para sustentá-la no ar. Como ela ainda atingiu a rede elétrica e árvores, é possível que tenha tido um baque na velocidade, o que provocou a queda em até 10 segundos”, explicou o especialista.

Ontem, os dois motores do avião foram retirados do local bastante avariados e serão periciados por uma equipe da Aeronáutica no Rio. O aeroporto também cedeu o plano de voo e os mapas com condições climáticas para auxiliar na investigação. Na Polícia Civil, cinco depoimentos estão marcados para os dias 3 e 7. No primeiro dia serão ouvidas testemunhas da Pousada Aconchego de Minas, em cujo quiosque o avião bateu. No segundo será a vez dos funcionários do aeroporto. A polícia também encaminhou ofício para identificar o controlador que atendeu ao chamado do bimotor.

ENQUANTO ISSO... ...LOCAL DE ACIDENTE É ALVO DE SAQUES

Pessoas não autorizadas entraram na área em que ocorreu a queda da aeronave que transportava funcionários da Vilma Alimentos, em uma chácara próxima ao Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora. Além de descaracterizarem a cena do acidente, elas levaram destroços do avião, aproveitando a falta de policiamento. Num vídeo feito por um morador vizinho ao local aparecem três homens levando o que restou de um trem de pouso e outro carregando uma peça que não foi possível identificar. A análise de todos os destroços é fundamental para que os peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa) identifiquem as causas do acidente. Ontem, a Polícia Militar negou que não tivesse vigilância na área e não informou se os homens que aparecem saqueando os destroços foram identificados. Nenhuma autoridade envolvida nas investigações quis comentar a invasão do local e os prováveis problemas que isso possa trazer aos trabalhos da perícia.


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